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sábado, janeiro 15, 2011

Marfim descoberto totaliza 126 pontas equivalente a 63 elefantes abatidos

MITI, Lda diz que foi traída pelos seus parceiros

O CONTENTOR nr. PRSU215078/1 da Miti, Lda, foi ontem totalmente aberto fora do recinto portuário e contabilizadas 126 pontas de marfim, equivalente a 63 elefantes abatidos, uma ponta de rinoceronte, considerado extinto em Moçambique, carapuças de pangolins, peças de arte fabricadas com base no marfim, para além de excrementos de elefantes que também iam a exportação fora das margens da lei.
Perante as autoridades da Defesa e Segurança, Portuárias e da Agricultura, o contentor foi aberto ao fim do dia, para dele assistir-se a saída destas quantidades de recursos naturais, ao lado de madeira em toros, cuja exportação a lei igualmente proíbe.
Três horas antes daquela operação, o nosso Jornal havia sido informado que as peças de marfim encontradas naquele contentor (na altura falava-se em apenas 20) teriam sido introduzidas pelos parceiros da Miti, Lda, nomeadamente chineses da Tienhe, Lda, à sua revelia, segundo alegação do director daquela empresa madeireira, Zaide Seguro Abubacar, que aceitou falar em exclusivo ao “noticias” para dar a sua versão dos factos, tendo no geral confirmado a violação da lei quanto à exportação de madeira em toros, mas atirando para os parceiros a responsabilidade de ter carregado e introduzido os troféus de marfim e outros produtos não autorizados.
“Fomos traídos pelos nossos parceiros” disse o director da Miti, Lda, acrescentando que a empresa distancia-se do assunto, para além de que há já um chinês confesso, Qiuhua Yan, da Tienhe, Lda, que terá sido o autor da introdução das pontas de marfim nos contentores.
Abubucar explica que a sua empresa ao negociar com os seus mais variados clientes, maioritariamente chineses, para vender os seus produtos madeireiros, em toros ou processados, arca com a responsabilidade de exportar para o destino que melhor lhes convier a coberto dos seus documentos.
“Na verdade essa madeira foi vendida como tal, à empresa chinesa Tienhe, Lda, que juntamente com alguns nossos trabalhadores procederam ao seu empacotamento, no nosso parque. Mas os dois últimos contentores foram, depois de selados, trabalho que terminou pelas 18:30 horas do dia 7 de Janeiro corrente, e isso estamos a saber agora, levados à revelia para o parque daquela empresa, já na calada da noite onde foram violados e introduzidas as peças de marfim, segundo confissão do autor, com o conhecimento do gerente chinês, de nome Chung”, diz o director da Miti, Lda.
O nosso jornal teve acesso ao manifesto da carga da Miti, Lda, onde encontrou registados 114 toros de madeira, mas o contentor trazia 59 assistidos e declarados, o que pode significar que 55 foram retirados numa outra oportunidade para dar lugar as pontas de marfim, para além de constar um toro duma espécie não declarada, a Umbila.
Por outro lado, todas as peças de marfim e outros produtos derivados de animais proibidos por lei e em extinção, trazem etiquetas com nomes dos seus destinatários, em língua chinesa, não ostentando nenhuma marca da Miti, Lda, nem das suas concessionárias.
O nosso entrevistado diz que os seus trabalhadores, entre cubicadores, operadores de maquinas e estivadores contratados, confirmam o sucedido “ e nós continuamos a fazer investigações internas, porque alguns dos nossos colaboradores podem ser coniventes e queremos que se esclareça a veracidade dos factos de modo a assegurar que o nome da empresa não seja aliado a outros actos desonestos”.
O nosso jornal contactou, por sua vez, via telefónica, Faruk Jamal, proprietário da Miti, Lda, que se encontra no distrito de Mocimboa da Praia a preparar a logística da próxima campanha de exploração madeireira, que disse acreditar que haja conivência de alguns dos seus trabalhadores.
“ Tudo isso está a acontecer enquanto estou aqui, mas desde já fica claro que alguns dos nossos trabalhadores devem ter sido coniventes com os nossos parceiros chineses, por isso encorajamos que as investigações prossigam, porque aceito a violação da lei quanto à exportação de madeira em toros, mas esse negócio de marfim não é e nem deve ser nossa pratica”, disse.
Zaid Abubacar, igualmente não nega que alguns contentores tivessem madeira em toros, que por lei é proibida exportar, pois “ no acto da abertura notou-se que de facto nem toda a madeira era legalmente autorizada, a empresa reconhece que continha madeira em toros”.
De referir que os contentores da Miti, Lda não iam a embarcar no navio Kota Mawar, que levava a bordo 161 contentores de madeira, que a dois dias tiveram que ser recuperados, pertencente a outras empresas, entre as quais, a Tienhe, mas sim encontravam-se ainda no recinto ah espera de um navio agenciado pela Spanfreight” que ainda se encontra ao largo.

Fonte: Jornal Notícias - 15.01.2011

2 comentários:

  1. Convido o meu "irmão" Dr. Zacarias Abdula a opinar sobre isso.

    Zicomo

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  2. As autoridades (agricultura,portuárias, a polícia e a alfândega tomaram uma atitude positiva, e merecem um elogio.
    Como o caso salta para o foro criminal-DESCAMINHO, PRODUTOS NÃO AUTORIZADOS PARA EXPORTAÇÃO (contrabando)-cabe o Ministério Público ACTUAR contra os prevaricadores, e a polícia criminal apurar os indivíduos integrados nessa rede mafiosa-DOA A QUEM DOER-não é questão de foro político.
    Está claro que as autoridades judiciárias tÊm feito um tremendo esforço para DEBELAR este "cancro" existente pelas bandas do Norte.
    É um problema policial, e a Procuradoria da República deve punir os prevaricadores.
    A Lei é clara, e deve ser cumprida
    em defesa do bom nome dos restantes
    empresários madeireiros e das suas associações.
    Cabe os defensores da Lei e Ordem, tomarem as rédeas, caso a caso, indivíduo a indivíduo.

    ZA

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