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quarta-feira, maio 21, 2014

Em Moçambique 28 mil crianças morrem antes dos 28 dias de vida

Apesar da redução da mortalidade infanto-juvenil para metade, nos últimos dez anos, em Moçambique, a sobrevivência neonatal continua a ser um grande desafio e não conheceu o mesmo progresso. No país, nascem, em cada ano, mais de 950.000 crianças, das quais estima-se que 83.000 morrem antes de cumprir cinco anos de idade e destas 28.000 durante os primeiros 28 dias de vida, indica um novo estudo lançado esta terça-feira (20), em Nava Iorque.
A pesquisa refere que as mortes neonatais representam mais de 30 porcento de todas as mortes de crianças menores de cinco anos em Moçambique. “Uma grande parte das mortes de recém-nascidos ocorre nas primeiras 24 horas depois do nascimento (32 porcento), e outra grande parte ocorre entre o primeiro e o sétimo dia depois do nascimento (49 porcento)”.
As causas principais das mortes neonatais são a prematuridade, a asfixia neonatal e as infecções (sepsis) do recém-nascido. De acordo com os dados mas recentes disponíveis no país, estima-se que as províncias de Tete e da Zambézia são as que mais neonatos morrem antes do cumprimento do primeiro mês de vida.
A investigação indica que a redução da mortalidade neonatal implica investir em intervenções de alto impacto que possam prevenir as causas dos problemas, ou que possam portanto assegurar acesso imediato aos cuidados necessários.
“Assegurar uma boa nutrição da gestante e protegê-la contra a malária durante a gravidez é um elemento imprescindível para o desenvolvimento do bebé e para reduzir os problemas ligados ao baixo peso à nascença”. E, também, é essencial continuar a investir para garantir-se o acesso ao parto assistido por pessoal qualificado a todas as mulheres moçambicanas.
“Em fim, existem intervenções de alto impacto que são simples, de baixo custo e de baixa tecnologia, e que podem ser introduzidas em grande escada no país tanto ao nível das unidades sanitárias assim como ao nível comunitário, para prevenir muitas das mortes de recém-nascidos que ainda acontecem em Moçambique”, Koen Vanormelingen, representante do UNICEF em Moçambique.
“Exemplos incluem o início imediato da amamentação exclusiva, as técnicas de ressuscitação neonatal, o método mãe canguru para os bebés de baixo peso, e a aplicação da clorexidina para a prevenção de infecções no recém-nascido.”
Relativamente à situação do mundo, o UNICEF diz que a maioria dos quase três milhões de crianças que morrem antes de completar um mês de vida poderiam ser salvas se recebessem cuidados de qualidade na altura do seu nascimento – com foco especial nas mais vulneráveis e desfavorecidas.
“As mortes de recém-nascidos representam uma impressionante cifra de 44 por cento da mortalidade total de crianças menores de cinco anos e representam uma maior proporção de mortes de menores de cinco anos agora do que em 1990. Estas mortes tendem a verificar-se entre as populações mais pobres e mais desfavorecidas”.
Segundo o UNICEF, 2,9 milhões de bebés morrem a cada ano nos primeiros 28 dias. Outros 2,6 milhões de bebés nascem prematuros e 1,2 milhões dessas mortes ocorrem quando o coração do bebé pára durante o trabalho de parto. As primeiras 24 horas após o parto são as mais perigosas para a criança e para a mãe – quase metade das mortes maternas e de recém-nascidos ocorrem nessa altura.
Os países que registaram maiores avanços em salvar vidas de recém-nascidos têm prestado atenção específica a este grupo como parte do atendimento global oferecido às mães e menores de cinco anos.
“O Ruanda – o único entre os países da África Subsaariana – reduziu pela metade o número de mortes de recém-nascidos desde 2000. Alguns países de baixa e média renda estão a registar progressos notáveis através, entre outros métodos, da formação de parteiras e enfermeiras para levar até às famílias mais pobres um atendimento de maior qualidade durante o parto, especialmente para os bebés recém-nascidos pequenos ou doentes”.
Outra pesquisa efectuada em 51 países com o maior fardo de mortes de recém-nascidos constatou que se a qualidade do atendimento recebido pelos mais ricos fosse tornada universal, registar-se-iam menos 600.000 mortes por ano – uma redução de quase 20 por cento.
O maior número de mortes de recém-nascidos por ano ocorre no Sul da Ásia e na África Subsaariana, com a Índia (779.000), a Nigéria (267.000) e o Paquistão (202.400) na vanguarda. Para os países mais afectados, cada US$ 1 investido na saúde da mãe ou do bebé dá um retorno nove vezes maior sobre o investimento em benefício social e económico.

Fonte: @Verdade - 21.05.2014

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