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quarta-feira, maio 21, 2014

Quando as organizações não agradam ao regime


IESE vai mesmo abandonar as instalações

O Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) uma das mais reputadas organizações de investigação científica independente no país, com intervenção a vários níveis, recebeu, no dia 12 de Maio, uma notificação da APIE com ordem de despejo. Num prazo de 15 dias deve abandonar o edifício onde tem os seus escritórios, e que ocupa há cerca de sete anos por contrato com a SOCIMO.



Sete anos depois, a administração do Parque Imobiliário do Estado vem alegar que o imóvel não é da SOCIMO, mas sim do Estado moçambicano.

Entretanto, assumindo a alegação da APIE, que afirma ser proprietária do imóvel, o IESE, na passada segunda-feira (dia 19) submeteu um requerimento à APIE (que se apresenta agora como novo dono) com uma proposta de arrendamento do imóvel, para evitar o despejo. Mas de lá até hoje a APIE ainda não respondeu, estando claro que o que quer é o IESE fora das instalações.

O IESE realiza e promove investigações científicas interdisciplinares da problemática do desenvolvimento económico e social em Moçambique e na África Austral. O IESE contribui para a análise da política pública e social e da governação, com incidência nas problemáticas da pobreza, política e planeamento público, cidadania, participação política, governação e contexto internacional do desenvolvimento em Moçambique. Os seus directores têm feito intervenções públicas a vários níveis e têm muitas vezes desmascarado algumas mentiras forjadas pelo Governo. Foi o IESE que lançou e tem promovido o debate sobre a fraca contribuição fiscal dos megaprojectos e que tem produzido estudos fundamentados sobre o fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Foi igualmente o IESE que provou que a eleição de Armando Guebuza, em 2009, contou com o enchimento de urnas em Tete, onde havia mesas em que o número de votos a favor de Guebuza era superior ao número de eleitores.

A questão é que o IESE, de forma independente, sempre contribuiu para um debate crítico dos temas mais candentes da sociedade. Estudos à parte, o Estado não quer o IESE na Avenida Patrice Lumumba. (Redacção/André Mulungo)

Fonte: Canalmoz - 21.05.2014

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