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segunda-feira, julho 16, 2012

Em Africa há Governos (In)amovíveis


Por Ivone Soares*

Falar de África, dos africanos, dos Governos e suas excentricidades é sem duvida apaixonante. Encontramos um pouco de tudo no continente africano e, particularmente, sendo eu jovem, adoro inteirar-me do que se passa nos países da região, dos problemas e progressos que o continente tem e regista. Para tal, tenho lido muito sobre a minha África sobre o seu passado e converso com os mais velhos, “arranco-lhes” histórias que não estão escritas e perpetuadas em parte alguma, delicio-me convivendo com esses ‘’poços de sabedoria’’ e deleito-me a cada nova narrativa que leio. Claramente, nota-se que tenho muito amor pelo meu continente, pelo meu país, Moçambique, e é por amar a minha terra que me custa calar quando julgo ter uma opinião a emitir.


Nao fosse a corrupção, as guerras, a cobiça desmedida de alguns governantes africanos... não fossem as crises, epidemias, as bolsas de fome, a subnutrição, miséria, calamidades, baixa esperança de vida, alta mortalidade infantil...nao fosse a mania de certos dirigentes imporem seus governos inamovíveis, totalitários, gestores de tudo e mais alguma coisa (onde seus partidários gerem as participações do Estado desde o nível macro até aoâmbito informal)...não fosse o fraco investimento na educação para acabar com o analfabetismo, não fosse a existência de tantos conflitos eu escreveria muitas linhas cor-de-rosa.

Tão rico como se tem mostrado, no continente africano ainda persiste a pobreza absoluta. O exemplo mais gritante que me salta aos olhos agora é dos luxuosos hoteis que vao sendo erguidos na capital africana e que contrastam com as casas de palha, madeira e zinco, casas de pau-pique.

Em nome do desenvolvimento, a riqueza extrema coabita com a pobreza absoluta. Com muitas desvantagens pós-coloniais, a África e os africanos sofrem. O crime, a cobiça e a morte parece que viraram a ordem do dia, fazem parte do nosso dia a dia, do nosso quotidiano.

Tendo um pouco de tempo, recomendo o filme Affrica Addio, feito por italianos, nos anos 60. A confusão então ficcionada, hoje continua.

Não estranha que uns prefiram dinheiro fácil e aos seus dão de beber na fonte. O dizer popular dos nossos dias é follow the money ou seja, acompanhe o dinheiro, saber onde ele flui ou vai... tornou-se uma vantagem competitiva.

Devemos debater-nos por ter Governos que pautem pela transparência. Enquanto os Governos sangue-sugas são pela invisibilidade, os governados querem transparência e puxam a corda.

De forma interessante estou a testemunhar aqui nos Estados Unidos da América como flui a democracia, a transparência e como actuam os Políticos na Oposição, a sociedade civil, a comunicação social. Enfim, qualquer cidadão pode aceder as contas públicas, suas cifras e seu destino sem precisar de artemanhas...estou a falar da maior democracia do mundo que são os USA. Dirão que sou anti-patriota, mas precavi-me nos primeiros parágrafos. Deixei bem claro quanto amo o meu continente, o quanto amo Moçambique. Os Americanos, os Europeus, deixam acessíveis os budgets e sua aplicação em nome da transparência. O porquê de alguns governos africanos serem pela invisibilidade? Nem sei responder!

Nalguns paises desenvolvidos, para se efectuar um lançamento público de bónus na praça internacional, especialmente nos EUA e Japão, prescreve-se que o pedido de registro e o prospecto contenham a plena divulgação das cifras nacionais.

No nosso caso, acontece tudo ao contrário. As cifras de muitos países africanos vivem na escuridão, impossibilitando-os de fazer emissões internacionais, obrigando-os a depender mais de ajuda externa e de fontes suspeitas.

É evidente no caso de Angola, o FMI tem criticado a falta de transparência. No nosso país os vários relatórios, até internos, não fogem a esta regra. Imaginemos a confusão das contas da Guiné-Bissau!

É hora de os governos (ou governantes) africanos reconhecerem que têm responsabilidades pelo progresso dos seus povos e comecem a comportar-se adequada e transparentemente.

*Comunicologa, Deputada
Gabinete da Juventude Parlamentar-2a Vice Presidente
Comissão das Relações Internacionais-Presidente Adjunta

1 comentário:

  1. Podem ver o filme completo em
    http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/06/%C3%A1frica-adeus-documento-duro-e-impressionante-de-gualtiero-jacopetti-e-franco-e-prosperi2h18m.html
    Fernando Gil

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