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terça-feira, julho 24, 2012

Raptos em Maputo e Matola: Conheça o espólio de luxo nas mãos dos sequestradores

Na sequência do trabalho operativo realizado pela Polícia foi possível recuperar 22 viaturas, seis das quais mini-buses usadas pelos sequestradores para transportar as suas vítimas. As restantes foram compradas com o produto dos sequestros e mostravam a ostentação que o grupo exibia.
Um turismo de marca Honda circulava com a esposa do cabecilha Angolano, e as restantes andavam com os restantes membros da rede, contando-se Mercedes Benz, Toyota Elegrand, Surf, Hilux, Corolla e Nissan, todos da última geração.

Foram ainda recuperados 14 celulares que eram usados pelas vítimas nos seus variados contactos tanto entre si, assim como com os familiares das vítimas.

O filho do adjunto-comissário da Polícia envolvido no sequestro nega qualquer participação sua nos raptos, sublinhando apenas que foi contactado por Angolano para o transportar a troco de mil meticais.

“Nunca cheguei a desconfiar que estava com raptores. Ele apenas é meu conhecido. Sou um contabilista de profissão e não estou metido em raptos. Mesmo quando o questionei sobre a necessidade de o levar de um ponto para o outro a troco desse valor, ele (Angolano) não me falou nada de raptos, chegado ao ponto de pretender suspender o frete porque eu estava a perguntar-lhe muito. Como eu queria dinheiro, acabei aceitando e fui-lhe deixar onde ele queria. É só por isso que estou detido. Não sei nada dos raptos” – apontou o jovem indiciado.

Por seu turno, Angolano afasta qualquer envolvimento da sua esposa nos sequestros. Aliás, a própria negou que alguma vez chegou a saber da participação do marido nos raptos, admitindo apenas ter utilizado o dinheiro.

“Ele só vinha com dinheiro mas sem nunca me dizer de onde provinha. Homem que é homem mente, por isso que fui enganada. Mal o conheço porque estamos juntos há poucos meses. Eu apenas recebia e utilizava. Já questionei e ele inventava justificações. São várias coisas que ele comprava com o dinheiro” – disse a jovem debaixo de lágrimas.

Entretanto, a Polícia mostrou-se bastante encorajado com o decurso das investigações e prometeu mais surpresas para breve. De acordo com Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique e que ontem trabalhou com a Imprensa, sublinhou que o trabalho no terreno continua, de modo a colher mais dados que possam esclarecer ao mínimo detalhe, tudo o que gira em torno dos raptos que tiveram lugar nos últimos meses no país, em particular na cidade de Maputo.

Na zona da Tricamo, no bairro de Mahlampsene, os sequestradores não encontraram vida fácil para conseguir o arrendamento daquele que viria a ser o terceiro cativeiro das suas vítimas. Primeiro foi o próprio Angolano que contactou o proprietário da mesma, de nome A. Zandamela. Este exigiu um contrato por escrito para poder ceder a casa.

Mesmo estando em obras, Angolano insistia, segundo o dono, que queria arrendar aquele espaço para habitar. Porque o proprietário teimava em assinar um contrato envolvendo o seu advogado, Angolano acabou recuando na ideia e pediu a intervenção de uma outra pessoa. Foi este intermediário, segundo Zandamela, que conseguiu convencê-lo usando papéis de uma firma de negócios na praça e talões de depósito. Ao ver estes documentos, Zandamela disse que aceitou assinar o contrato com uma renda mensal de 25 mil meticais. A casa foi usada por três meses para esconder parte das vítimas raptadas.

“Informei que a casa estava em obras mas eles não quiseram saber. Arrendaram por três meses e nem chegaram ao fim. Abandonaram o local sem dizer nada e nunca soube que a mesma era usada para esconder vítimas raptadas” – disse o proprietário de uma das casas usadas pela rede criminosa.

Entretanto, a quarta casa onde supostamente foram guardadas as vítimas não chegou a ser visitada pela Imprensa, visto que a Polícia ainda está a trabalhar no assunto.

(Com jornalnoticias.co.mz e imagens do Diário de Moçambique) in Rádio Moçambique – 25.07.2012

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