É que Mercedez Benz
usado nesse período me parece muito periférico para discutir. A única coisa
relevante é que André Matsangaissa que era chefe ainda militar, ter Mercedez
Benz era ser burguês; que também nessa altura qualquer suspeita de aquisição de
bens alheios ou enriquecimento ilícito, era sujeito à investigação e até lhe
enviarem a um campo de reeducação.
Quanto à aquisicão
de carros, houve gente que teve oportunidade de receber até à borla de
portugueses que deixaram o país. Victor Terra, o meu professor na escola
secundária de Nacala, teve o único carro da sua vida nessa altura. O meu
falecido tio, o Ruas, também teve o único carro da sua vida. Lá em Mazua onde
nasci, o José foi deixado uma carrinha pelo seu patrão Jácome. E conheço muitos que tiveram essa oportunidade.
Porque ainda não
tenho certeza absoluta não estou a dizer que André Matsangaisse não tenha
roubado o tal carro como nos induziram. Contudo, isso de roubo ou não não faz
elevar ou descer do espaço que Matsangaissa ganhou.
Uma coisa que
devia-se saber, é que os centros de reeducação forjaram a contra-revolução,
contrariando os objectivos e isso pode ser o que aconteceu com André
Matsangaissa. As minhas reflexões vão ao tempo que vivi no Itoculo e onde tive
contactos com reeducandos do Centro de Itoculo, incluindo quem havia sido meu
professor de desenho em Nacala. Sempre que falei com ele, via-se num revoltoso.
Conheci, outros que eram professores, um grupo de 12 trazido da RDA (República
Democrática de Alemanha) directamente ao centro, alunos do Instituto Pedagógico
Industrial de Nampula. Posso dar muitos exemplos de então reeducandos que
conheci e se tornaram meus amigos.
Vejam que a outra
vaga de "contra-revolucionários" foi forjada pela Operação Produção.
a frelimo ao longo de todos estes anos foi dando "tiros no proprio pe" e agora estao em corrida titanica para reparar o mal ja feito. O que me entristesse e de chegar a conclusao de que tudo foi feito em plena coconsciencia.
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