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quinta-feira, maio 28, 2015

ASSSEMBLEIA ANUAL DO BAD: Nyusi fala da exclusão como causa de instabilidade

O Presidente da República, Filipe Nyusi, considera que a exclusão, a pobreza e a falta de transparência no funcionamento das instituições são algumas das principais causas da instabilidade político-militar que afecta alguns países africanos.
Filipe Nyusi fez estas declarações, terça-feira, em Abidjan, durante um painel subordinado ao tema “desenvolvimento e segurança: enfrentar novas ameaças”, inserido na 50ª Assembleia Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e na 41ª Anual do Fundo Africano de Desenvolvimento, que decorrem desde segunda-feira até amanhã, na capital costa-marfinense.
Durante o painel que contou também com a participação da Presidente da Comissão União Africana, Nkhosazana Dlamine Zuma e do antigo Presidente da Nigéria, Olesugun Obasanjo, o Chefe do Estado moçambicano esclareceu que a eliminação dos focos de insegurança passa pela erradicação das suas causas.

Para o Presidente, resolvendo os problemas que preocupam a população, como seja o acesso à educação, saúde, comida e emprego estar-se-á a evitar convulsões sociais que podem culminar com instabilidade e guerras.
“A educação e o desenvolvimento humano trazem estabilidade na vida das pessoas”, disse o Presidente, para quem as camadas sociais que se sentem marginalizadas facilmente aderem a movimentos que mais dias ou menos dias originam a instabilidade.
Num painel transmitido em directo pelo canal France 24, Nyusi disse que a solução dos problemas de insegurança deve ser vista numa dimensão global, porque nenhum país está em condições de fazer a luta isoladamente.
“Precisamos de uma conjugação de esforços de todos, dentro dos próprios países, na região e a nível mundial”, disse referiu.
A uma pergunta sobre como conciliar as necessidades de desenvolvimento e de segurança, Filipe Nyusi respondeu que o mundo vive uma era de desconfiança em que ninguém sabe o que pode acontecer no dia seguinte, havendo, por isso, a necessidade de os Governos tomarem precauções para garantir tranquilidade nos seus países.
Ressalvou que o ideal seria investir-se mais na educação, nas estradas e pontes, na energia ou na saúde para elevar a qualidade de vida das pessoas, mas que as ameaças actuais fazem com que os governos tenham de se preocupar mais com questões de segurança interna.
Entretanto, intervindo no mesmo painel, a Presidente da Comissão da União Africana disse que fora da pobreza existem outros factores de intranquilidade nos países africanos, destacando entre eles o tráfico de seres humanos e de drogas, falta de empregos e má governação.
“É preciso investir na educação e no emprego para que o país não entre em crise”, disse Nkhosazana Dlamine Zuma, criticando a postura dos países mais desenvolvidos que nas discussões com os governos africanos privilegiam o comércio de matéria-prima e nunca falam da industrialização de África para a geração de postos de trabalho.
Por seu turno, o antigo Presidente da Nigéria começou por descrever a origem e a forma de actuação do grupo Boko Haram, admitindo que o exército daquele país não estava suficientemente preparado para lidar com aquela organização, que de alguma forma, está a pôr em causa os esforços de desenvolvimento.
Entretanto, o presidente moçambicano que se encontrava na Costa do Marfim como convidado especial do seu homólogo costa-marfinense, Alassane Outtara, às reuniões anuais do grupo BAD, deixa hoje a cidade de Abidjan com destino à Nigéria, onde vai participar na investidura do novo Chefe de Estado daquele país africano.
António Mondlhane, em Abidjan

Fonte: Jornal Notícias – 27.05.2015

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