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quarta-feira, outubro 05, 2016

RECEITA PARA A DEMOCRACIA DO MEDO

Por Carlos Nuno Castel-Branco

Primeiro, conduzir a maior parte da população ao desespero, desesperança, ruína.
Segundo, publicitar que isto é feito por não haver alternativas, sendo o único caminho respeitável, responsável e caridoso, no interesse desse povo.
Terceiro, esconder as causas da situação atrás de um partido, indivíduo ou evento, que nada tem que ver com os donos da única alternativa.
Quarto, disseminar que qualquer outra alternativa não existe - a do partido concorrente não existe porque o partido concorrente é pior; outras alternativas não existem porque não são de nenhum dos partidos concorrentes respeitáveis e sensatos (o pior e o dos donos das alternativas).
Quinto, divulgar que o partido concorrente não vai ganhar e para formarem governo têm que se aliar ao diabo - o diabo é tudo o que é diferente - assim apelando a que se fuja de outras (as reais) alternativas como o diabo da cruz.
Sexto, desinteressar as pessoas de votarem, isto é, desinteressa-las de exercerem a única forma de participação política pública que têm no sistema representativo, pois não há alternativa.
Sétimo, garantir que com toda esta confusão seja sempre eleito o representante do capital, seja qual for o nome do seu partido.
PS1: o bolo pode ser embelezado com outras particularidades históricas.
PS2: são sempre necessários dois para este sistema funcionar - para se acreditar que alternativas e alternância são a mesma coisa, para se desacreditar um em relação ao outro e para ignorar tudo o resto.
PS3: quem quiser engolir este bolo o problema é dele e o cozinheiro nada tem que ver com isso.


Fonte: Mural do autor – 05.10.2016

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