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quarta-feira, abril 04, 2012

Democracia, alternância e o imperativo da ruptura


Por Edgar Barroso

Eleições “intercalares” em Inhambane

 Maputo (Canalmoz) - A campanha eleitoral para as Intercalares em Inhambane começou... Trata-se de mais uma oportunidade que se oferece à nossa jovem democracia para amadurecer o nosso sentido de cidadania, de consciência política e de salvaguarda as nossas pretensões, interesses e aspirações como povo. As eleições intercalares vão acontecer em Inhambane mas fazem parte de um todo como nação, daí o especial interesse nelas. Poderia ser num outro ponto qualquer de Moçambique... Inhambane é só o foco actual.

Mais do que verborreias falaciosas de continuidade, alicerçadas invariavelmente em demagógicas referências a símbolos saudosistas de um passado suspeito ou de um futuro melhor que sempre morreu estampado em camisetes, capulanas, lenços, cartazes e painéis de MENTIRAS INSTITUCIONALIZADAS, Inhambane abre as portas para o triunfo de um PROJECTO ALTERNATIVO na condução dos legítimos anseios do seu povo. Uma voz distinta dos agentes perpetuadores da miséria, analfabetismo, incompetência, arrogância, negligência, exploração, marginalização e subdesenvolvimento que permaneceram praticamente intactos durante mais de 37 anos, favorecendo um ARQUIPÉLAGO DE PRIVILEGIADOS associados ao regime do dia, insurgiu-se para resgatar a dignidade dos naturais e residentes naquele município. Com efeito, é chegado o tempo de resignação para aqueles que quase nada fizeram para mudar o estágio de manifesta exclusão da grande maioria daquele povo nos benefícios dos recursos locais e da inaceitável estagnação e isolamento daquela urbe, no concerto dos grandes focos civilizacionais deste país. Chegou o momento da alternância.

No governo do povo, pelo povo e para o povo, expressão básica do conceito tangível de democracia, torna-se imprescindível a alternância no poder... Incontestavelmente, sempre foi uma nata bem identificada de favorecidos que governou Inhambane. Um governo das elites, pelas elites e para as elites! Hoje, mais do que nunca, mostra-se um IMPERATIVO HISTÓRICO desfazer o que foi feito (pelas elites egocêntricas locais e para a sua individualizada sobrevivência, manutenção e reiterada exploração sobre as massas desprivilegiadas) e o refazer de um outro jeito (como verdadeiro povo de Inhambane, sumariamente marginalizado no acesso a recursos, serviços públicos de qualidade e efectivas oportunidades de afirmação e de realização colectiva). É chegado o tempo de resgatar as riquezas, potencialidades e oportunidades de Inhambane da QUADRILHA ORGANIZADA de uma dúzia e meia de ladrões disfarçados de benfeitores (alguns locais e outros de origem estranha à cidade e arredores). É chegado o tempo de parar com a EXPLORAÇÃO INDISCRIMINADA de tudo o que Inhambane tem de bom e do melhor, para o benefício de uma ínfima parte dos seus nativos, de seus comparsas e aliados, em prejuízo último da vasta maioria dos seus filhos legítimos e herdeiros naturais dos seus recursos. Inhambane pode ser mais do que tem sido... Inhambane não pode continuar a ser eterno refém da sanzala de Maputo, nem a galinha de ovos de ouro dos APETITES CLEPTOCRÁTICOS da elite baptizada pelo sistema vermelho. Continuidade é uma eterna estaca zero para as aspirações libertárias de quem viveu sempre à margem da sua emancipação como povo e como cidadão.

É tempo de se distanciar de quem sempre viveu e reinou isolado do povo, aliado a interesses esclavagistas e externos à cidade de Inhambane… É tempo de se cortar o apodrecido cordão que torna os Inhambanenses eternamente ligados à subjugação do umbigo dos que sempre os exploraram, marginalizaram e empobreceram. É tempo de dizer basta à passividade, olhando impávidos e serenos para um GRUPO DE OPRESSORES tornando a cidade de Inhambane num eterno banquete de festas onde, entre goles de champanhe e bocados de caviar, ensaiam mais um plano para adormecer as legitimas aspirações do seu povo e continuar o inadmissível... O povo de Inhambane precisa de dizer, nestas eleições intercalares, que não tem nada para continuar. Que não pode continuar a empobrecer e a viver miseravelmente, a leste das suas potencialidades e do seu próprio destino. Que não pode continuar a ser governada por ladrões, incompetentes e senhores feudais, em pleno século XXI... Inhambane tem é que ROMPER COM AS GRADES DA OPRESSÃO e, tal como as cidades da Beira e de Quelimane, passar ela própria, através dos seus genuínos filhos, nascidos das suas próprias entranhas, assumir o seu destino de forma autónoma, responsável, democrática e proactiva. É esta a mensagem que tem de ser transmitida aos jovens e demais eleitores de Inhambane, que nada tem a dever à partido nenhum deste país se não a si mesmos. VOTAR NA RUPTURA É UM IMPERATIVO DE CIDADANIA! 


Fonte: Canalmoz - 04.03.2012

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