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quinta-feira, janeiro 14, 2016

Festival do mussiro brevemente em Nampula

Há séculos que as mulheres de Nampula usam o mussiro para embelezar a pele. Há muitas que não conseguem passar sem ele. Agora, os produtores querem organizar um festival regional em honra desta planta medicinal.

O mussiro é uma planta usada há séculos pelas mulheres da província de Nampula. Diz-se que o creme de mussiro, que as mulheres costumam espalhar pelo rosto, deixa a pele macia e rejuvenescida. A história reza que a planta começou a ser usada sobretudo nos distritos costeiros da Ilha de Moçambique, Angoche, Moma, Mossuril, por influência dos mercadores árabes, a partir do séc. X.

Felizberta António, de 32 anos, usa o creme desde criança: "Conheço dois tipos de mussiro - um deles é usado normalmente por todas as mulheres, o outro é usado no matrimónio tradicional."

É o que acontece em algumas comunidades rurais, onde o creme é, muitas vezes, usado nos rituais tradicionais que antecedem a preparação das mulheres consideradas maduras para o matrimónio. Nas zonas urbanas, as mulheres usam-no sobretudo como produto de beleza e para combater doenças de pele, principalmente manchas.

Dias de festa

Vanisa José, de 26 anos, diz que começou a usar o creme influenciada pelas amigas. Agora, não prescinde do mussiro. "Gosto muito do mussiro, porque faz bem", afirma. "Em dias de festa, as mulheres ficam bonitas. Continuarei a pintar o meu rosto com mussiro, gosto muito." Em Nampula, o creme é muito usado em datas comemorativas, festas de aniversário, casamentos e até em grandes eventos oficiais.
Ezaquiel Júnior, que vende mussiro há três anos, confirma que o negócio ganha outro ânimo nessas alturas. "Semanalmente, é normal vender uma unidade. Com festas vendo entre 10 a 20 unidades." Ezaquiel vende um pauzinho de mussiro a 100 meticais, o equivalente a 2 euros.

Festival do mussiro

Na província de Nampula, os produtores de mussiro pretendem promover, a partir de fevereiro, um festival em honra da planta. Segundo Mário Semedo, mentor da iniciativa, essa seria uma forma de preservar a cultura para as gerações vindouras.

"Sendo este um produto que já se expandiu a nível de todo o Moçambique, e talvez também dos países próximos do Oceano Índico, achámos melhor usar o nome de 'mussiro', valorizando a planta medicinal e tradicional e valorizando a própria mulher", disse Semedo.


Fonte: Deusche Welle – 13.01.2016

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