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terça-feira, dezembro 04, 2012

Polícia continua a ser usada como instrumento de repressão nas eleições

Acusam partidos no seminário do Observatório Eleitoral, em Manica.

O Observatório Eleitoral juntou, semana finda, na capital provincial de Manica, Chimoio, todos os intervenientes do processo eleitoral, onde estiveram representantes dos partidos Frelimo, Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e ainda membros da direcção do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique, bem como órgãos da justiça de Manica.


O encontro pretendia auscultar dos intervenientes do processo opiniões divergentes à volta dos processos eleitorais em Moçambique e ainda deixar ensinamentos sobre a importância de uma convivência política harmoniosa entre os partidos e a confiança que se deve depositar nos órgãos que administram o processo, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e as Comissões Provinciais de Eleições.

Ao invés da aprendizagem, os partidos da oposição desacreditaram os órgãos eleitorais, incluindo a polícia, que é acusada de servir como instrumento de repressão aos partidos da oposição e seus apoiantes.

O coordenador do Observatório Eleitoral, Abdul Carimo, mostrou-se bastante preocupado com o ambiente vivido na sala, onde a Renamo e o MDM aproveitaram a ocasião para apresentar as suas preocupações à volta dos processos eleitorais. Na opinião deste dois partidos da oposição, os processos eleitorais caracterizam-se por situações que clarividenciam as sofisticadas manhas do partido no poder, recorrendo à sua influência nos órgãos judiciais e do Estado.

Abdul Carimo referiu que as questões levantadas são preocupantes num país como Moçambique onde, 20 anos depois de manutenção da paz, os órgão que administram os processos eleitorais ainda são encarados com desconfiança.

“O nosso interesse neste seminário era mesmo juntar os partidos e discutirmos à volta da nova postura política e democrática que pretendemos para Moçambique, tendo em conta que está em estudo a revisão da lei eleitoral. e, gostaríamos encontrar aqui algumas contribuições para que haja maior harmonia política entre os partidos e confiança dos órgãos que administram o processo”.

Manuel de Sousa, delegado provincial do MDM em Manica, deu exemplo de como o seu partido foi impedido de concorrer em todas as províncias nas eleições gerais de 2009, das detenções dos seus simpatizantes nas eleições intercalares de Inhambane, ocorridas ainda este ano, e as vandalizações das suas bandeiras, particularmente na província de Manica, em que a polícia constituiu a principal peça para a descredibilidade e confiança dos partidos da oposição.

Fonte: O País - 04.12.2012

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