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sexta-feira, março 30, 2012

Trabalhadores dos TPM exigem suspensão dos descontos à Frelimo

Medida vigora na empresa há mais de 11 anos

Abaixo-assinado endereçado à PCA, em Janeiro, ainda não tem resposta. A número um dos TPM diz que só cancela os descontos se receber uma comunicação da célula do partido Frelimo ao nível da empresa.


Um grupo de 68 trabalhadores da companhia Transportes Públicos de Maputo (TPM) elaborou um abaixo-assinado, em Janeiro passado, à administração da empresa, onde exige o cancelamento dos descontos que lhes são feitos aos seus salários e canalizados à célula do partido Frelimo e ao comité sindical local.
Os descontos correspondem ao valor de 1% do salário mensal para cada uma das organizações, foram acordados, por escrito, entre o agente empregador e os trabalhadores durante a assinatura do contrato de trabalho.
Porém, nem todos estão satisfeitos e chegam mesmo a afirmar que tiveram que autorizar os descontos como condição para a admissão à transportadora.
No abaixo-assinado, destinado à presidente do Conselho de Administração dos TPM, Maria Iolanda Wane, os 68 trabalhadores dizem que “esta decisão colectiva surge pelo facto de não haver transparência e protecção do trabalhador, missão pela qual foram eleitos e incumbidos” a célula do partido e os representantes do sindicato.
A reivindicação foi depositada em Janeiro deste ano junto ao gabinete da PCA, mas os salários dos 68 subscritores da solicitação colectiva a Maria Wane, referentes aos meses de Fevereiro e Março, foram cortados para alimentar aquelas duas organizações. Isto é, mesmo com o abaixo-assinado nas mãos, a tesouraria dos TPM transferiu 1% de cada um dos ordenados dos trabalhadores para a conta da célula da Frelimo e do comité sindical, dos salários dos meses de Janeiro a Março deste ano.
O estranho é que imediatamente à pressão ao Conselho de Administração, um dos trabalhadores que promoveu a recolha de assinaturas, de nome Maurício Manhice, foi despromovido da categoria profissional de Guarda “A” para a imediatamente inferior, por um período de dois meses.
Maurício Manhice foi acusado de agitação, juntamente com outros colegas, e de ter ocultado o verdadeiro motivo do abaixo-assinado. “O arguido e os restantes trabalhadores criaram agitação, reivindicando os descontos no salário para as contas do sindicato e do partido Frelimo, quando o seu objectivo era outro, o de manifestar a decisão de suspensão do acordo de desconto salarial com o supermercado Twingo”, lê-se na nota de culpa, na posse do “O País”.
Na verdade, a administração dos TPM eliminou, alegando ter recebido recomendação do Tribunal Administrativo, a possibilidade dos trabalhadores levantarem produtos alimentares no supermercado Twingo para posterior retenção na fonte.
Entretanto, o argumento da transportadora para punir um dos seus trabalhadores é subjectivo. É que a própria empresa assume que a agitação foi provocada pelo abaixo-assinado, mas diz ao mesmo tempo que o objectivo não era esse.
Ora, “O País” tem em mãos o documento assinado por 68 trabalhadores no mesmo dia e hora em que os TPM dizem que o objectivo dos trabalhadores era reivindicar a suspensão do levantamento de produtos no supermercado Twingo. Ou seja, o único dado objectivo – isso a própria TPM assume na sua resposta - é o abaixo-assinado à presidente do Conselho de Administração.

Fonte:O País 
- 30.03.2013

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