In Canal de Moçambique 26/2/2014
A situação em que se encontra hoje a Frelimo é, na verdade, o corolário do que sempre escrevemos aqui neste espaço sobre a actual liderança do partido e do País. A sua arrogância, prepotência e ambição desmedida primeiro levou os moçambicanos singulares ao desespero. Agora os próprios membros do partido Frelimo, que se julgavam livre, estão a sentir o mesmo depois de verem que a mesma sorte está-lhes reservada. Todos os que se convenceram e admitiam que certos senhores têm direitos acima da lei e dos demais moçambicanos estão agora a começar a perceber quais as consequências de ser cidadão distraído.
A actual direcção do partido Frelimo sempre se julgou dona de tudo e todos, e com credenciais para humilhar e sobrepor-se a tudo e todos. Tal desfaçatez fez com que se auto-outorgassem títulos e poderes “divinos” e subalternizassem tudo o resto. Alguns assistiram indiferentes à sobreposição do partido Frelimo em relação ao Estado e hoje praticamente não temos Estado e estão agora finalmente a compreender qual a dimensão da desgraça quando deixamos alguns fazerem o que lhes apetece.
As instituições do Estado passaram a vergar-se perante o partido, chegando o mesmo Estado a confundir-se com um sub-departamento do partido. Todas as vozes que se levantaram para defender a dignidade do Estado foram vilipendiadas nos meios de comunicação social de conveniência. Chegaram até a ser chamados de anti-patriotas, como que se o patriotismo fosse a devoção à destruição do Estado.
Essa forma de estar empurrou o País para a situação de desespero que hoje é indesmentível. A pobreza aumentou, porque no lugar de prover meios aos necessitados, os tais senhores e seus parentes trataram de encher os bolsos ao mesmo tempo que se fazem passar por santos.
A corrupção também ganhou esta dimensão que todos conhecemos e hoje todos se queixam do mal que causa.
Os tribunais passaram a tratar expedientes do partido, com prisões e processos encomendados.
Deixou de haver órgãos de justiça credíveis.
Por serem portadores de uma visão tão tacanha, julgaram que estavam a prejudicar um povo que nunca lhes iria cobrar responsabilização, mas finalmente o povo acordou e disso nos orgulhamos muito.
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A actual direcção predadora da Frelimo levou o partido que emergiu da frente pela independência ao estatuto de organização indigna.
A Frelimo de movimento libertador é hoje a fonte das injustiças e de conflitos entre Homens.
Hoje dentro da própria Frelimo levantam-se vozes contra esta liga destruidora. Alguns ainda pensam que ali permanecerá a sua salvação, mas a esmagadora maioria já percebeu que o “futuro melhor” era só para alguns.
A situação é hoje tão insustentável que são poucas as chances de a Frelimo voltar a identificar-se com o povo.
Os males que a actual direcção da Frelimo foi fazendo julgando-se dona de tudo e todos dificilmente serão esquecidos.
A forma como a actual liderança da Frelimo escangalhou o Estado, jamais será esquecida.
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As cidades da Beira e Chimoio, capitais provinciais de Sofala e Manica respectivamente, estiveram mais de duas semanas sem corrente eléctrica da rede nacional, porque os gestores da EDM simplesmente assim o quiseram. E como têm protecção do partido estavam e ainda continuarão cientes que não seriam responsabilizados pelo seu desleixo.
Beira e Chimoio e toda a rede Centro que abrange as províncias de Manica e Sofala ficaram sem energia por duas semanas e com danos incalculáveis para as famílias e para as empresas que pagam impostos para alimentar esta elite predadora, pura e simplesmente porque quem devia fazer a manutenção do equipamento decidiu não fazer.
As consequências desse desleixo ainda estão aí bem à vista com os consumidores a queixarem-se sem energia ou com energia sujeita a cortes sistemáticos que continuam.
Em Maputo, no Chibuto e um pouco por todo o lado se queixam da EDM, como se queixam da LAM e de várias empresas onde abundam os que abusam delas em vez de as organizarem e tornarem eficientes.
Aliás, sabe-se o volume de negociatas que as elites da Frelimo têm na EDM. Ninguém está preocupado em garantir, no mínimo, que o objecto social da EDM, que é fornecer energia, seja cumprido. Estão todos empenhados em viabilizar os seus negócios, pendurados na EDM, como em muitas outras empresas públicas.
A EDM tornou-se um centro de enriquecimento de famílias corruptas. E em muitas outras empresas públicas ou participadas pelo Estado é o mesmo.
O actual chefe de Estado, Armando Guebuza, tem uma carteira de empresas que “mamam” na EDM. Outros seus correligionários da luta armada, do topo, idem.
O Canal de Moçambique publicou no ano passado um trabalho de investigação que provava que Guebuza e seus amigos estavam a levar a EDM à falência com as suas empresas que prestam serviço à EDM. Se o próprio chefe de Estado não se dá ao respeito e não separa os seus negócios, do Estado em que e dirigente, o que se pode esperar dos demais funcionários e dos servidores públicos da cúpula? Também montam as suas empresas ao seu nível para desespero dos cidadãos e desgraça do próprio Estado e ninguém pode pedir responsabilidades a ninguém porque todos ficam com o rabo preso.
A bandalheira que está na EDM não é caso exclusivo. A mesma pouca vergonha inspirada no chefe de Estado também está em outras empresas públicas como as TDM, a LAM, os TPM, os CFM e por aí fora.
Faltam bons exemplos na actual liderança. Os funcionários destas empresas estão a destruir o Estado tal como Guebuza também o faz de forma impune e com a particularidade de ainda ser chamado de clarividente. Portanto, a situação de insustentabilidade em que se encontra hoje o partido Frelimo, também atingiu o próprio Estado e os culpados são os mesmos.
E enquanto não se puser freios nesta gente, não nos livraremos disto nem de tantas outras falcatruas como a ainda não esclarecida, da EMATUM que encravou o Estado de forma perigosa e nos deixará a desgraça para resolvermos no futuro.
Isto não pode continuar assim! Está a chegar a um ponto fatal: ou os cidadãos se impõem e acabam com estes abusos ou acabaremos por não ter como salvar Moçambique.
Conteudo interessante que relata a imagem de bandalheira em que Mocambique se sujeita. E' triste e doloroso de verdade. Ao ler este artigo sinto imensa revolta. Vamos todos dizer: BASTA!
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