Quatro co-réus ouvidos ontem pelo tribunal que julga o desfalque de 170 milhões de meticais no Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA) confirmaram ter recebido dinheiro sob pretexto de criação de gado, mesmo sem nunca terem submetido algum projecto nesse sentido.
Laureta Filimone, por exemplo, disse ao tribunal ter recebido mais de quatro milhões e setecentos mil meticais alegadamente para implementar um projecto de criação de gado. Porém, segundo ela, por instruções da co-ré Leopoldina Bambo, transferiu um milhão e quinhentos mil para a conta de Gerson Manganhe, irmão de Milda Cossa. Acto contínuo, levantou a parte restante em três tranches de quinhentos mil meticais cada, usando cheques avulsos, tendo entregue o numerário à sua amiga Leopoldina. Por fim e por via de um outro cheque avulso, levantou 235 mil que voltou a entregar a Leopoldina, tendo ficado com 239 mil que usou em proveito próprio.
Por sua vez, Daniel Nhabete contou que recebeu dez milhões e duzentos mil meticais na sua conta sem ter submetido nenhum projecto. Por ordens do co-réu Humberto Cossa, primo de Setina Titosse, segundo ele, transferiu quatro milhões e setecentos mil meticais para a conta de Milda Cossa, esposa de Humberto Cossa. Para a conta do próprio Humberto, disse ter transferido cinco milhões, tendo passado um cheque avulso de um milhão que entregou em mão a Milda Cossa. Segundo ele, não ficou com nada.
José Mazibuco confirmou ter recebido mais de quatro milhões e novecentos mil meticais, dos quais transferiu, por ordens do co-réu e amigo Vicente Matine, três milhões e seiscentos mil meticais para a conta de Gerson Manganhe, irmão de Milda Cossa, tendo levantado a outra parte e entregue em mão a Vicente Matine.
Acredita ter ficado com apenas dez mil meticais que usou na compra de chapas de zinco. Já a ré Julieta Titosse, irmã de Setina Titosse, disse ter recebido um cheque de três milhões e oitocentos mil meticais que serviriam para ajudar a sua prima Lerena Massingue a criar gado. Com uma parte comprou parcela e outra está bloqueada por ordens do tribunal.
Mishel Tarya, ex-esposo da Setina Titosse, disse ter recebido com surpresa, da sua antiga parceria uma viatura, Mazda modelo BT50, avaliada em um milhão e trezentos e sessenta mil meticais. Disse que tal oferta aconteceu apenas em três semanas de namoro, tendo circulado nela de Maio de 2014 a Fevereiro de 2016, quando vendeu por 26 mil dólares, numa altura em que já se encontrava separado da ex-PCA. Mesmo nesta condição, segundo ele, Setina Titosse disse para ficar com a viatura porque era um presente.
Kenyton Simba, proprietário da empresa Simba Services, confirmou ter transferido mais de onze milhões e quatrocentos mil meticais para conta de uma empresa que lhe foi fornecida por um quadro do FDA e outro montante de dois milhões e oitocentos mil meticais para uma outra pessoa de que não se recorda.
Por fim, Celeste Ismael, técnica de monitoria e avaliação do FDA, negou ter emitido quatro pareceres falsos para a atribuição de crédito a indivíduos que não tinham apresentado projectos para o efeito.
Fonte: Jornal Notícias – 20.09.2017
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