Há sensivelmente oito meses, publicámos neste espaço, um artigo com o título “Do uniforme escolar à crise das relações professor-aluno”, também disponível na página electrónica deste jornal de referência.
Dentre vários aspectos, o artigo discutia sobre o uniforme escolar, sugerindo a padronização daquele, começando pela eliminação das saias escolares com pouco pano, muito comuns entre as escolas secundárias da capital do país.
Não tardou que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDDH), chefiado por Jorge Ferrão, instituísse um regulamento visando, fundamentalmente, DEVOLVER A DIGNIDADE ao espaço escolar como um local formal de ensino-aprendizagem e da formação do Homem culto.
1. Um pouco sobre o novo regulamento:
O novo regulamento do MINEDH estabelece ditames de apresentação no espaço escolar. Saias, calças, cortes, tranças, maquilhagens e calçados, ao todo extravagantes e a interdição do uso do telemóvel no recinto escolar, a título de exemplo, são realidades que o novo regulamento veio travar.
Entretanto, em três semanas, desde que a iniciativa foi colocada em prática, assistimos a um movimento de debates algo incomum pelas redes sociais, pela mídia nacional, transportes públicos e demais espaços públicos, de pessoas contra e prós a iniciativa do ministerial.
Das demais iniciativas avançadas pelo MINEDH, a mais polémica de todas e que vem merecendo debates e comentários nos lugares acima referidos, é o da obrigatoriedade das MAXI-SAIAS em prejuízo das mini-saias que muito se parecem com os instrumentos de trabalho de meretrizes.
1.1. Os prós e contra o novo regulamento:
Se, por um lado, temos os PRÓS que recebem de bom grado e enaltecem a iniciativa, porque no seu entendimento, visa valorizar as alunas como mulheres e devolver a dignidade do espaço escolar e travar sua vulgarização, por outro temos o caso dos Contra, que se mostram hostís àquela.
Os contra a iniciativa, para além das campanhas de repúdio através das redes sociais, com destaque para o facebook, chegaram mesmo a realizar uma manifestação popular na passada sexta-feira, defronte à Escola Secundária Francisco Manyanga.
Os mesmos manifestantes, alguns destes pertencentes a certas organizações da sociedade civil, consideraram a obrigatoriedade do uso das maxi-saias uma autêntica “violação aos direitos humanos das mulheres e raparigas nas escolas”.
Entre os contra a iniciativa, encontramos um grupo de pessoas que simplesmente acusa o MINEDH de estar a fugir das suas responsabilidades de proporcionar uma educação de qualidade aos moçambicanos, como uma forma de se esquivar da sua culpa em relação às reprovações em massa registadas em 2015.
1.2. O nosso posicionamento:
Na qualidade de jovens, cidadãos e de profissionais da Educação, não podíamos ficar indiferentes aos motins criados nas redes sociais, nos órgãos de comunicação social e noutros locais ou plataformas de debate, sobre as disposições do novo regulamento, com destaque para a imposição do uso das maxi-saias.
Valorizando as opiniões daqueles que se mostram hostís ao novo regulamento, sentimos que a iniciativa do MINEDH é sim bem-vinda, isso porque a escola é um espaço formal de ensino-aprendizagem, de transmissão de valores sociais e morais, do saber ser, estar e conviver com outros.
Sentimos que aqueles que criticam o regulamento que entrou em vigor neste presente ano lectivo em relação a obrigatoriedade do uso das maxi saias, primeiro deveriam se colocar no lugar de um professor como educador e como Homem, acreditamos que só assim compreenderão a razão do efeito.
Todos questionam qual o impacto de uma mini-saia no processo de ensino-aprendizagem e como isso pode influenciar no aproveitamento pedagógico das nossas educandas, uma pergunta que, a nosso ver, é legítima e porque reconhecemos a sua pertinência, com franqueza, tentaremos responder.
A resposta é relativamente simples. Nalguns casos (muitos deles), as nossas alunas têm exagerado na sua forma de se apresentar na sala de aulas e, de certa forma, o seu vestir tem sido intencional com o objectivo de atrair olhares por parte de seus colegas e do profissional da Educação.
Muitas delas tomando em consideração suas fragilidades cognitivas, no que tange ao processo de assimilação e acomodação de conteúdos, usam como instrumento de subterfúgio a sua má forma de se vestir, fazendo de tudo para que o professor veja partes íntimas do seu corpo, o que pode determinar a reconfiguração dos DEC’s de notas.
Ilustres, sempre temos vindo a abordar sobre as tendências da “bordelização” das escolas moçambicanas e uma das causas é a forma de vestir das nossas educandas. Antes de professor, o profissional da educação, passa a repetição, é um Homem.
Tem sido comum, ver algumas das nossas educandas desfilando daquelas mini-saias nos corredores das nossas escolas, sobretudo, nas proximidades das salas dos professores, ostentando sua voluntariedade em serem possuídas.
Sentimos que já é tempo de nos questionarmos sobre quantos professores perderam seus lares por causa das saias curtas e justas de suas alunas, quantos já perderam seus empregos, sobretudo, nas escolas secundárias de ensino-privado. De certeza, muitos!
Sim, é bem verdade que o maior (senão o exclusivo) culpado na questão do assédio sexual nas escolas é o professor, mas não podemos descurar da vulgaridade e voluntariedade de algumas alunas, algo associado a sua ousadia de nunca, assediam seus colegas e professores!
Sabemos que um bom profissional da Educação, mais que cumpridor de princípios de âmbito deontológico, é aquele que assume uma atitude parental (de pai) em relação aos seus educandos tal como refere Quintiliano, mas no plano factual ” Nenhuma deontologia resiste face à um corpo quase que nu…”.
2. Considerações finais:
Muito do que podíamos dizer sobre a nova medida implementada pelo MINEDH, nós avançamos e, desde já, encorajamos o ministério a continuar com a sua missão de desenhar melhores políticas de educação para o país, mas sempre, respeitando a continuidade do Estado.
Continuidade do Estado porque as políticas educacionais devem se projectar para além dos planos exclusivos dos governos que se instalam de cinco em cinco anos, onde o dirigente de cada mandato faz das suas, o que resulta na não percepção ,com clareza, do foco e escopo da nossa educação.
Que a ideia das maxi-saias se implemente em todas escolas secundárias públicas do nosso país, e que o seu feito seja padronizado, isso porque algumas educandas arruaçadas pelo bicho da moda, já começam a adulterar o feito consagrado pelo ministério.
E citando o investigador Egídio Vaz somos da opinião de que “o Ministério da Educação não precisa negociar com ninguém para impor a sua regra indumentária: Os bancos têm sua regra; as igrejas idem; a polícia, os militares, os juízes e magistrados (…) possuem as suas regras de indumentária (…)”.
De seguida, acrescenta Egídio Vaz que “(…) não vi sociedade nenhuma em frente a um banco reclamando o uso de mini-saia pelas trabalhadoras do banco; muito menos ela em frente a um quartel para exigir saias em vez de calças para as soldadas”.
O MINEDH como órgão responsável pela gestão e desenho das políticas educacionais ao impor o seu modelo de uniforme escolar, está a exercer do seu pleno direito, tal como se faz nas demais instituições públicas como privadas.
Claro, não é exclusivamente com a interdição das mini-saias que o MINEDH vai garantir bons resultados pedagógicos dos alunos e nem deve ser por causa disso, mas porque é necessário padronizar o uniforme escolar com o máximo rigor de decência, dignidade e respeito à pessoa humana e às instituições.
Respeitados alunos, seiva da nação e futuro de Moçambique: “Obediência às ordens e instrução das autoridades é o princípio da boa educação, principalmente quando estas ordens e instruções são legais e emanam de entidades competentes”, remata Vaz.
Uma sociedade civil que defende e protege promiscuidade é dispensável. Vamos educar para o contínuo e progressivo desenvolvimento de Moçambique, nossa pátria de heróis.
Bem-haja Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano!
Bitone Viage & Ivan Maússe
Fonte: Jornal Notícias – 25.03.2016
Não sei aonde tanto os que escreveram este artigo como o ministro de educacão, o senhor Jorge Ferrão querem chegar. Este tipo de maxi-saia de uniforme nunca vi na região da África Austral, pelo menos como obrigacão para todas as meninas.
ResponderEliminarOs autores do texto escrevem ainda:
"Sentimos que já é tempo de nos questionarmos sobre quantos professores perderam seus lares por causa das saias curtas e justas de suas alunas, quantos já perderam seus empregos, sobretudo, nas escolas secundárias de ensino-privado. De certeza, muitos!"
A minha questão é?
1) Quantos professores perderam lares? Como podemos saber se não são sancionados? Como perdem esses lares? Será que se os professores não virem as pernas das suas alunas mudam de comportamento de apetite de assaltarem-nas? Haverá algum estudo que sustenta isso?
2) Se bem que percebo, o ensino privado sanciona aos professores que violam sexualmente às suas alunas, terá esse ensino reportado que as são violadas são por causa da roupa que vestem?
Mais escrevem eles:
"Nalguns casos (muitos deles), as nossas alunas têm exagerado na sua forma de se apresentar na sala de aulas e, de certa forma, o seu vestir tem sido intencional com o objectivo de atrair olhares por parte de seus colegas e do profissional da Educação."
E eu questiono:
1. Se de facto há alunas que querem atrair o olhar de seus colegas e professores, será que esse tipo de alunas deixará de encontrar uma outra forma de atrair?
2. Porquê atrairiam na escola onde na verdade não há tempo nem espaço para práticas sexuais e muito menos para tratar desse negócio?