Há concidadãos, que gritam em todo lado que em Moçambique não há oposição. Tenho me questionado se isso também significa que não há posição. A história política no mundo me deixa com este questionamento. Não vou longe, senão naquilo que observei e muitos dos leitores experimentaram.
Ora quando o Muro de Berlim quedou nos finais da década 90, no século passado, nos países do Leste da Europa, reinava o monopartidarismo cujos partidos eram os comunistas. Com a queda do muro e a desintegração da União Soviética e integração da Alemanha, os países ora com regime monopartidário passaram para o regime multipartidário. Em muitos desses países, senão todos, ascenderam ao poder partidos liberais. Muitos dos partidos comunistas que dominavam na totalidade, quase que desapareceram ou se tornaram minoritários, isto incluindo a Rússia, o ex-centro do sistema comunista. Donde vinham os liberais?
Na era colonial em Moçambique era proíbido a constituição de oposição ao regime colonial. Para controlar que não houvesse oposição e combater qualquer tendência de oposição, o regime colonial tinha a PIDE por todos os cantos. Para provar que a PIDE tinha acção até lá no campo, na minha terra em Nampula, haviam os seus colaboradores conhecidos por “amawiryana” o que numa tradução livre minha, significa espiões em emackwa. Eu era pequeno na altura, mas lembro-me que os meus pais me alertavam que tal fulano era “mawiryana”. Mas será que por essa razão faltou oposição ao regime colonial? Lendo a história de Moçambique, sobretudo das décadas 60 e 70, para quem não viveu essa altura, sabe-se que os moçambicanos conseguiram romper todas as barreiras, incluindo as económicas para se opôr com o sucesso ao regime.
Após a independência do país, apesar da própria experiência, instalou-se no país um regime monopartidarista e totalitário; proibiu-se a constituição de partidos de oposição; os desintegrados da FRELIMO ou os com ideias de constituir partidos de oposição, foram perseguidos, alguns deles presos e enviados para os lugares como M’telela onde acabaram de ser executados. Os que conseguiram escapar, foram ao exílio. Assim “acabava-se” com a chatice das tentativas de oposição à FRELIMO que depois passou a ser Frelimo. Entretanto, muitos anos não passaram até que um movimento sério nascesse para contestar o partido único, até que a Frelimo percebeu que havia oposição e o melhor era que ela viesse fazer essa oposição abertamente na Assembleia da República.
Porém, como a memória é geralmente curta, esqueceu-se o passado recente e entendeu-se que o melhor seria reduzir à insignifância a oposição na Assembleia da República. Assim, julgavam eles, os estrategas, que tinha-se a mão livre para se fazer agora e no futuro como se fez antes. Fez, faz e fará.
Surpreendentemente, reduzir a oposição parlamentar à sua própria insignifância fez com que se notasse imediatamente que existia uma oposição na verdade mais forte que a posição. Os doadores tomaram o verdadeiro papel da oposição. A festa da posição terminou, mas em abono de verdade, a oposição partidária viu deluido o seu papel e duma ou doutra todos se renderam...
Ainda, nos dias 1, 2 e 3 de Setembro, veio a tona e como tsunami, uma outra oposição que nas ruas das cidades de Maputo e Matola, nas barbas do governo central desafiou de forma violenta a posição (o governo). Nos primeiros momentos, o poder confundiu esta oposição “popular” da oposição parlamentar a qual sempre dominou com uma certa facilidade, mas no fim e até agora é visível que o partido no poder reconhece a força desta oposição. Em abono da verdade, a oposição “popular” humilhou a oposição partidária e sobretudo a parlamentar, apesar de alguma justificação que esta última encontra. Isto para não falar só da humilhação à posição. Em Moçambique não existe oposição?
No Norte de África
No Egiptoe e Túnisia, na prática a oposição fora “banida” ou reduzida à insignificância. Por algumas décadas dominavam inconstestavelmente os partidos de Hosni Mubarak e Ben Ali. De repente, multidões ou seja milhares de egícios e tunisinos foram às praças e ruas das capitais para opôr-se aos presidentes e respectivos partidos. Diferentemente da maneira como se contesta e ganha o poder com uma oposição parlamentar, ali as coisas foram curtas e grossas. Em poucas semanas de protestos, os presidentes abandonaram o poder, membros tidos com influentes resignaram-se dos respectivos partidos e para a sua agravação, os partidos foram banidos – uma outra confusão. Será que no Egípto e Tunísia não havia oposição?
Na Líbia, Muammar Gaddafi fez a questão de banir o sistema de partidos para PARTIDO ser ele próprio – O Guia. Dessa maneira talvez os seus opositores só podiam ser pessoas e não uma organização/associação. Mas quem se atreveu e o que lhe aconteceu? Talvez Gaddafi tenha sido muito esperto e daí ter conseguido governar a Líbia durante quatro décadas sem que se organizasse um grupo forte que o contestasse. Porém, bastou que a chance aparecesse na região para os seus mais próximos como é o caso dos ministros dos negócios estrangeiros e interior, oficiais do exército, diplomatas para abandonarem o Guia e juntarem-se aos opositores das ruas, constituindo uma rebelião armada. E será verdade que na Líbia não havia oposição?
Esta crónica é simplesmente minha reflexão sobre o discurso de que em Moçambique não há oposição e a festa que se faz em volta desse discurso. E qual é a oposição que preferimos.
Feliz Páscoa para os cristãos.
Interessante a tua reflexão|
ResponderEliminarComo sempre digo, o tempo é Mestre!
Sempre existiu a oposição em Moçambique,mesmo lá dentro da frelimo e cá fora. é uma questão de tempo...
Feliz Páscoa para os cristãos.
ResponderEliminarKarim
ResponderEliminarObrigado, mano.
Um abraco
Linette
ResponderEliminarAlguns dispensam reflexões e usam apenas emoções em assuntos que não conhecem, mas a história diz muita coisa.
caro reflectindo,
ResponderEliminarsou dos que têm comentado os problemas do mdm. estava à espera de ler a sua opinião sobre este assunto porque geralmente tem dado na cara. acho este texto algo decepcionante, pois levanta simplesmente questões que não têm muito a ver com o que se está a passar no interior dum partido que foi festejado no país (com ou sem razão) como uma esperança. pelo que tenho entendido das discussões, não se está propriamente a dizer que não há oposição em moçambique. está se a dizer que a oposição é fraca. pode ser que a frelimo esteja por detrás da crise por todas as razões conspiratórias que gostamos de apresentar. mas isso não muda nada em relação ao que aqueles que se consideram oposição devem fazer para que realmente sejam oposição. mesmo supondo que haja uma cultura política promovida pela frelimo contra a emergência duma oposição credível o desafio para aquele que se considera da oposição é reflectir sobre o que deve fazer para, mesmo assim, identificar espaços de manobra. eu acho que você deve isso à sua consciência como alguém que se considera da oposição.
cumprimentos
elísio macamo
Caro Elísio
ResponderEliminarReflectindo profundamente acha o caro Elísio que tenho que vir para qualquer lugar tratar de um assunto interno do MDM? Gostaria, caro Elísio, que toda a gente tratasse assuntos duma organização partidária nos blogs?
Bom, eu só posso o dizer que desde à formação do MDM tenho tentado tratar dos assuntos de fundo do partido lá dentro e com as pessoas que estejam para ajudá-lo a ultrapassar qualquer que seja o problema. Se isto é coerente ou não, eu não sei.
Mas para o Elísio não dizer que eu não tenho opinião sobre o que se ouve e se lê por aí, para mim, tudo depende de como a liderança e os membros do MDM vão gerir a situação. De crises todos partidos têm passado.
Não vou discutir sobre o seu entendido das discussões porque pode ser que você tenha razão, dependendo do que tem ouvido ou lido, onde tem tido essa discussão e com quem sobre o assunto da oposição em Moçambique. Mas o que eu escrevi sobre esse pronunciamento de que em Moçambique não há oposição é exactamente o que se diz por aí. Os autores desse discurso sabem que não estou aqui a INVENTAR NADA. Muitos leitores deste texto conhecem perfeitamente os principais autores desse discurso. Não quis e nem quero falar dos nomes porque a mim, mais interessou, interessa e mesmo interessará confrontar com esse discurso que geralmente nada tem com o MDM ou seja qual for o partido, incluindo o do poder. Isso mesmo que alguns pensem que falam de deste ou daquele partido. Aliás, a minha reflexão pode até referir aos partidos em si, entanto que organizações. Lá se pode reflectir se todos os membros pensam da mesma maneira sobre tudo o que se decide e faz?
Descrevi a minha experiência que quando a mim, a oposição sempre existe mesmo quando ela não é permitida.
Um abraco
caro reflectindo,
ResponderEliminarnão, não acho que deva ir comentar coisas do partido em qualquer lugar. também não o abordei como membro dum partido, mas sim como alguém que tem participado na discussão pública sobre este tipo de questões. achei o seu silêncio estranho e quando o vi quebrado esperava mais do que apresentou. parece-me um truísmo dizer que há oposição em moçambique. é claro que há, sempre houve e sempre haverá, por mais fraca que for e por muito que seja perseguida ou "infiltrata" como sugere noé nhantumbo num texto recente. nada disto absolve seja quem for, sobretudo os que se consideram da oposição e viram no mdm uma esperança, da necessidade de reflectir sobre o que esta crise significa para a democracia e para os democratas. os eventos de 1 e 2 de setembro foram para mim, e disse-o na altura, uma forte indicação da fraqueza da oposição. esse foi para mim o aspecto mais assustador daqueles actos de vandalismo.
abraços
elísio macamo
Visto,
ResponderEliminarLido,
Compreendido,
E porque hoje é dia de perdão,
PASSA.
Zicomo
A hitoria politica do moçambique independente, teve um caso particular, na medida em que a oposiçäo, antes de sê-lo foi convidada, se näo convencida, a fazer parte da posiçäo, antes de ter a oportunidade de ser uma oposiçäo claro. Me explico, todos os partidos existentes em Moçambique, antes da independência, que tinham como objectivo a libertaçäo do pais, foram convidados a se fundirem num e unico partido: VIVA A FRELIMO.
ResponderEliminarDepois da independência näo se permitiram rectaguardas. Por força dessa negaçäo, o que surgiu, para mim podia ser chamado de "Reoposiçäo", pois, um dia foi oposiäo, noutro oposiçäo e depois quis se reopôr.
A verdade é que seja como quisermos chamar: oposiçäo ou "reoposiçäo", grupos do généro ainda näo demostraram ter fibra para se fazerem sentir como tal. Pessoalmente acho que ainda surgirà uma OPOSICÄO, até aqui..., so vejo alguns senhores que formam alguns grupos de interesses que näo se distiguem dos da POSICÄO: todos à busca do engradecimento barigal,(a tal curva de felicidade), discuçäo sobre os bens matériais e muitas outras doenças que caracerizam o partido no poder.
Bolas, ainda näo nasceu nenhuma oposiçäo, näo sou profeta mas quanso ela nascer vos-ei-de dizer, sem colocar a possibilidade de sempre ser um aborto.
o engraçado é que no caso do MDM, podia se dizer que ele surgiu no mesmo momento em que o Obama era o top model na area politica e se a memoria näo me trai, a voz do Tsvangirai também se fazia ouvir na mesma época. Hoje näo sei por onde é festejada a gloria de Obama, näo sei qual é a opiniäo dos seguidores do MDM e näo sei que rumo toma o MDC do Tsvangirai.
Automaticamente nasci filho da FRELIMO, mas vos digo: estou muito cansado desse castigo. Mas quem sabe, um dia ainda crio, com uns amigos, um partido. Acho que so assim poderei näo fazer parte, nem dum nem doutro desses partidos vergonhosos que passeiam a classe por cà.
Félix
Tenho reparado que alguns frelimistas não conseguem disfarçar a felicidade por mais uma alegada crise na Oposição. Enquanto esfregam as maos cheios de contentamento e arrogancia, vão gritando aos quatro ventos que em Moçambique não há Oposição à Frelimo e a que temos não presta.Tenho a certeza que estes argumentos tambem foram usados no Egipto e Tunisia, todos conhecemos o resultado dessas mentiras.
ResponderEliminarOutros frelimistas lamentam as crises, afirmando que a Oposição é necessária mas a que temos é inútil. Devem ser lágrimas de crocodilo porque poucos levantam a voz quando a Oposição é marginalizada, excluída e prejudicada. A postura desses falsos moralistas me indigna muito!
A realidade é que Moçambique jamais será um País verdadeiramente democrático sem Partidos fortes, no Governo e na Oposição.
Caro Félix
ResponderEliminarEm todas situações de partido único, directa ou indirectamente se faz convite para aderência ao partido no poder. As perseguições, execuções, exclusão, expulsões, etc., ocorrem quando há resistência e para com os resistente. Isto é para dizer que a FRELIMO não havia inventado o que Félix afirma que tenha acontecido no pós-independência e eu diria no período de transição.
EXTRAS
Quanto a Obama e Tsivangirai não entendi o que o caro Félix queria dizer. Querendo, pode se explicar. Mas se quer saber, eu ainda admiro Obama. Quanto ao MDC-T e MDC-M nunca ouvi da relação que Félix faz com o MDM. Mas espero a sua explicação para eu fazer um comentário ao encontro do seu raciocínio.
Félix afirma em ter nascido filho da FRELIMO e isso deixou-me muito confuso. A Frelimo ou um partido gera filhos? De que maneiras? E se voltarmos para a União Soviética podemos dizer que muitos dos cidadãos dos países da ex-União Soviética são filhos do Partido Comunista da União Soviética? E os filhos são netos? Pessoalmente estou a achar o seu raciocínio muito complicado tal igual é para com os funcionários públicos que dizem que são pagos pela Frelimo.
Com mais confusão, o meu caro compatriota me deixa. Diz que é filho da Frelimo, mas que está cansado com esse castigo. Seria castigo por ter pai/mãe por todo o tempo que Félix vive? Ou quer dizer por viver ainda em casa do pai/mãe –Frelimo – pelo que quer de lá sair constituindo a sua própria família..?
Por último, o Félix quer criar o seu partido (dispensando a história de pai/mãe partido), quem acreditará que não será igual a esses partidos vergonhosos que passeiam a classe por cá? Como e o quê fará o Félix para que o eleitor moçambicano acredite que o seu partido não faz e nem fará vergonhas?
Aquele abraço
Para quem quiser verificar como alguns frelimistas tratam esta questão e a falta de respeito e seriedade na abordagem, confiram este link:
ResponderEliminarhttps://www.facebook.com/linette.olofsson#!/muhate/posts/10150551274335702
Estão lá um deputado e o líder da OJM!
https://www.facebook.com/muhate/posts/10150551274335702#!/muhate/posts/10150551274335702
ResponderEliminarCaro Reflectindo,
ResponderEliminarFoi com muito gosto que li a tua reacçäo, me desculpe mas eu sempre me senti bem tratando e ser trado por tu.
Quanto a minha mençäo à Obama e o MDC, adianto te dizendo que näo hà muito de especial que me leva a fazer essas aproximaçöes. Mas te posso adiantar que uns dos motivos, mesmo que do indole leve, tu mesmo o mencionaste na tua reacçäo, quando me perguntas se na tentativa de querer criar um partido meu, me separando assim da Frelimo, serei ou näo igual aos demais partidos da oposiçäo que säo uma vergonha.
Essa questäo que me colocas, foi exactamente a que me levou a näo festejar o nascimento do MDM, a eleiçäo do Barak Obama e também a esperança vista no MDC.
Para mim, esses três acontecimentos foram vistos como capazes de mudarem o cenàrio politico em que se vivia em cada um dos paises onde surgiram, por apenas terem aparecido num momento em que os partidos no poder punham e ainda poëm à nu toda a sua incapacidade de dirigir um pais.
Pessoalmente, jà là vai muito tempo que näo aceito me deixar seduzir pelos discursos politicos.
No caso de especifico de Moçambique, o que levou e talvez ainda leve muitos à darem créditos aos partidos emergentes, do meu ponto de vista, é apenas por näo se acreditar mais nos partidos no poder e o classico da oposiçäo. Pelo menos eu näo acredito que seja porque esses partidos sejam capazes de mudarem o cénario politico que se vive em Moçambique. Mas se apenas o facto de o MDM existir, e dele se falar, muda o nosso cenario politico, entäo os que acreditam nele estäo certos.
A oposiçäo em Moçambique ainda näo està em altura de me convecer de ser uma verdadeira oposiçäo. Nela eu leio as mesmas ambiçöes que desviam o comportamento dos elementos do partido no poder. Näo é essa a oposiçäo com a qual sonho.
A ignorância do povo moçambicano é de tal ordem que basta aparecer alguém com discursos politicos mais ao menos decorados e se nomear da oposiçäo todo o mundo vai para là.
Näo é de discurso lindos que surgirà uma oposiçäo que me convença, discurso todos os partidos os fabricam, a diferença é que os do partido no poder jà nos cançaram, e como cataventos procuramos ouvir alguém que nos traz outros, mas no fim säo todos discursos e nada mais.
Continua...
...continuaçäo
ResponderEliminarDeixe-me, em traços largos tentar me explicar no que diz eu ter nascido filho da FRELIMO, atençäo que näo da Frelimo. Eu dizia que politicamente nasci automaticamente filho da FRELIMO, porque quando eu nasci o pais era ainda monopartidario, isto é, nasci antes da “reoposiçäo” da que falei.
Isso foi pela ironia do destino. E como deves saber, os partidos que depois se reoposeram, o circulo em que eu me encontrava me ensinou a vê-los como destabilizadores da ordem nacional. Até là eu näo era capaz de ponderar de uma maneira autonoma.
Hoje que começo a questionar, até no que sempre acreditei coloco em questäo.
Näo suporto quando as pessoas ,de uma maneira indirecta, me tratam de Frelimista, näo sou Frelimista, näo vejo nem a RENAMO nem o MDM como verdadeiras partidos capazes de melhorarem positivamente o nosso cenario politico.
Acho que o que devo ensinar à mim mesmo, é passar a respeitar os que escolhem acreditar na nossa oposiçäo. Para mim, a nossa oposiçäo do dia é como se um mal que deseja substituir um outro mal.
É vergonhoso como os membros da Frelimo conduzem este pais, eles näo têem nenhum respeito pelo povo, e automaticamente me sinto sem nenhum dever de respeità-los.
Durante muito tempo foram especialistas no fabrico de discursos de esperança, e até hoje nada melhorou no que toca às condiçöes basicas de sobrevivência para muitos moçambicanos.
Mas também, meu caro Reflectindo, do meu ponto de vista, näo é, nem a Renamo e nem o MDM que arisco dar os meus creditos para o melhoramento do cenario politico deste pais, como a Frelimo, säo todos um bando de ambiciosos, cuja preocupaçäo é apenas a satisfaçäo dos seus interesses materiais. Para mim, säo todos iguais, todos com ambiçöes empresariais.
Nunca acreditarei num presidente empresàrio, nunca mesmo.
O meu perdäo pela extençäo da minha reacçäo, e pela possivel incompreençäo da exposiçäo do meu raciocinio.
Félix
Caro Félix
ResponderEliminarQuestionei se em Mocambique não havia oposicão segundo certos compatriotas afirmam. Elísio Macamo respondeu que ela existia mas que era fraca. Isso eu concordo, embora não tenha percebido se ele conta com a não organizada em partido, com a latente, a discreta.
Há dezenas de partidos políticos que alegam ser da oposicão cada um com tantos membros, mas a mim parece que há tantos mais e talvez com maior número do potencial eleitoral moçambicano que a própria posição. É notável que no partido da posição estão lá oposicionista e que sem ir para longe, é o teu caso Félix, filho da FRELIMO, frelimistas (RISOS) mas muito cansado dela. São muitos que têm escrito aqui no Reflectindo que são membros da posição por cartão. São muitos que em conversas comigo que afirmam o mesmo. O problema é que essa oposição não está organizada, é dispersa e podemos continuar a questionarmo-nos do porque ela não está organizada? Talvez assim pudessemos identificar algumas razões possíveis. Aliás, temos identificado algumas delas, até os partidos políticos, incluindo o da posição têm identificado algumas razões. Entretanto, um dos problemas que temos tido, é que ninguém assume aquilo que é a sua culpa nem quer começar por corrigir os seus próprios erros, isto é, fazer a sua parte. Na visão de cada um, a culpa tem sido 100 % do outro.
Agora, o nosso povo é ignorante? Todos os moçambicanos votam/aderem num partido político por um discurso decorado? Isso não me parece, Félix. Se fosse isso, abstenções não constituiriam a maioria nos dias de votação. O problema é que as lideranças partidárias nunca levam a sério essa atitude e muito menos preverem as consequências. Mas eu penso que compreendo a quem referes como povo. Falas dos compatriotas que se tornam membros dum partido? Sendo a eles posso concordar contigo, embora parcialmente. Antes, acho que tu crias a mesma espectativa de alguns compatriotas quando falas de criar um partido porque não reflectiste ainda sobre as razões dos nossos partidos não terem pés para andar e os partidos únicos africanos que acabam de alcançar acima de 80 % de votos são destituidos e banidos. Reflicta sobre o caso do Magreb...
Há um outro problema, o qual tenho apelado aos partidários para leitura e reflexão – a maneira como os partidos políticos são geridos em África. Embora tenha-se provado ser falacioso, porque o africano é analfabeto, mas não ignorante, insiste-se que há uma maneira própria de ser um partido africano. Vejamos que nem os suázis aceitam... Um partido político é uma pertença de membros e simpatizantes. Muitas vezes escrevi isso.
Obama decepcionou a quem pensou que ele não seria Presidente dos Estados Unidos da América, um chefe de Estado. Isso discutimos bastante pouco antes e depois da sua eleição, até sei onde buscar algumas contribuições. Obama decepcionou a quem pensou que ele seria “Papai Natal”. Obama decepcionou a alguns lideres africanos e seus seguidores que pensavam que ele seria como Muammar Gaddafi, passando a pagar as suas quotas na ONU como Gaddafi faz na UA. Na sua primeira viagem como Presidente à África, ele disse uma coisa muito interessante: em África precisamos de instituições fortes e não de homens fortes. Cada um de nós devia reflectir sobre isso e pelo menos apresentar uma ante-tese...
Quanto ao MDC e Tsivangirai, nem tenho o que comentar. Foi forçado pelos líderes da SADC para ser engolido pelo pai adoptivo do meu amigo Viriato Dias. E eles sabiam que era imperativo que MDC e Tsvangirai fosse engolidos.
Abraco e bom fim de semana
Amigo Reflectindo,
ResponderEliminarVolto à net amanhã, em peso...
Zicomo