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sexta-feira, outubro 21, 2011

AUTORIDADES NEGAM FOME “ALARMANTE” EM MOÇAMBIQUE

Chimoio (Moçambique), 21 Out (AIM) – O director nacional da Agricultura, Momed Valá, nega a classificação “alarmante” atribuída a Moçambique pelo Índice Global da Fome (IGF) 2011, justificando que “a situação de fome no país não é alarmante”.

No seu relatório divulgado na semana passada por ocasião da passagem do Dia Mundial da Alimentação, no dia 16, o Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas de Alimentação (IFPRI) lançou o IGF 2011, em que se coloca Moçambique na classificação “alarmante”.

Mas essa classificação significa uma melhoria da situação do país, em comparação com as edições anteriores. A pesquisa indica que, em termos de progressos absolutos, Moçambique está entre os países que tiveram os maiores progressos nos períodos entre o IGF 1990 e IGF 2011, tendo saído da classificação de “extremamente alarmante” para a de “alarmante”.

Na sua avaliação, o IGF considera as classificações “extremamente alarmante”, “alarmante”, “grave”, “moderada” e “baixa”, considerando pontuações obtidas na base de três indicadores: proporção da população sub nutrida; proporção de crianças com menos de cinco anos com peso baixa; e o índice de mortalidade infantil.

Na presente edição, este relatório também deu um enfoque particular ao problema da subida de preços e volatilidade de alimentos, que se entende tenha desempenhado um grande papel nas crises globais de alimentos de 2007/2008 e 2010.

O documento indica que muitas pessoas já pobres dedicaram grande parte dos seus rendimentos para a alimentação e a subida dos preços de comida deixou-lhes incapazes de custear as despesas de alimentação, cuidados de saúde, habitação, educação, entre outros bens e serviços básicos que precisassem.

Contudo, Momed Valá não está satisfeito nem convencido com a classificação atribuída pelo IFPRI, considerando que, nos últimos anos, nunca ninguém morreu por causa de fome em Moçambique.

“Não há ninguém que possa provar isso. Agora que haja problemas de subnutrição no mundo rural concordo, ai podemos falar juntos”, disse a fonte, falando em Chimoio, capital provincial da Zambézia, em entrevista a AIM.

“Não há nenhuma pessoa na Zambézia e em Nampula, por exemplo, que não tenha acesso à mandioca para comer. Mas a mandioca só resolve o carbohidrato e continuamos a ver crianças subnutridas porque estão pouco vitaminadas”, acrescentou ele.

Segundo Valá, esse problema agora constitui um dos grandes desafios do Governo e nesse sentido, é também importante trabalhar no sentido de mudar os hábitos alimentares das comunidades rurais.

“Eu fiz uma luta titânica, quando eu cheguei a Zambézia (na qualidade de director provincial da Agricultura) não havia nem cultura de comer tomate, tinham medo de comer tomate, hoje os mercados estão inundados de tomate. Foi um trabalho árduo, foi um investimento feito”, sublinhou a fonte.

De acordo com a fonte, essa mudança também se verifica em diversos outros pontos do país, como são os casos dos distritos de Angoche e Moma (província nortenha de Nampula), onde já comem a chima com molho, não apenas com peixe seco, como faziam antes.

“Os analistas, muitas vezes não vêem isso”, disse ele, sublinhando, no entanto, a importância do Governo reforçar a educação nutricional, particularmente nas áreas rurais, para que as pessoas tenham melhores hábitos alimentares.

Entretanto, Valá admitiu a existência de alguns casos “isolados” de fome em determinadas áreas do país, consideradas impróprias para a actividade agrícola.

“Em zonas inóspitas, como Chigubo, por exemplo, há sempre duas/ três famílias com problema de falta de alimentação, mas não há alarme nenhum. Digo-te, em abono da verdade, nós podemos percorrer este país todo e não encontraremos nenhuma situação alarmante”, disse ele.

Segundo a fonte, neste momento não há dados actualizados da situação de fome no país, mas a última avaliação do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) terminada em Abril indica a existência de cerca de 300 mil pessoas na condição de “alguma vulnerabilidade”.

“Vulnerabilidade não significa fome, não é sinónimo de fome. É um indivíduo que contava ter uma produção de 20 sacos de milho, mas por causa de uma praga, ao invés de 20 teve 12 sacos e por causa disso a família tem que viver um pouco apertada, mas não vive com fome”, referiu ele.
(AIM)
MM/dt

Fonte: AIM - 22.10.2011

Reflectindo: será que há uma possibilidade de ouvirmos um discurso diferente quando os "representantes" são os consumidores de calorias ao excesso?

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