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sexta-feira, abril 22, 2016

Alto-comissário do Canadá em Maputo diz que recebeu relatos de violência contra refugiados

O alto-comissário do Canadá em Maputo, Shawn Barber, diz ter ouvido de refugiados moçambicanos no centro de Kapise, em Malawi, relatos de que foram vítimas de violência indiscriminada, informou em comunicado o Alto Comissariado daquele país em Moçambique.
De acordo com a nota enviada à Lusa em Maputo, Barber ouviu os alegados depoimentos sobre violência a refugiados moçambicanos durante uma visita que realizou na quarta-feira a Kapise.
"Conversei com muitos dos refugiados e a maioria disse-me que fugiram de Tete porque acreditavam que suas vidas estavam em perigo. Muitos relataram-me actos de violência indiscriminada", diz o comunicado do Alto Comissariado do Canada, citando o diplomata.
Shawn Barber elogiou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e Organizações Não Governamentais pelo apoio que têm prestado aos moçambicanos abrigados em Kapise.
"O ACNUR, o PMA (Programa Mundial de Alimentação), MSF (Médicos Sem Fronteira) e outras entidades estão fazendo um óptimo trabalho para estes refugiados. Em última análise, estas pessoas querem regressar a casa", destacou Barber.
O Canadá, referiu o diplomata, exorta o Governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) a porem fim à violência, de forma a permitir que os refugiados possam regressar para as suas casas em Moçambique.
O número de moçambicanos no campo de refugiados de Kapise, no Malawi, ronda os 9.960, segundo dados fornecidos à Lusa pela representante da ACNUR, Monique Ekoko.
"Os números de 06 de Abril apontam para cerca de 9.960 moçambicanos no campo", disse a representante, salientando que este deve ser o número actual, uma vez que terão chegado muito poucos moçambicanos ao campo desde então.
"Há algumas semanas tivemos 10 famílias moçambicanas que se foram embora do campo, mas ao que sabemos não voltaram para as zonas de conflito e desde então não saiu mais ninguém", disse a responsável, explicando à Lusa que, de uma forma geral, "o número de pessoas reduziu-se face ao que acontecia antes; agora temos poucas pessoas a chegar, mas o que está a acontecer é que estão a vir de outros sítios".
Segundo relatos dos próprios refugiados, difundidos pela comunicação social e diversas entidades, os moçambicanos abrigados em Kapise fugiram de confrontos entre as forças de defesa e segurança moçambicanas e os homens armados da Renamo, principal partido de oposição, na província de Tete, centro de Moçambique, e acusam as forças governamentais de atrocidades contra as populações locais, em represália pelo alegado apoio ao movimento.
Moçambique vive um período de instabilidade política e militar, marcada pela exigência da Renamo em governar nas províncias onde reclama vitória nas últimas eleições, que considerou fraudulentas.
Desde Fevereiro, foram registados vários ataques atribuídos pelas autoridades a homens armados da Renamo nas principais estradas do centro de Moçambique e que levaram o Governo a activar escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços na província de Sofala da N1, a principal via do país.

Fonte: LUSA – 22.04.2016

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