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quarta-feira, maio 25, 2016

Transparência Internacional “condena veementemente” ataque a académico moçambicano

A Transparência Internacional condenou hoje “veementemente” a agressão contra o académico moçambicano Jaime Macuane, raptado e atingido por quatro tiros nas pernas na segunda-feira, e apelou ao Governo para que tome “medidas urgentes” de protecção da sociedade civil.

“O rapto e os tiros nas pernas na segunda-feira são vistos como uma mensagem de aviso para todos os que questionam abertamente e procuram investigar o último escândalo de corrupção do Governo”, considera a Transparência Internacional, num comunicado conjunto com a sua organização parceira em Moçambique, Centro de Integridade Pública (CIP).

Jaime Macuane, docente de Ciência Política na Universidade Eduardo Mondlane e um dos comentadores mais conhecidos de Moçambique, foi raptado na segunda-feira no centro de Maputo e levado para os arredores da cidade, onde os agressores o deixaram ao abandono com tiros nos membros inferiores.

A Transparência Internacional e o CIP apelam ao Governo moçambicano para que inicie todos os esforços no sentido de investigar o caso, ao mesmo tempo que pedem proteção para os membros da sociedade civil, destacando Jaime Macuane como um dos “proeminentes ativistas que se posicionaram firmemente contra a corrupção no actual e anteriores governos em Moçambique”.

As organizações referiam-se à revelação, em Abril, de avultados empréstimos contraídos em 2013 e 2014 com garantias do Governo sem conhecimento da Assembleia da República e dos doadores e que levaram à suspensão dos financiamentos dos principais parceiros de Moçambique e ao disparar da dívida pública.

“José Jaime Macuane é um herói e ele e as pessoas que têm a coragem de falar a verdade ao poder têm de ser protegidas”, disse, citada no comunicado, Elena Panfilova, vice-diretora da Transparência Internacional, a respeito do académico e comentador residente do “Pontos de Vista” do canal televisivo STV, um dos programas de debate político mais vistos do país.

A Transparência Internacional e o CIP lembram que Moçambique subscreveu a Convenção da União Africana de Prevenção e Combate à Corrupção e, nessa qualidade, “tem de criar condições para que sociedade civil e media possam manter os governos nos mais altos níveis de transparência e responsabilidade na gestão dos assuntos públicos”.
Fonte: LUSA – 25.05.2016

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