Páginas

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Dizer por dizer: Quando se descobre a fraqueza de um governo provincial…

Por Pedro Nacuo
Cabo Delgado parece a província escolhida para a experimentação de aspirantes a construtores que a oportunidade criou ao fazer com que alguns comerciantes deixassem a sua actividade da loja para se dedicarem à construção civil, para o que conseguiram os alvarás, primeiro, depois procuraram quem devia trabalhar para eles, por justamente não terem a vocação na matéria, com o apadrinhamento que lhes dá força até hoje, de ofenderem o Estado tanto quanto podem.
Mas antes deles, grandes empresas haviam descoberto que em Cabo Delgado é mais fácil não concluir obras, pois, quaisquer desculpas valem. É assim que a província ficou quase uma ilha em termos de estradas.
Hidro Construções é o nome da empresa, cuja sede é Maputo, a quem havia sido confiada a construção da fábrica de descasque e empacotamento de castanha de caju, em Nangade, em princípios do ano de 2010, que seria entregue em menos de um ano. Transcorrido esse período, não só não construiu, como sumiu de Cabo Delgado, sem deixar rastos. Recorreu-se a outros para que o sonho dos combatentes (proprietários) não fosse adiado.
Quando se sai de Nampula como passageiro, pode-se dormir à vontade, mas acordar-se-á, involuntariamente, assim que se pisar a histórica província. De Ocua a Metoro (distritos de Chiúre e Ancuabe) desde há 14 anos que, por esta pena escrevemos quase todos os dias, que o troço será reabilitado e no mesmo período se mantêm as carecas permanentes, de cerca de um quilómetro cada, quatro no território do primeiro distrito e uma, no segundo, quase a chegar a Metoro. Anualmente se faz algo efémero, longe da reabilitação.
Há quatro anos que a estrada Montepuez/Ruaça é notícia de todos os dias. Na mesma altura a província do Niassa tinha a sua parte, até o rio limite. Hoje para quem ousa passar por aquela via, se estiver do lado de Cabo Delgado, certamente não vai para além do posto administrativo de Cuecué e se estiver a vir do Niassa, a viagem termina exactamente no rio Ruaça, depois da beleza que é a estrada do lado daquela província vizinha.
São 68 quilómetros de Ruaça a Marrupa e 268 daqui para a capital da província, Lichinga, passando num tapete e pontes monumentais. Quer dizer: Niassa cumpriu a sua parte e Cabo Delgado vai inventando todos os dias as justificações; ora é o empreiteiro que não está a cumprir com modalidade de prestação de contas ao financiador, ora é o Governo que não honra a sua parte, ora é o financiador…
Estamos assim, desde Junho de 2010 e forçados a rever as datas de conclusão, agora para Setembro deste ano. É para acreditar? E, não se sabe se os actuais dirigentes sabem que se trata da grande e maior promessa do presidente Armando Guebuza, ainda secretário-geral da Frelimo, que deixou em Balama: a ligação Cabo Delgado e Niassa, passando por aquele distrito.
Diga-se o que se disser hoje, mas o problema da estrada Macomia/Awasse dura dos tempos de José Pacheco, como governador, o terceiro é este que está no fim do segundo mandato, Eliseu Machava. São 103 quilómetros! Justificação atrás de justificação, até 14 anos! Agora, a conclusão puxou-se para Maio. Será?
Valham-nos os interesses localizados em Palma, para muito rapidamente termos a estrada que estamos a ter, a partir de Mocímboa da Praia, mas do lado onde os interesses são meramente nossos, criamos um elefante branco: a ponte da unidade, sobre o rio Rovuma, em Negomano, aonde não podemos ir (184 quilómetros, a partir de Mueda) porque não temos estrada para lá chegar!
A atitude desonesta dos empreiteiros confiados para as construções escolares sujou o quadro do cumprimento do plano económico-social na área de Educação e Cultura, na província de Cabo Delgado, em 2012. Envergonharam o sector, segundo dizia a directora provincial daquele pelouro, Graziela Tembe, aborrecida à volta do que aconteceu para que quase tudo o que foi programado para aquele ano transitasse para 2013.
A directora dissera em entrevista conduzida por nós que os empreiteiros eram demasiadamente desonestos; Se ela pudesse, dizia, agarraria, aos colarinhos, um! Também garantiu que o problema estava colocado na procuradoria provincial, passo depois do qual nada mais se soube algo.
Na verdade, o que se sabe hoje é que o início do presente ano lectivo foi agendado para a inauguração da escola secundária de Machoca, em Namuno. A mesma directora provincial aprovou o programa, convenceu o seu governador, Eliseu Machava e o seu vice-ministro, Itai Meque.
Lá encontraram os pais e encarregados de educação, acompanhando alunos organizados para a abertura do ano lectivo diferente e especial, por marcar o início do ensino secundário naquele posto administrativo. Afinal, ia-se inaugurar uma escola não acabada, sem quadros pretos, porque o empreiteiro não concluiu no tempo combinado. Foi-se apresentando onde vai ser gabinete, sala de professores, isto e aquilo…e não a escola física. Mesmo assim, inaugurou-se! O empreiteiro que não é novo fez aquilo que é fácil para agradar o Governo de Cabo Delgado: justificou-se!
Ainda não nos tinha chegado ao conhecimento a farsa dos semáforos da cidade de Pemba (vide noticias da pág. 4). Aqui é outro Governo e parece que haverá responsabilização, segundo parece garantir a edilidade.
Como os exemplos são tantos, é caso para parar e questionar: o que é que descobriram no Governo provincial que facilita o incumprimento das metas. Algum rabo-de-palha anda por aí? Ou trata-se duma pergunta sem sentido, própria de quem diz por dizer?
Fonte: Jornal Notícias - 16.02.2014

4 comentários:

  1. Pergunta, nao seria mais rentavel descobrir petroleo ou mais gas?

    ResponderEliminar
  2. Estes sao todos da mesma tigela grandes gatunos incumpridores de metas l. Vejamos na cidade de nampula : jardins vendidos parques ruas de ma qualidade (rua da França, na muhala expansão).... sao tantas construções desorbanizadas, entre vivendas nasce um edifício lojas construídas sem beleza nenhuma tudo porque NAMACUA so queria ser mas um rico da freli vendendo e roubando sem piedade a nossa bela cidade de Nampula.
    Sera que alguem vai responder por tudo isso? Vão ficar impunes é o lema basta comer um pouco com os boss's. Peço justiça.

    ResponderEliminar
  3. O sr Pedro Nacuo sabe,com certeza, a origem disso, mas nao quer dizer. Tem medo de perder pao la' no seu Jornal. As empresas que que "ganham" concursos sao de dirigentes do partido frelimo! Sao empresas fantasmas, s/escritorios, estaleiro nem pessoal qualificado. "Ganham" concursos em esquemas de trafico de influencias para chuchar o dinheiro dos contribuintes, e nao para trabalharem. Dai a impunidade de que se beneficiam. Se ha' contratos o que impede o "governo" de penalizar os tais empreiteiros?! So pelo "cuidado" de como abordas este tema da' para perceber, sem esforco, que tens medo de dizer quem sao os donos dessas empresas...Musevenismo vive aqui dentro de Mocambique!

    ResponderEliminar
  4. Eu concordo com os bilegerantes, pois notem so esses edis sao comeloes de uma figa por exemplo um tal de Quelimane a custa dos nossos imposto foi aos US e feito um tagarelas que nem poucos, difertiu a molecada e fez de palhaco, um tal de Maqueze, comprou uma fisga e pensava que iria casar passaros mas o povo de olho aberto o denuciou, um tal de Maputo, a cidade tao suja que nem sequer Nove Deli, um tal da Beir a ludimbriar os olhos de todos com accoes de meia tigeja como se fossem de prato grande e cheio, e pensa que o povo come isso o pior e que o povo caiu na fita. Isto tudo esta cheio de maos da fita, eu vou basarpois estou saturado da situacao, prefiro Milange la os ares, sao mais sufisticados e menos furtivos. So de pensar que esta lengalenga ja leva muito tempo ate o cabelo preto fica branco, sem necessitade de pinturas artificiais e nos o povao sempre na nossa.

    ResponderEliminar