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domingo, abril 28, 2013

Cecile Kyenge é a primeira mulher negra a integrar governo italiano

Entre os novos membros do governo formado este sábado pelo moderado Enrico Letta, destaca-se a titular do novo ministério da Integração e primeira mulher negra a alcançar o posto de ministra na História da Itália, Cecile Kyenge.

"É um passo decisivo para mudar a Itália concretamente", disse esta oculista de 49 anos, de origem congolesa, que chegou à Itália em 1983.

A sua prioridade, o direito à nacionalidade italiana por nascimento. "Provavelmente vou encontrar resistência, temos que trabalhar muito para chegar a isto", admitiu. A cidadania italiana determina-se por filiação (direito de sangue). "Uma criança, filha de imigrantes, que nasceu e cresceu aqui, deve ser cidadã italiana", afirmou.


Deputada do Partido Democrata (esquerda) e primeira mulher de origem africana a ocupar uma cadeira no Parlamento, Kyenge defende também a anulação do delito de imigração clandestina.

Para a nova ministra, também é necessário "lutar contra a violência de gênero, racista, homofóbica e de qualquer outra natureza".

O Partido Democrata de Letta comemorou esta nomeação, que "demonstra com coerência o facto de acreditar numa Itália mais integradora e realmente multicultural".

Enrico Letta forma o novo governo italiano após 2 meses de crise
O primeiro-ministro italiano designado, o moderado de esquerda Enrico Letta, anunciou neste sábado a formação do novo governo para tirar o país da crise política em que se encontra há dois meses.

Como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Letta designou o chefe do Partido Povo da Liberdade (direita), de Silvio Berlusconi, Angelino Alfano.

Letta igualmente anunciou a nomeação do director do Banco da Itália, Fabrizio Saccomanni, como ministro da Economia, e da ex-comissária europeia Emma Bonino como ministra dos Negócios Estrangeiros. A predecessora de Alfano, Anna Maria Cancellieri, vai conduzir o ministério da Justiça.

Ao apresentar o seu governo, Letta elogiou "o recorde de presença feminina e o rejuvenescimento da equipa". De facto, várias figuras desconhecidas do pública fazem parte do novo governo.

"Este era o único governo possível e a sua formação não podia esperar", comentou o presidente da República, Giorgio Napolitano.

Letta, 46 anos, também aceitou oficialmente o papel de primeiro-ministro, como a Constituição requer, depois de forjar uma difícil coligação entre o seu Partido Democrático (PD) e o partido de Berlusconi.

Um dos sinais forte deste "amplo acordo", dificilmente aceite por alguns membros do PD (esquerda) de Letta, é a designação de Alfano como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior. Mas Napolitano, 87 anos, que aceitou um segundo mandato inédito como chefe de Estado, cumprimentou Letta e congratulou-se com o fato de que esta grande coligação da direita e esquerda permitirá que o novo governo obtenha a confiança das duas Cámaras, como prevê a Constituição.

Letta afirmou anteriormente que queria resolver o impasse o mais rápido possível para evitar um conflito social num país cansado de velhos confrontos políticos. A missão de Letta não era fácil: conseguir que duas forças que multiplicaram os ataques mútuos nos últimos anos trabalhem juntas. Durante as últimas semanas, a esquerda mostrou-se em várias ocasiões reticente em formar uma coligação com o seu inimigo histórico, o magnata Berlusconi.

A esquerda tem a maioria absoluta da Câmara de Deputados, enquanto que o Senado, câmara sem a qual é impossível governar, está dividida em três blocos: PD, PDL e o Movimento 5 Estrelas (M5S) do ex-comediante Beppe Grillo.

As negociações foram realizadas em todas as direcções. Neste sábado, Letta reuniu-se com o ex-secretário-geral do Partido Democrata, Pier Luigi Bersani, e depois durante mais de duas horas com uma ampla delegação do PD, composta por Berlusconi, Alfano e Gianni Letta, conselheiro especial do Cavaliere e que também é tio de Enrico Letta.

"O PD não suporta a ideia de fazer parte de um governo de amplo acordo com Berlusconi", opinou Marcello Sorgi no jornal La Stampa.

Por sua parte, Berlusconi volta a se posicionar como figura imprescindível depois de ter sido desacreditado por escândalos sexuais e processos judiciais. Depois do anúncio da formação do novo governo, Berlusconi disse ter "actuado a favor da constituição do governo sem impor condições e sem excluir pessoas que foram ministros em governos anteriores".

"Assim, contribuímos para formar um governo em pouco tempo", enfatizou.

Já Beppe Grillo, chefe do movimento que ganhou 25% dos votos na eleição de fevereiro e tornou-se a terceira força política do país, acusou a direita e a esquerda de ignorarem as pessoas que votaram pela mudança.

"Cerca de oito milhões de italianos que votaram no Movimento 5 Estrelas são considerados invasivos (...) foram desprezados", escreveu no seu blog.

O novo governo, que prestará juramento neste domingo, agora deverá deve revelar o seu programa numa sessão do parlamento na segunda-feira.

Fonte: Rádio Moçambique - 28.04.2012

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