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sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Clivagens partidárias é um dos factores da abstenção eleitoral no país

Estudo do IESE revela que as dificuldades de acesso aos serviços básicos e aos recursos alimentam o sentimento de exclusão
Estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) aponta para clivagens político-partidárias como um dos factores que contribui para os elevados níveis de abstenção eleitoral no país.
Da autoria dos pesquisadores e académicos Salvador Forquilha e Luís de Brito, os estudos, divulgados em forma de relatórios e que têm como títulos “Beira - clivagens partidárias” e “Abstenção eleitoral”, “analisam as dinâmicas da abstenção eleitoral na Beira partindo de dois factores importantes” nomeadamente “as clivagens político-partidárias e as percepções que os eleitores têm no tocante às relações com o Estado (autoridades municipais/distritais), cristalizadas no acesso aos serviços básicos e aos recursos, particularmente o fundo para a redução da pobreza urbana”.
De acordo com uma síntese, contida num comunicado de imprensa enviado a nossa redacção, a conclusão é de que “as clivagens político-partidárias, cristalizadas em conflitos entre os principais partidos políticos, nomeadamente a Frelimo, a Renamo e o MDM, e as dificuldades de acesso aos serviços básicos e aos recursos constituem factores importantes que afectam o comparecimento dos eleitores às urnas”.
Os relatórios sustentam salientando que “por um lado, as clivagens político-partidárias influenciam as operações eleitorais, particularmente os processos de recenseamento e votação, e, por outro lado, as dificuldades de acesso aos serviços básicos e aos recursos alimentam o sentimento de exclusão, que informa a atitude dos eleitores em relação à política e ao voto”.
O perfil do abstencionista
Neste relatório é apresentado o perfil dos abstencionistas e o autor conclui que em termos demográficos a abstenção diz respeito, particularmente, às mulheres e afecta principalmente os cidadãos mais jovens. Do ponto de vista sociológico, quem mais se abstém são os cidadãos menos educados e que se situam, em termos ocupacionais, nas margens da economia formal, com destaque para os trabalhadores do sector informal e desempregados, seguidos dos camponeses e agricultores. Em consonância com estes factores, observou-se que quanto piores são as condições de vida das famílias, maior é a tendência para a abstenção.

Fonte: O País – 24.02.2017

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