Depois de longos anos de desinvestimento nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), para se concentrar na reconstrução pós-guerra, o Governo parece agora apostado em revitalizar o aparato militar do país.
Segundo o Defense Web, portal sul-africano especializado em notícias sobre a área da Defesa em África, a Força Aérea de Moçambique (FAM) vai receber oito aviões "MiG-21" comprados à AEROSTAR da Roménia.
Esta semana, o portal anunciou que a FAM passará a operar um jacto Hawker 850 XPA adquirido nos Estados Unidos, para o transporte de quadros militares e membros do Governo.
Em Outubro, a imprensa brasileira noticiou que a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, pediu autorização ao Congresso brasileiro para doar três aviões Tucano T-27 à FAM.
No mesmo mês, as autoridades confirmaram ter encomendado à Construction Mecanique de Normandie (CMN), de França, o fabrico de seis patrulheiros navais de um lote de 30 barcos que serão operados pela Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), participada pelos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), a secreta moçambicana, numa operação avaliada em 200 milhões de euros.
Apesar de estar a levantar polémica em Moçambique, devido à alegada falta de transparência do negócio de compra de 24 barcos para a pesca de atum e seis patrulheiros à CMN, a operação parece irreversível, tendo o chefe de Estado, Armando Guebuza, visitado os estaleiros da empresa em Cherbourg, na companhia do seu homólogo francês, François Hollande.
No quadro da Cooperação Técnico-Militar, Portugal ofereceu duas aeronaves Cessna/Reims FTB-337G, em julho de 2012, que se juntaram a um Cessna 152 e um Piper PA-32 Seneca, comprados em 2011.
Por seu turno, o Ministério da Indústria e do Comércio da Rússia afirmou que o seu país iria fornecer este ano entre cinco a seis helicópteros a Moçambique, para o Destacamento Aéreo Presidencial.
A imprensa tem veiculado notícias sobre a compra de material de guerra à China, no quadro da cooperação militar entre os dois países.
A recuperação da capacidade bélica das FADM coincide com os confrontos que se estão a registar no centro do país entre o exército e alegados homens da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, devido a diferendos em torno da legislação eleitoral.
Confrontado com a indiferença dos doadores internacionais em financiar um ramo associado ao conflito armado que arrasou o país durante 16 anos, Moçambique não conseguiu depois do Acordo Geral de Paz (AGP), em 1992, manter o prestígio das "gloriosas forças armadas", como é oficialmente tratado o exército, que eram sustentadas por apoios vindos dos aliados do extinto bloco comunista.
Mas o fôlego financeiro que Maputo vai conseguindo com o aumento da sua capacidade de endividamento por conta da "hipoteca" dos lucros que virão da indústria mineira, principalmente carvão e gás, e a subida das receitas internas, está a mudar o panorama no sector militar.
Fonte: LUSA - 06.11.2013
É só vermos todo este esforco quando os nossos hospitais são uma lástima.
ResponderEliminar