Coisas da Nossa Terra
Por Edwin Hounou
As
pseudo-conversações entre o Governo e a Renamo poderão servir de argumento para
Guebuza “ceder” à extemporânea reivindicação da Renamo de formar um Governo de
Transição e ele aparecer a chefiar essa brincadeira.
O Presidente
Armando Guebuza parece que não vai deixar a “Ponta Vermelha”, em 2014.
Diz que vai respeitar a Constituição, mas isso vai que há-de acontecer, a
concluir pelos cenários em curso. Tudo leva a crer que vai procurar um
artifício que possa justifi car a sua permanência no poder para além do tempo
constitucionalmente previsto. Os actos falam mais que os discursos. José E.
dos Santos, o eterno presidente de Angola, está a acumular uma fortuna
incomensurável, colocando a sua fi lha Isabel dos Santos à frente do seu
império empresarial obtido à custa do cargo que ocupa. Fez um truque na
Constituição para permitir a sua permanência no poder, fazendo-se constar à
cabeça de lista do partido suposto o mais votado.
Não há
nenhuma movimentação no partido Frelimo que mostre quem será o seu candidato
para as eleições presidenciais de 2014. As fi guras proeminentes, tais como Eduardo
Mulémbwè, Luísa Diogo e Aires Aly, foram encostadas. Isso é motivo
para suspeitar que Guebuza vai continuar na “Ponta Vermelha”. As
pseudoconversações entre o Governo e a Renamo poderão servir de argumento para
Guebuza “ceder” à extemporânea reivindicação da Renamo de formar
um Governo de Transição e ele aparecer a chefi ar essa brincadeira. Assim,
permanecerá no poder por mais cinco anos. Uma outra razão é a necessidade de
Guebuza consolidar e ampliar o seu império empresarial conseguido por métodos
não comuns em sociedades de Direito.
Não
passa despercebida a publicidade que o Governo pôs na Rádio Moçambique em
que aparecem vozes a dizer que “a minha vida mudou graças a Guebas”,
“Quando Guebas promete, cumpre mesmo”. Não vale a pena perder
tempo a enumerar mil promessas eleitorais que não foram cumpridas e para não
falar da pobreza que aumentou em vários sectores da população. Se tudo anda às
mil maravilhas, por que motivo os contribuintes para o Orçamento do Estado
reclamam que há má gestão de fundos públicos, por isso, estão a retirar os seus
apoios ao Governo? Serão eles “apóstolos da desgraça” ou “críticos
profissionais”? Quem anda errado: somos nós ou o Governo que pretende
convencer de que está a fazermaravilhas e o mau da fi ta somos nós que não
conseguimos ver nada?
Fonte: Correio da Manhã - 08.01.2013
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