MediaFax Editorial
Há pouquíssimo tempo, o vitalício e eterno
presidente da Renamo e também candidato natural deste partido às presidenciais
desde 1994, conseguiu obrigar o governo moçambicano a assinar o “acordo político”
que resultou na “invenção” de uma nova lei eleitoral. É uma lei eleitoral que
define uma composição extensa, complicada, dispendiosa e partidarizada dos
órgãos eleitorais (CNE/STAE), respondendo assim a duas grandes preocupações da Renamo,
na actualidade. Uma que tem a ver com a necessidade de acomodar economicamente
os “seus”, e a outra que tem a ver, segundo a Renamo, com a necessidade de credibilizar
os processos eleitorais, tendo em conta que a todos os níveis será possível ver
in loco o que efectivamente acontece nos processos eleitorais.
Depois veio a Renamo exigir a paridade nas Forças
de Defesa e Segurança. Tal como aconteceu aquando da exigência da paridade na composição
dos órgãos eleitorais, a Renamo diz que só a paridade em todos os ramos da
Polícia e da Defesa pode trazer a paz e tranquilidade efectivas ao país.
Nisto, o governo já reiterou não haver qualquer
possibilidade de, um dia aceitar, as actuais exigências do partido de Afonso
Dhlakama, alegadamente porque são exigências que ferem os mais básicos
preceitos constitucionais.
Enquanto os posicionamentos continuarem
extremados, o país continua a viver um ambiente de insegurança e medo, tendo em
conta os tiroteios que são ouvidos de forma sistemática e quase permanente em muitas
regiões de Sofala e não só.
A questão, neste momento, é saber até onde o
governo irá resistir ou irá ceder perante as exigências da Renamo, isto por um
lado. Por outro, até onde a Renamo vai conseguir “esticar a corda” no seu jogo
de pressão. Um jogo de pressão que se resume no uso de armas que estão em sua
posse.
Pelo sim, pelo não, a verdade é que as armas de
Afonso Dhlakama estão a mostrar poder. Poder que já obrigou o país a adoptar
uma nova lei eleitoral. É esse mesmo poder das armas de Afonso Dhlakama que está agora a obrigar os órgãos
eleitores a ceder e a mandar brigadistas para recensear Afonso Dhlakama no seu domicílio
actual, cuja localização é “parte incerta” algures na Serra da Gorongosa.
Afonso Dhlakama, graças ao poder das armas em sua
posse, também conseguiu definir e ver aceites as pré condições que colocou para
a entrada de brigadistas nas zonas de conflito.
A principal pré condição é que os 27 brigadistas
que compõem as 9 brigadas devem entrar nas zonas de conflito sem acompanhamento
de segurança das Forças de Defesa e Segurança. Ele (Afonso Dhlakama) garante
segurança aos brigadistas.
Tal e qual, assim deve acontecer. A ideia é que
estes brigadistas recenseiem a ele (Afonso Dhlakama) e os seus homens,
incluindo algumas populações que continuam fiéis às suas zonas de residência apesar
dos tiroteios permanentes.
Entretanto, o registo eleitoral de Afonso
Dhlakama, não é, de per si, garantia definitiva da realização de eleições
“normais” a 15 de Outubro. É que a realização de eleições “normais” está muito dependente
do fecho positivo do “diálogo político” que, até agora, apenas discutiu e
concluiu o primeiro dos quatro pontos agendados.
O que está a acontecer (pressões e cedências)
continuam a ser paliativos de um problema com raízes profundas. E o Governo e a
Renamo não estão a encontrar caminhos para a sua efectiva resolução, numa
altura que estamos em contagem regressiva para o dia da votação, 15 de Outubro.
Enquanto não se encontram soluções definitivas,
Afonso Dhlakama e os “seus” vão exibindo verdadeiro poder das armas que tem em
sua posse. Até quando??????
Fonte: MediaFAx – 25.04.2014
até quando só?
ResponderEliminarAté quando a Frelimo aceitar a verdadeira democracia aqui em Moçambique.
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