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sexta-feira, novembro 22, 2013

SOBRE A PARCIALIDADE SELECTIVA DOS NOSSOS SERVIDORES E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS


Por Edgar Barroso


Tenho acompanhado os pronunciamentos infelizes e parciais de alguns analistas que têm aparecido nos órgãos de comunicação social públicos, a atacarem de modo selectivo todos os últimos desenvolvimentos políticos e sociais do nosso país. Ele nunca criticam o Governo ou as posturas arbitrárias de seus agentes e instituições, com particular ênfase às nossas forças de defesa e segurança. Há algumas semanas, tais analistas tinham como alvo preferencial a Renamo, a quem vilipendiavam, satanizavam e sentenciavam sem direito ao contraditório ou ao direito de resposta por parte desta. Nos últimos dias, particularmente durante o processo eleitoral que culminou com a realização das últimas eleições autárquicas, estes analistas viraram os seus canos para o MDM, a quem irracionalmente atacam tentando primeiro descredibilizar o seu capital político e depois menosprezando os seus ganhos eleitorais. Não tenho ouvido deles nenhuma referência suficientemente substancial e com a mesma contundência em relação às arbitrariedades cometidas pela Frelimo, tais como a perseguição política aos seus opositores, o uso indiscriminado de bens patrimoniais do Estado para fins partidários ou a postura inaceitável da nossa polícia para com cidadãos indefesos e desarmados, todos eles membros da Oposição e que muitas vezes tem culminado com várias mortes e feridos. Com efeito, em países sérios e com um sentido de democracia e Estado de Direito devidamente consolidados, os órgãos de comunicação social públicos servem total e completamente o interesse nacional e não apenas o do regime no poder. Não funcionam como extensão do Gabinete de Mobilização e Propaganda de um partido político, nem aparecem veiculando exclusivamente os posicionamentos políticos de uma parte da sociedade.


Quando supostos homens armados da Renamo matam cidadãos, os nossos órgãos de comunicação social públicos fazem manchetes de abertura de jornais e telejornais. Quando é também a nossa própria polícia a matar cidadãos desarmados reivindicando os seus próprios direitos (como os eleitores em Quelimane, quando protegiam o seu voto em Icídua) ou celebrando pacificamente a vitória do seu candidato e do seu partido (como o jovem assassinado ontem nas ruas de Quelimane, festejando lado à lado com o concorrente vencedor), não só não se dá o devido destaque na imprensa pública como o próprio Governo providencia os seus porta-vozes para virem aos media não só estupidamente minimizar o crime como também para manipular a opinião pública e descriminalizar os actos. Isto é inaceitável.

O Governo e seus porta-vozes aterrorizam a opinião pública com os tais “massacres de civis” por eles imputados à Renamo para criarem um clima generalizado de medo na população de modo a sentir-se numa situação de insegurança e desesperada por protecção, dando assim toda a legitimidade às forças de segurança por si controladas para atacarem quem quer que lhes apeteça, sem questionamento ou contestação popular. É assim que os nossos polícias e soldados se transformam em gangsters, com licença para matar quem quer que seja do interesse dos seus comandantes e protegidos pelo silêncio cúmplice das nossas instituições de justiça também controladas pelo partido no poder. Por conseguinte, a Procuradoria Geral da República não se pronuncia perante tais crimes e os demais desmandos e “excessos de zelo” falecem dentro das aspas da passividade; ninguém deles vai preso ou é ouvido em tribunal e todos prosseguem a sua vida impunes e intocáveis, partindo dos próprios executantes no terreno até aos seus mandantes e comandantes morais instalados no conforto dos seus escritórios ou residências protocolares pagas com os nossos próprios impostos!

Temos todos de ser coerentes, íntegros e sensatos nos nossos posicionamentos públicos. Não se pode continuar a tolerar o assassinato indiscriminado de civis desarmados pela nossa Polícia, do mesmo modo que não toleramos veementemente a morte de cidadãos perpetrados por supostos homens armados da Renamo... Temos todos de pôr fim à INSTITUCIONALIZAÇÃO DA INDIGNAÇÃO SELECTIVA por parte dos nossos governantes, dos nossos agentes da justiça e dos nossos órgãos de comunicação social públicos. Afinal de contas, nós pagamos os nossos impostos para que estas entidades e instituições trabalhem pela prossecução do bem comum e sirvam os nossos interesses; não pagamos os nossos impostos para que a Polícia nos assassine, espanque e prenda de modo indiscriminado e selectivo, não pagamos os nossos impostos para que os nossos tribunais julguem e condenem apenas os cidadãos desprotegidos e vulneráveis, nem pagamos os nossos impostos para que a nossa rádio, jornais, televisões e agências de informação veiculem notícias, interesses e posicionamentos partidários e exclusivos de um grupo muito bem identificado de pessoas no poder ou a ele associados. 

Isto tem de acabar.

3 comentários:

  1. Sou uma Mae, lendo este artigo tenho lagrima nos olhos. Choro pelos filhos jovens que morrem todos dias, choro porque me lembro que o nosso pais ja foi modelo no mundo de tolerancia, paz e concordia. Choro porque ja decorreram tantas eleicoes e nunca houve tanta chacina como Ira se viveu. Choro porque o satanas se apossou dos coracoes dos Mocambicanos dirigentes deste belo mocambique. Choro pelos dirigentes que trairam a Deus, pois a Direccao de um Povo so eh possivel com a vontade de Deus. Choro como fiz "ivone soares", pela setenca de morte do povo Mocambicano. Ate quando isto tudo?

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  2. "Tem de acabar", subscrevo piamente. O povo moçambicano não pode continuar escravizado pelos supostos libertadores da pátria. Não pode ser conduzido por indíviduos cegos e incapazes de lhes levar a um destino digno de ser. Esse povo não pode, de modo algum, pagar pela ignorância, acefalia, imprudência e incompetência de uma minoria.

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  3. Mas qem e competente? S os nos libertaram n valem. Falar bem.

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