Por Carlos Nuno Castel-Branco
"Marcha" parece ser uma palavra chave de momento. Enquanto uns declaram que o País está em marcha - rumo ao progresso ou a uma catástrofe humanitária, dependendo dos pontos de vista - outros mobilizam marchas para protestar contra a catástrofe que, em sua opinião, se avizinha ou para acarinhar o ego do líder que declarou estar a levar-nos rumo ao progress mas que, coitado, está sendo vítima de críticos ingratos. As marchas de uns estão focadas na sua interpretação dos problemas nacionais, enquanto as de outros, que governam, está focadas no acarinhamento do seu líder. E como todos temos direito e liberdade de marchar pelas causas sociais ou pessoais que entendermos, desde que não sejam prejudiciais à sociedade como um todo, lá vamos marchando...embora não rindo.
"Crítico" parece ser outra palavra chave. "Estamos num momento crítico de viragem" - para a esquerda, ou direita, cima, baixo, frente ou trás, mas de viragem - é uma ideia presente em todo os discursos. Mas o protagonismo de "crítico" não acaba aí. Nós criámos um novo grupo social, uma nova classe, ou uma nova tribo/etnia (dependendo da perspectiva de cada um) que é o "crítico". Todos os que têm opiniões independentes e próprias, em especial se forem diferentes das do cardápio oficial, são "críticos", como se "crítico" fosse um insulto. E os tais "críticos" acabaram por adoptar o título. Por exemplo, agora temos os Professores Doutores Críticos. Mas, pelas leis da dialéctica da natureza, isto significa que também existem os Professores Doutores Anti-Críticos (embora, também pelas leis da dialéctica da natureza, ser anti-crítico seja um estado de instabilidade e vulnerabilidade tal que pode, para efeitos práticos, ser considerado uma impossibilidade. Daí que crítico domina sobre o anti-crítico).
O mais interessante, e preocupante, é que não existe um grupo de "sugestores", "recomendadores", o que reflecte mais a forma como olhamos para a crítica do que a efectiva falta de sugestões e recomendações inclusas, implícita ou explicitamente. na tal crítica. Se um douto crítico disser que a economia de Moçambique é porosa, que isso causa instabilidade monetária e fiscal e prejudica o combate à pobreza, e que a causa disso é o afunilamento da base produtiva, a debilidade subsequente das ligações, a incapacidade de substituição de importações e os subsídios fiscais, onde é que nesta "crítica" não há uma série seguente e lógica de "sugestões e recomendações"? E se o tal "critico" fizer doutas propostas específicas para cada uma dessas questões, como é que a sua crítica não inclui sugestões? E se o mesmo crítico acrescentar que a porosidade é apenas social, sendo consistente com um padrão de acumulação primitiva de capital em condições históricas específicas, o que é que nesta interpretação não é uma sugestão de acção? É bem provável que alguns não entendam nada do que está a ser discutido, o que é normal; ou que discordem, o que é normal; ou que não queiram adoptar a a crítica porque fere os seus interesses, o que é normal. Mas já não é normal quando se "mata" o mensageiro ou se diz que não existe mensagem. Não existe uma classe de críticos, mas cidadãos com experiências, interesses, conhecimentos, competências, focos e ideias diferentes. Se pensarmos na crítica como sugestão, o nosso país está cheio de sugestões e sugestores, tantas e tantos, e algumas tão bem fundamentadas, que o grande problema reside no processo e motivações para escolher entre elas. Então talvez devêssemos marchar em apoio à continuação desta característica da cidadania activa, colectiva e consciente, que é a crítica na óptica da praxis.
Voltando às marchas, e à marcha do momento. Cada um é livre de aderir ao que quiser e participar no que quiser, desde que não prejudique a sociedade. Se alguns acham que Guebuza é semi Deus, estão no seu direito à sua opinião. Se querem marchar em apoio a essa convicção, é inteiramente um problema deles e têm o direito de o fazer, desde que não usem o erário público e pressão e controlo político para o fazer. Isto não nos deve preocupar - são direitos e liberdades que os cidadãos devem poder exercer em paz, e preocupados deveríamos estar se tais direitos e liberdades não fossem respeitados.
O que me preocupa são cinco outros assuntos.
Primeiro, porque é que a Frelimo surge como elo protector em volta da figura do titular do cargo do chefe de Estado neste momento e, para o efeito, mobiliza e utiliza bens e meios do Estado? Ao fazer isto, não estará a dar razão aos críticos que dizem que o PR não se assume como presidente de todos os moçambicanos e que a Frelimo usa e abusa do poder, incluindo ao fazer uso ilícito de bens que não lhe pertencem? Pensem nisso. Ponham-se de fora, olhem para as imagens e pensem qual é a mensagem que está a sair desta acção.
Segundo, como é que no meio do caos que o país vive - guerra sem sentido que se espalha pelo país e onde se morre estupidamente; raptos e outras formas de violência social, geralmente inpune; crescimento económico que está a endividar o país e não é gerador de empregos nem redutor de pobreza; expropriações que mandam moçambicanos para a pobreza e para o desespero, enquanto outros enriquecem; negócios ilícitos e anti-constitucionais do estado feitos com recursos nacionais e recorrendo a dívidas desnecessárias que todos vamos pagar; exclusão politica, económica e social, intimidação de criticos e da oposição política, etc. - a Frelimo foca-se em imaginar uma marcha de apoio à imagem do seu líder infalível, em vez de o apoiar a ver as questões reais e a resolvê-las em benefício de todos e com a participação de todos. A Frelimo é, neste momento, o partido do governo. A sua direcção deveria estar focada em governar o país bem para todos os cidadãos e com todos os cidadãos - não só para e com alguns. A Frelimo deveria estar a ouvir as criticas, sugestões, desabafos, frustrações para fazer o governo que constituiu funcionar melhor para todos os cidadãos e com todos os cidadãos, sem excepção. Mas, infelizmente, parece que o bem estar do país é secundário em relação à imagem do líder. Não é, isto, prova que "os críticos" têm razão?
Vejam só este contraste. Quando organizações sociais organizaram a marcha contra a guerra, os raptos e a insegurança, a injustiça social e o racismo, o Secretario do CC da Frelimo para a Mobilização tentou desmobilizar e desmotivar a participação dos cidadãos nessa marcha. Várias figuras proeminentes no actual elenco directivo da Frelimo fizeram o mesmo. Não eram justos os motivos dessa manifestação? Porque é que oficialmente a Frelimo não aderiu a esta vontade de exprimir a frustração e propor soluções para uma crise nacional? Nessa marcha, havia muitos membros da Frelimo e de todos os outros partidos, e cidadãos sem partido mas com causa e solidariedade social. Porque é que a liderança da Frelimo se manifestou oficialmente contra? Será porque apoia a guerra, os raptos e insegurança, a injustiça e o racismo? Ou será porque tem medo de qualquer iniciativa, mesmo com motivos justos, que venham da Sociedade sem serem decididas pelo Partido? Qual será o motivo desse repúdio?
E agora, no meio do caos, em vez de ouvir a sociedade e tentar agir para resolver os problemas, organiza uma manifestação anti-crítica, pró chefe, focada no chefe e não na sociedade.
Têm o direito e a liberdade de se oporem a uma e organizarem a outra, Mas será que conseguem ver o contraste entre os dois tipos de iniciativa? Será que conseguem ver como a imagem do Partido se suja nestes processos? Talvez não consigam ver, e isso será muito triste.
Terceiro, nas palavras do Primeiro Secretário da Frelimo na Cidade de Maputo, Hermenegildo Infante, aos órgãos de comunicação social, nós, moçambicanos, temos um chefe não só incontestável (se o é, para quê a marcha? Haveria alguma marcha se o chefe não fosse tão intensa e extensivamente contestado?) mas também insubstituível. Estes dois "in", em conjunto, esterilizam qualquer opção democrática e provam que qualquer crítico, mesmo os piores, têm razão.
Quarto, Infante também justificou a marcha como um "ataque" aos críticos do filho mais querido. É verdade que a Cidade de Maputo se "portou muito mal", na óptica de alguns, nas eleições autárquicas recentes e que a Frelimo quase perdeu - se é que efectivamente não perdeu mesmo nos votos reais. Mas ao contrário do que os anti-críticos dizem, isto não é culpa dos críticos, mas da má gestão do País inteiro e da Cidade em particular. "Matar" o mensageiro não modifica o teor da mensagem nem altera a realidade que a mensagem exprime.
Infelizmente, as palavras de Infante ecoam com as do líder insubstituível que, numa das recentes presidências abertas na Cidade capital, declarou Maputo como centro de críticos ingratos. À dica do maestro, a orquestra soa.
Infante deveria estar orgulhoso de liderar o Partido Frelimo numa das Cidades mais críticas e de crítica mais aguda que existe neste País. Se ele estivesse mais preocupado com o bem estar da Cidade e da Sociedade do que com a imagem do chefe, ele teria dito que o sentido crítico e de cidadania militante crescente na Cidade de Maputo é também o produto do contributo histórico da Frelimo para a libertação da terra e dos Homens e construção de uma sociedade democrática, contributo este que se junta ao de tantos outros partidos, organizações sociais e indivíduos, incluindo os tais críticos que ele quer agora criticar...com uma marcha em honra do chefe. A nossa Cidade está em brainstorming contínuo. No meio dessa tempestade de ideias, há muita coisa boa e muita porcaria. Mas se matarmos o exercício colectivo e social de pensar, tonaremos a Cidade e a Sociedade tão estéreis como a superfície da Lua hoje é.
Moçambique já não tem Partido de vanguarda. Moçambique é de todos os seus cidadãos, sejam ou não membros ou simpatizantes da Frelimo, e é esse todo que faz o progresso, a democracia, a moçambicanidade e a história. Um Partido e um líder que não consigam entender isso, não podem governar com os cidadãos e para os cidadãos.
Então, já que estamos numa fase de acarinhar uns e outros, para reconciliarmos o País e resolvermos os seus problemas, que tal se começassemos a acarinhar os críticos ouvindo-os, estudando as críticas/sugestões, encorajando - em vez de reprimindo - mais críticas e sugestões, mesmo as mais duras - se tiverem fundamento, esse fundamento é mais importante do que a dureza das palavras. Isto pode e deve ajudar a melhorar a governação para bem de todos, do país, do seu povo e dos políticos que querem honestamente contribuir para por o país em marcha aprendendo da crítica que germina saudável em todos os cantos da sociedade.
Quinto, se Infante pensa, como disse, que os críticos vão sentir muitas saudades do actual PR, o que é que esta frase indica sobre o que ele pensa da qualidade dos 3 candidatos propostos pela CP como sucessores? Serão eles tão maus que vamos ter saudades da situação actual? Será isso? Então, meu caro, vocês estão a dar razão aos "críticos".
Bom fim de semana.
Fonte: Marcação Cerrada - 18.01.2014
Khanimambo tio Nuno, nós precisamos devmoçambicanox como vós, com mente limpa e engajados em ver moçambique verdadeiramente p tdx. Nao aquilo k assistimos no sabado ultimo, uma verdadeira vergonha, dos k nao tem respeito cm o povo, vimox gente a ser obrigado a subir carro p garantir a marcha de exaltação do chefe muito desacreditado pela sociedade.
ResponderEliminarNa minha opiniao o PR fez mui nest pais estamos a falar de estradas, ponts o estadio nacional a reversao de HCB. Parabens president da replublica tenhas muitos anos de vida.
ResponderEliminarMuito do projecto de Samora e Chissano. Como Guebuza fez pouco, so renovou a guerra, ficou mais rico, patos o enriqueram muito. Se teima, escreva e criamos debate com argumentos. Nao basta o fanatismo.
Eliminara marcha n foi de obrigacao pra ninguem, qal e o mal de s fazer a marcha pra o PR, vams apoiar em vez de criticar oq o PR da republica fez pra os mocaambicanos so estrangeiro eq n pod ver, foram especificadas varias obras do guebusa estamos a falar das pontes, do estadio nacional das estradas e muito mais. Tdo nao estao a ver?
ResponderEliminarApoia-se o que mostra a possibilidade de interagir e não surdo e mudo como Guebuza. Se estás ao lado dele fique sabendo de que não está consciente. Por favor muda de atitude. Sabe, sempré rogo que estejam vivos para que no futuro breve vejam o que Deus guarda para este país com o novo Governo.
EliminarEstar ao lado de Guebas é kerer mortes, falcatruas, etc. É ser surdo/mudo. É não ter dom nem piedade, enfim, é reviver imperios dos sec X à I A.C.
EliminarPalavras Sabias Dr Castel Branco.o povo esta contigo, e uma pouca vergonha o que estamos a viver.infelizmente... vimos marchar 1 duzia de pessoas, dentre os quais so membros do governo e seus familiares, mesmo assim nao serviu para provar que este povo sofredor nao esta com o PR? cade as massas? por onde andou a populacao sabado? ha que reflectir...
ResponderEliminarAo segundo e terceiro anonimo, teem razao o PR fez muito ate chegar o ponto de virar moçambique, a cabeça para baixo, é vengonha saber k gente como voces existem aqui em moçambique para dizer viva a corrupcao, o roubo, amatança desnecessaria..., e a baixo o bem xtar da populaçao moçambicana..., sabendo k qualker um k xtivesse na presidencia faria tudo isso k xtao amencionar a favor do guebusa, exepto deixar o povo desunido e acelerar a crise politica militar. Viva apaz k tanto Guebuza repodia para o povo Moz.
ResponderEliminarEu sou uma estrangeiro, e pensar que este mozambique nao estar mal, o que se passa e que ha uma macorrupcao grande. Mozambiqe ser bonito pais, sobretudo la em xai xai. Eu ser de Vietnami e ser professor de portugues na schola maguiguane em maqueze.
ResponderEliminarEste presidente ser uma pessoa grande, contruir uma ponte mesmo, muito grande e eu apoiar e apoiar.
Nos ter vergonha de apoior porque alguma pessoas pensar ser mal apoiar mesmo.
Minha mulher ser uma mazambicana e eu gostar mesmo dele e ficar, nao voltar para Hanoi
Nyguen
O ultimo anonimo e o melhor, nos deveriamos ter vergonha ate os estrangeiros conseguem ver algo de bom, e nos os cafriais so estamos a resmungar e resmungar, refilar e... compatriotas maos a obra.
ResponderEliminarDesculpe me. Mao a obra! Para que obra? Guerra, nao! Ficar rico tirando do povo, nao! Comprar mais armas e barcos para so ganhar comissao, nao! Para destruir o povp, nao! Comprar aviao com fundos publicos para passear com filha, nao! Para deixar o povo cada vez mais popre, nao! NAO, NAO, NAO, NAO, NAO! SO KERO SER LIVRE E SER CIDADAO DESTE PAIS COM MINHA FORCA DE TRABALHO E MINHA INTELIGENCIA COM VALORES MERECIDOS. NAO TEMO DIZER "NAO" ENQUANTO OUTROS DIZEM "SIM" POR SIMPLES COBARDIA OU POR LAMBER BOTAS DE PATOS.
EliminarO ultimo anonimo diz nao e cobarde, nao temo nada nem ninguem. Entao porque e anonimo?
ResponderEliminarVao continuar a se rasgar bocas por fazer criticas cobards, qem e perfeito neste mundo andam a aldrabar o povo a dzerem q nada xta s fazer neste pais, tinham q vos destribuir dnheiro? Essa guerra qem faz e guebuza? Isso n e criticar pra melhoramento das coisas em mocambique e odio, vcs estao com odio do PR. Mas anotam q a vida dele esta com deus n com vcs. Cada um d nos n sab qando eq vai morer, pompem os q fazem o bem pra est pais, pk mesmo criticaram nao vao ganhar nada e n vao resolver nada.
ResponderEliminarO maior cego e aquele que diz k ve enkuanto nada ve,precisa de ser cobarde pa compreender k moc esta em caos,guebuza se construiu pontes,estados,estradas pensam k foi lucro de patos,nao foi o meu,o seu ,o nosso dinheiro k diariamente pagamos ao estado pa poder,ou vce pensa k ele ta nos fazer um favor?Nao,esta a fazer o dever dele,ele assinou um contrato social como servidor publico,ele e o nosso escravo e nos os mambos pois tudo k ele tem e nosso,achas justo destuir o pco k ele fez graca aos nossos impostos so por orgulho e covardia?kuando e k acordaras oh anonimo?n ves k vce apoia alguem k nem te apoia,se vais ao hospital tens k ter dinheiro,o seu filho estuda e gracas ao seu esforco,se tens uma casa vce a construiu,se andas de carro vce a comprou,se apanhas vce paga,kual e o contributo do seu imposto.para e pensam,leia bem a carta do Dr Castelo sobre a genesis da critica e o seu contributo pa o densevolvimento de um pais democratico e de constitucionalidade activa,se n apoia a critica apoia a destruicao,
ResponderEliminarO meu antecessor e um anonimo muito inteligente, como como este deveriam ser lideres, dispostos a trabalhar arduamente para o bem do pais. Este anonimo e muito parecido com Kwankuman, Lumumba, Mobutu sese seko, e outros grandes africanos
ResponderEliminarCada presidente deve demonstrar o quao capaz ele é: Eduardo Mondlane trosse nos a liberdade; Samora a independencia; Chissano a paz e guebuza principalmente ministro sem pasta, mergulha nos na segunda guerra civil. Mas tudo isso por causa das palavras de samora "um ambicioso é capaz de tudo, vender a patria pelos interesses individuais".
ResponderEliminarEu sou estudante de matematica da escola primaria de mafalala, eu contei bem, ali havia umas 23 432 pessoas.
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