O artigo abaixo é de há 10 anos atrás (10.4.2004) e foi publicado pela Agência Angola Press (Angop). E agora?
Moçambique: Paz corre muitos riscos – afirma Dom Jaime Gonçalves
MAPUTO, 10/04 - O Arcebispo da Beira, Dom Jaime Gonçalves, considera que a paz em Moçambique corre muitos riscos apontando o cenário que ocorre antes e depois de eleições como exemplos da sua afirmação.
Falando Sexta-feira naquela cidade central de Moçambique, Dom Jaime Gonçalves explicou que sempre que aproximam eleições, durante o processo e pouco depois mesmo, "há confusões entre políticos que sempre puseram a pazem risco".
"Em finais do ano passado tivemos eleições autárquicas. Houve muita confusão. Este ano temos eleições (gerais), já se reportam desavenças e ameaças políticas. Os homens esquecem-se da reconciliação em tempos de escrutínio", disse Gonçalves, em declarações ao Jornal "Noticias", que hoje reporta o assunto.
Segundo ele, o país não só precisa de "uma política de reconciliação, que deve ser extraída do Acordo Geral de Paz (assinado em 1992 entre o governo moçambicano e a Renamo), como precisa de uma democracia sa".
"Talvez esta política está sendo feita pelo povo, mas em muitos círculos políticos não existe uma política reconciliada que nos garanta uma paz efectiva. Uma política reconciliada e aquela que evita a discriminação de cidadãos na base de diferenças política", afirmou.
De acordo com aquele clérigo a política reconciliada permite que haja alternância de poder.
"Ninguém nasceu só para ser governado. Existe a possibilidade de cada um poder governar o país assim como existe a possibilidade de cada um deixar de governar o pais. Para tal, só com política reconciliada", indicou.
Ele disse haver "perseguição das pessoas, discriminação dos cidadãos,porque não há reconciliação".
"Acabamos criando inimigos e não adversários políticos. Este e o perigo que corremos no país. Temos que garantir a paz através de reconciliação entre nos. Enquanto se perseguem nos temos a nossa paz sob alto risco", observou Dom Jaime Gonçalves, apelando a todos os moçambicanos a pensar na paz baseando na lição de "Jesus Cristo, que morreu na cruz para nos reconciliar com Deus".
"Nós também vamos procurar construir a nossa paz, a nossa reconciliação, a nossa unidade nacional e a nossa condição de irmãos e filhos de Deus em Moçambique a viver em Paz", fazendo de Moçambique "uma terra onde as pessoas vivem pacificamente, frontalmente e cheio de esperança".
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