A Renamo, principal partido de oposição, distanciou-se hoje da consulta
feita à Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) pelo parlamento moçambicano
sobre o projecto do movimento que defende autonomia em seis províncias o país.
"A
informação do envio do projecto sobre as autarquias provinciais à OAM reflete a
opinião pessoal do presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais,
Direitos Humanos e da Legalidade, pois nós, os deputados da Renamo na comissão,
não tomámos conhecimento dessa diligência", afirmou, em conferência de
imprensa, Isequiel Gusse, deputado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)
e relator daquela comissão. Gusse afirmou que a comissão não tomou nenhuma
decisão em relação à auscultação de entidades fora do parlamento sobre a proposta
em causa, uma vez que a mesma ainda não foi objeto de análise.
"Na
verdade, neste momento, a Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos
Humanos e da Legalidade ainda não iniciou a apreciação deste projecto, porque,
em termos de escalonamento das matérias a apreciar, está primeiro o Plano
Quinquenal do Governo sobre o qual temos de emitir um parecer", afirmou o
deputado.
Reiterando
que o parecer da OAM não é vinculativo, nos termos do Regimento da Assembleia
da República, Isequiel Gusse declarou que o juízo da organização não será
relevante para a Renamo, uma vez que o bastonário da Ordem, Tomás Timbane, já
afirmou publicamente que o projeto é inconstitucional.
"Não
esperamos grande coisa da avaliação da OAM, porque o seu bastonário já se
pronunciou sobre o mesmo. O veredicto sobre o projecto é o que vem das
multidões que aderem aos comícios do presidente Afonso Dhlakama", afirmou
Isequiel Gusse, referindo-se aos encontros populares em que o líder da Renamo
tem vindo a explicar o conteúdo do projecto do movimento.
No
Projecto do Quadro Institucional das Autarquias Provinciais, a Renamo defende
que seis das 11 províncias moçambicanas sejam governadas pelo movimento, com
base nos resultados das eleições gerais de 15 de Outubro de 2014.
A
Renamo quer, com este projecto, ultrapassar a crise política instalada no país
desde as eleições, cujos resultados não reconhece alegando fraude, e o seu
líder, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder pela força caso o documento seja
chumbado.
Na
quinta-feira, o bastonário da OAM disse à Lusa que a organização recebeu da
Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e da Legalidade um
pedido de parecer sobre o projecto.
A
declaração de Tomás Timbane seguiu-se à informação do presidente da comissão,
Edson Macuácuá, que indicava que foi iniciado um processo de auscultação
pública em torno do documento.
Fonte: Lusa – 03.04.2015
Sr Tomas Timbane, nao acha que ha um vazio entre deputados provinciais eleitos e um governador nomeado?
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