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segunda-feira, outubro 31, 2011

Uma formação deficitária para uma profissão de vida ou morte

A formação de médicos em Moçambique não está bem. O sentimento é dos próprios médicos e foi manifestado última sexta-feira, numa conferência nacional organizada pela Ordem dos Médicos de Moçambique, com o objectivo de criar um fórum de discussão aberta sobre os principais problemas que afectam a formação naquela área no país, trocar experiências e definir estratégias para garantir qualidade da educação em medicina, bem como definir papéis e responsabilidades dos diferentes intervenientes no processo de formação.

Tomaram parte do encontro vários convidados que, directa ou indirectamente, têm responsabilidade na formação de médicos no país, com destaque para reitores de universidades (UEM, Unilúrio, Unizambeze, UCM, ISCTEM); directores de faculdades de Medicina (UEM, Unilúrio, Unizambeze, UCM, ISCTEM); institutos de formação em medicina (ISCISA); sociedade civil, jornalistas; confissões religiosas; Liga dos Direitos Humanos; governo na qualidade de regulador, representado pelo ministro da Saúde, Alexandre Manguele, e do Ministério da Educação, representado pela sua vice-ministra, Leda hugo, entre outros.

O debate foi intenso e nalgum momento controverso. Mas apesar das diferenças de ideias, houve consenso por parte de todos os intervenientes, de que a formação do pessoal médico em Moçambique não goza de boa saúde.

São vários os motivos apontados como causa deste dilema, que tomou de assalto as “faculdades de medicina” das instituições de ensino superior no país.

Uns defendem que o problema começa logo no ensino secundário. Os defensores desta corrente entendem ser impossível ter um bom estudante de medicina quando o mesmo foi mal preparado no ensino pré-universitário. Como solução, apontam para a necessidade de se massificar a qualidade de ensino neste nível e dizem que o processo de admissão devia seguir um critério claro. Ou seja, o desempenho do estudante é que devia determinar o seu ingresso no ensino superior.

Alguns intervenientes, na sua maioria, defendem a uniformização dos currículos dentro das universidades que leccionam o curso de medicina, e outros criticam a duração dos cursos, bem como a própria qualidade dos docentes.

Mas o reitor da Universidade de Lúrio, um braço da Universidade Eduardo Mondlane, baseado na cidade de Nampula, Jorge Ferrão, foi mais a fundo da questão. Defende que o ensino de medicina no país deve ser planificado, tal como qualquer área do saber. Para este, a uniformização de currículos até nem chega a ser grande preocupação porque acredita que essa “independência” traria maior criatividade por parte das instituições.

Fonte: O País online - 31.10.2011

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