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quarta-feira, abril 10, 2013

Será o transbordar do copo? (Conclusão)

Por Arlindo Oliveira

Na primeira semana deste Abril teve um sabor amargo para muitos moçambicanos. As coisas não andaram dentro dos carris.

Os jovens sentiram-se escandalizados pelos acontecimentos que se deram. Afinal de contas, chegou-se à triste conclusão que estamos a construir um castelo com pilares de argila, cujo cimento é área vermelha.

Este país, que eu saiba, é de todos nós, do Rovuma ao Maputo, e do Zumbo ao Índico. Ao que entendo, os últimos acontecimentos políticos a ninguém abonam, nem mesmo aos seus contendores. Ninguém está interessado em que o país volte a viver uma situação de insegurança. Samora Machel muito ecoou um provérbio, o de que a cobra mata-se ainda pequena, porque, já crescida, poderá ser difícil exterminá-la.

A Renamo, infelizmente, forçou ao seu líder para que fosse parar nas bandas de Gorongosa. É o meu ponto de vista, Afonso Dlhakama não foi lá parar da sua livre e espontânea vontade. Os seus correligionários assim o forçaram, pois, ele tinha que demonstrar que não come do mesmo prato com o partido da “maçaroca e batuque”. Que sentido faria para líder da Renamo abandonar a luxúria lá nas da capital do norte? Para mim, a sua permanência nas serras de Gorongosa não é do seu inteiro agrado. Um refém é um refém e, por essa condição, tem que dar “palmadinhas” ao seu sequestrador, para sofrer um mal menor. Que a verdade seja dita, o líder da “perdiz” foi sequestrado pelos seus próprios filhotes.

Já se vem dizendo que as coisas não andam assim tão bem, como algumas correntes políticas queriam dar a entender. Escamotear a verdade tem as suas consequências nefastas. Nos dias que correm, as pessoas andam apavoradas. Os interesses de um punhado de indivíduos quer superiorizar-se aos demais. Assim, não dá. Seja qual for o motivo, os políticos não devem brincar às guerras com os cidadãos deste Moçambique.
As divergências que existam, como é natural, contudo, isso não pode ser o sinónimo de hipotecar o sossego da maioria. A juventude tem os seus sonhos, tem as suas ambições e, nós, os “kotas”, continuamos a ensombrá-los, como assim?

Se os interesses da nação moçambicana estão acima de tudo e de todos, então, deixemos de exibições militaristas que isso não faz parte deste século. Kadaffi sempre defendeu que “quando o Homem atingir o topo da civilização, deixaria de praticar boxe”, uma modalidade que para aquele líder era para a era do oeste selvagem.

Já se vinha vaticinando que quando as desigualdades sociais são agudas, as desavenças políticas também serão em proporção igual, todavia, tudo tem que ser medido, em vantagem dos interesses superiores dos cidadãos. Não sei também, o que custa ao poder político do dia precaver-se destes incidentes que, se não forem acautelados, transformar-se-ão, num futuro presente, num conflito que só iria beneficiar a um punhado de indivíduos. A paz tem que estar em 1º lugar, em 2º, em 3º e em último. Que os políticos se entendam e nos deixem em paz. Este país é de todos nós e que cada um espere pela sua vez para assumir o poleiro, por vias legais. A guerra só encaminhará o país a uma catástrofe inimaginável.
Arlindo Oliveira

Fonte: Jornal Notícias – 11.04.2013

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