Um cidadão foi atingido mortalmente nesta quarta-feira, e outros quatro ficaram feridos, por balas reais disparadas por agentes da Polícia da República de Moçambique(PRM) que foram chamados para intimidar os trabalhadores da empresa Matanuska, no distrito de Monapo, em Nampula, que realizavam uma greve pacífica reivindicando aumento dos salários mínimos que auferem.
Adelino Manuel, director distrital dos Serviços de Agricultura em Monapo, relatou ao jornal Notícias que na manhã da última quarta-feira os cerca de dois mil e quinhentos trabalhadores da empresa Matanuska, vocacionada à produção de banana, amotinaram-se quando se aperceberam da chegada do dono da empresa para exigir aumento salarial dos actuais 3.183 meticais, salário mínimo definido pelo Governo para o sector da Agricultura, para cinco mil.
Em Moçambique, o salário mínimo é apenas um valor de referência para que nenhum empregador pague abaixo do estabelecido.
Segundo aquele membro do Governo os agentes da PRM foram chamados ao local porque, alegadamente, um de grupo de trabalhadores ameaçou invadir a residência do responsável máximo da Matanuska e dispararam as suas metralhadoras AK47 para dispersar os grevistas.
Não é a primeira vez que grandes empresas privadas que operam no nosso país chamam a polícia para intimidar trabalhadores moçambicanos que simplesmente exercem o seu direito constitucional à greve.
Os feridos foram encaminhados para o Hospital Rural de Monapo a caminho do qual morreu um dos trabalhadores.
A empresa Matanuska Africa Limitada é uma subsidiária da companhia Rift Valley Corporation e opera em Moçambique desde 2008, numa área de 1 200 hectares de um total de 3 mil hectares concedidos pelo Governo no distrito do Monapo, na província de Nampula.
De acordo com a própria multinacional, em 2012, a exportação da banana garantiu a viabilidade da empresa, nessa altura foram exportadas diariamente cerca de 1400 toneladas de banana para alguns países da Europa, África e Ásia, casos do Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque.
Fonte: @Verdade – 24.10.2015
As balas nunca fizeram calar o desejo, o imperativo da justiça. O colonialismo não conseguiu. O apartheid não. O socialismo não. No fim o herói é quem unifica e não quem mata mais...
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