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sábado, julho 09, 2016

Moody’s corta rating de Moçambique para novo nível de lixo

A classificação da dívida soberana de longo prazo de Moçambique foi reduzida em dois níveis, pela agência de notação financeira Moody’s, que justifica a decisão com a probabilidade de o governo não conseguir proceder a reembolsos. O outlook é negativo, o que significa que o rating pode descer mais. A Moody’s voltou a cortar o rating de Moçambique, desta vez do sétimo para o nono nível do chamado "lixo" [já que recai na categoria de investimento especulativo], isto é, de Caa1 para Caa3.
Nesta categoria, a agência considera que existe um elevado risco de incumprimento, já que a capacidade de pagamento depende de condições favoráveis e sustentáveis.A reflectir a sua decisão está a probabilidade de o governo moçambicano não conseguir pagar as suas dívidas nas datas de vencimento, refere a agência no relatório divulgado esta sexta-feira à noite. "As negociações quanto à reestruturação da dívida soberana indicam que há menos probabilidades de o governo honrar as suas obrigações de reembolso", sublinha a Moody’s.

De acordo com o relatório, "é provável que a reestruturação resulte numa perda para os credores e no incumprimento para o governo relativamente ao seu compromisso de garante da dívida".A Moody’s prevê também que algumas ajudas financeiras a Moçambique, que foram suspensas por doadores após o escândalo das dívidas escondidas, não sejam retomadas num futuro próximo, o que contribui para deteriorar este panorama.Além do corte da classificação soberana, a agência de notação financeira considera "negativa" a perspectiva para o rating do país.
O "outlook" passa assim de "watch negative" [sob vigilância, com implicações negativas], confirmando-se o pendor negativo.Quer isto dizer que se mantém a possibilidade de a Moody’s voltar a descer a notação de Moçambique. A diferença está no período temporal. Quando estava em "watch negative", havia a possibilidade de ser tomada uma decisão no espaço de três meses, e estando em "negative" essa decisão pode ser tomada até seis meses.
Este "outlook", salienta a Moody's no seu relatório, reflecte os riscos de uma crescente litigância, que poderá acabar por levar a que o governo incumpra não só em matéria de garantias da dívida mas também noutras classes de dívida.
Também a Fitch e a S&P têm estado atentas – e a decidirem cortes de rating, bem como a colocarem perspectivas negativas – no que respeita à dívida soberana de Moçambique, depois de o governo ter reconhecido no final de Abril a existência de dívida fora das contas públicas, no valor de 1,4 mil milhões de dólares (1,25 mil milhões de euros), justificando com razões de segurança e infra-estruturas estratégicas do país, o que levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a suspender a segunda parcela de um empréstimo a Moçambique e a deslocação de uma missão a Maputo.
Por estas dívidas escondidas, Maputo pediu mesmo desculpa ao país pelo facto de o governo não ter divulgado as chamadas dívidas escondidas contraídas entre 2013 e 2014. Entretanto, um grupo de doadores para o orçamento do país suspendeu também a sua ajuda. Os "outlooks"O "outlook" pode ser positivo, negativo, estável ou em evolução. No primeiro caso, a agência está a indicar que o rating poderá subir. Se, pelo contrário, for negativo, significa que a notação poderá descer.
Uma perspectiva estável revela que há fortes probabilidades de a notação se manter no actual nível quando a sua revisão for divulgada. Quando a perspectiva está em evolução, significa que a agência não dá ainda uma indicação do sentido que poderá tomar a sua decisão seguinte, pelo que a classificação tanto pode subir como descer.A diferença entre a perspectiva negativa, positiva, estável ou em desenvolvimento e a vigilância/sob avaliação ("watch") está no prazo em que pode haver uma decisão em termos de notação.

A título de exemplo, se uma perspectiva passar de negativa para "watch negative", a probabilidade de a agência descer a notação mantém-se, mas o período temporal em que pode surgir uma decisão é reduzido de seis para três meses.Em suma, quando uma agência prevê que um rating pode ser alterado nos 6 a 24 meses seguintes, emite um "outlook" (perspectiva). Se considera que pode haver acontecimentos ou circunstâncias susceptíveis de mexerem com a classificação no curto prazo – normalmente no período de 90 dias – então pode colocar o "rating" em "credit watch" (sob revisão). Jornal Negócios(Lisboa) – 08.07.2016 http://macua.blogs.com/moambique_pa...

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