O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, revelou estar a enfrentar dificuldades para manter contacto com Afonso Dhlakama, o líder do maior partido da oposição, visando dialogar sobre a actual situação política do país.
Estou a fazer o esforço de conversar com ele [Afonso Dhlakama], mas não está a ser possível”, disse Nyusi, falando a uma delegação de religiosos da igreja católica.
A delegação, chefiada pelo arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, pediu ao Presidente da República a continuar incentivar o diálogo para resolver quaisquer problemas ainda pendentes e como meio de manutenção da estabilidade política no país.
O estadista moçambicano, que afirmou estar a tentar devolver a estabilidade, apelou aos clericos a apresentarem também soluções que visem manter a paz em Moçambique, para além de apenas exporem os problemas.
Entretanto, Nyusi disse ser contra a presença de outros países nom processo de diálogo, considerando ser um assunto doméstico.
Acho que este é um assunto que pode ser resolvido dentro de casa. É uma conversa de quarto. Não vejo motivo de se escolher um país para resolver isso. Estou a fazer tudo para ter o diálogo”.
Esta posição sempre foi tomada pelo Governo mesmo ao nível do diálogo político com a Renamo que decorreu, há mais de dois anos, no Centro de Conferências Joaquim Chissano.
Dirigindo-se aos religiosos, o Presidente disse que “gostaria que nos ajudassem no que fazer, não apontando apenas os problemas, mas também as devidas soluções. Acho que todos podem apontar problemas.
Então, o que posso fazer para este país estar estável”, questionou, defendendo que a instabilidade no país deve-se a pobreza e não ao desentendimento entre duas pessoas, pois, na sua óptica”, “rata-se de desentendimento entre duas pessoas e apenas uma questão de um sair e entrar outro, mas isso não vai resolver nada”.
Enquanto existirem pessoas que não têm comida, gente que não tem saúde, gente que não tem educação, a estabilidade vai faltar”, acrescentou.
Respondendo a questão relacionada à depreciação do metical face ao dólar americano, um dos problemas colocados pelo arcebispo, Dom Francisco Chimoio, Nyusi reiterou que “não tenho remorsos de afirmar que estamos a principiar um novo ciclo de governação com a menor disponibilidade de divisas que decorre também da redução dos níveis de ajuda externa ao nosso país.
Nyusi recordou que teria feito este discurso por ocasião das comemorações dos 20 anos do Millennium Bim, que tiveram lugar recentemente em Maputo.
Na ocasião, Nyusi teria dito que a actual realidade não devia colocar o país em situação de desespero, mas que reparava-a como um desafio.
Acrescentou que “somos um país que vive de doações do estrangeiro e consumimos aquilo que não produzimos. Enquanto não produzirmos não poderemos estrar estáveis”.
Fonte: AIM – 08.11.2015
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