E acusam Armando Guebuza de ter recebido duas cabeças de bois e um cabrito e ter prometido água e energia, mas não cumpriu nenhuma das promessas
Vinte e seis membros do braço feminino da Frelimo, a Organização da Mulher Moçambicana (OMM), acabam de desertar e filiar-se no Movimento Democrático de Moçambique (MDM). O acto aconteceu na localidade Beluluane, posto administrativo de Matola-Rio, distrito de Boane, província de Maputo.
A apresentação pública de uma parte das referidas mulheres foi feita ontem em Beluluane pelo delegado provincial do MDM, Armando Mahumane.
O porta-voz daquele partido na província de Maputo, Arlindo Navaia, disse, na ocasião, que o país não pode continuar nas mãos de um punhado de pessoas que só se interessa em encher os seus bolsos, em detrimento da maioria.
“Espero não ser ameaçada e perseguida”
Fátima Xavier, de 55 anos, diz que nasceu e cresceu na Frelimo, mas agora está de saída para se filiar no MDM por acreditar que pode haver mudanças no futuro.
Entretanto, pede compreensão aos seus antigos companheiros da Frelimo, para que não haja ameaças nem perseguições, pois está agir segundo manda a sua consciência.
“Aqui em Beluluane não temos água. Estamos cansados de promessas que nunca se cumprem. Peço aos meus antigos camaradas, colegas e amigos da Frelimo para que me entendam e não me persigam nem me ameacem. Não podia continuar a trair a minha consciência”, disse.
“Maus pagadores de promessas”
Safira Mondlane, de 40 anos, acusou os actuais governantes de serem “maus pagadores de promessas”. Disse que, numa das “presidências abertas”, o Presidente da República, Armando Guebuza, visitou o posto administrativo da Matola-Rio. Foram-lhe oferecidas duas cabeças de gado e um cabrito. Houve muitas promessas.
“Houve promessas de abertura de furos de água, reabilitação de vias de acesso e electrificação. Nem uma coisa foi cumprida. Estamos a passar mal com poeiras provocadas por camionistas. Hoje [ontem], entrego-me ao MDM”, disse.
Safira Mondlane acrescentou que esperava que Guebuza se fosse despedir da população de Beluluane. “Despediu-se de outros, e por aqui não passou. As promessas ficaram para a história”, disse Safira Mondlane.
“Dez anos a militar na Frelimo”
Carolina Manuel diz que se filiou no partido Frelimo em 2004. Volvidos dez anos, as suas expectativas não foram satisfeitas. “Estamos a sofrer aqui em Beluluane. Não temos água nem energia. A partir das 15 horas, há falta de transporte. Estou cansada, saio depois de dez anos ao serviço do partido no poder”, disse.
“Volto, se houver mudanças”
Alice Fabião, de 57 anos, diz que só volta ao partido Frelimo se houver mudanças. Ela teme que seja excluída e perseguida.
“Aqui em Beluluane bebemos água suja. Só volto à Frelimo se as coisas mudarem”, disse. (Cláudio Saúte)
Fonte: Canalmoz - 16.09.2014
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