Por
Edwin Hounnou
O país, em
2013, vai ter eleições autárquicas nas 43 autarquias existentes e em mais
outras a criar. Seria desejável que a Força de Intervenção Rápida (FIR) nunca
fosse chamada, como tem sido prática nas eleições passadas, para acudir o
"glorioso” partido sempre que estiver em apuros, como foram
os casos de Quelimane e Inhambane. A FIR é contra levantamentos que ponham em causa
a ordem e a tranquilidade públicas, mas uma eleição não é motim nem levantamento
para alterar a ordem constitucional. Uma eleição não é golpe de estado que tem
de ser evitado com carros de assalto nem com prisões dos oponentes do partido
no poder.
O
Ministério do Interior tem agentes sufi cientes da Polícia de Protecção para não
ter de chamar a FIR. Os dirigentes do partido no poder preferem a FIR porque o
seu alto comando parece ter um pacto com o partido no poder, por isso, a sua
obediência cega e quase canina. A FIR morde a quem o seu dono mandar morder. A
presença da FIR nas assembleias de voto intimida eleitores, o que provoca a
abstenção e isso favorece a quem está no poder. Entre arriscar e ir votar para
ser batido, fi car preso e fi car em casa, é preferível fi car em casa.
O
eleitor, ao tomar esta decisão, contribui para a manutenção de predadores no
poder. A acção de magistrados partidários nas procuradorias e tribunais a somar
à violência da FIR resulta em "vitórias retumbantes" para uns
e humilhação para outros. O Procurador-geral da República, Dr. Augusto
Paulino, ainda não se pronunciou sobre a queixa do MDM, devido à exclusão
em oito dos 12 círculos eleitorais, nas eleições de 2009, protagonizada por António
Chipanga e Ezequiel Gusse, membros da Comissão Nacional de Eleições,
representando a Frelimo e a Renamo, respectivamente. Estes são suspeitos de
terem desviado documentos essenciais apensos aos processos eleitorais para
fazer cair as listas do MDM. Até agora não foram ouvidos em juízo.
Não é
justo que a Polícia continue a actuar como se fosse milícia da Frelimo pela sua
"bravura" em defesa do partido no poder e profundo ódio pela
oposição. Vale aqui recordar que a FIR recebe dos impostos de todos os
cidadãos, mas, ela bate, invade as assembleias de voto, prende brigadistas da
opsição e deixa serenos elementos do partido governamental a fazerem campanha eleitoral
e a orientarem o sentido de voto à boca das urnas. A isso a comunidade internacional
diz que as irregularidades que o partido Frelimo comete não alteram o
resultado.
Desafi
amos o Presidente da República, ministro do Interior e o comandantegeral da PRM
a não se socorrerem da FIR a fi m de manter o partido Frelimo no poder, de
maneira ilegítima. Podemos ir às eleições, como acontece em países democráticos,
sem a presença da polícia anti-motim para amedrontar eleitores das zonas
propensas à oposição, para provocar abstenção massiva. É preciso aferir a
vontade popular e isso só será possível quando o partido no poder se abster de
se socorrer do apoio da FIR.
Fonte: Correio da Manhã - 10.01.2013
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