Por Machado da
Graça
Nas negociações
entre o Governo e a Renamo, o chamado “diálogo político”, que decorre no Centro
de Conferências Joaquim Chissano, as coisas não andam nem desandam. Ou, melhor
dito, não andam e, em alguns casos, desandam. Como foi o caso no ponto sobre a despartidarização
do Estado que, depois de longos debates para se chegar a um acordo, foi objecto
de consenso apenas para a Governo dar o dito por não dito pouco depois.
E, no entanto, na
minha opinião, a questão da despartidarização do Estado é a questão fundamental
onde mergulham as raízes todas as outras questões.
Se as questões
militares não andam para frente é porque o partido que controla o Governo não
aceita perder, ou sequer partilhar, o controlo das forças armadas e da polícia,
neste momento braços armadas daquele partido.
Tenho grandes
dúvidas de que as duas partes cheguem a acordo sobre as questões económicas
porque o partido que controla o Governo não quer perder, ou sequer partilhar,
os benefícios e mordomias de que actualmente gozam os seus dirigentes e membros
mais influentes.
E, em relação ao
chamado “pacote eleitoral” , em que pareceu haver acordo, foi destruído pela
fraude eleitoral, de Outubro passado, que tudo leva a acreditar que foi
organizada pelo mesmo partido através da máquina estatal que controla, desde a
Comissão Nacional de Eleições ao Conselho Constitucional, passando pelo
Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.
Portanto, enquanto
não ocorrer a despartidarização do Estado nada vai andar para a frente. E nada
vai andar para a frente porque o partido Frelimo não quer a despartidarização
do Estado. E, partidarizando em exclusivo o Estado, julga que tem meios para
impeder mudanças. Inclusive meios policiais e militares.
Só que eu não sei
se não haverá nisso um grande engano. E, nesse tipo de enganos, normalmente
quem se lixa é o mexilhão.
Isto é, nós.
Fonte: Savana,
21-08-2015
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