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domingo, dezembro 19, 2010

Presidente da Comissão da UA não conseguiu convencer Gbagbo a demitir-se

(Presidente Laurent Gbagbo recusa demitir-se)

Malogrou-se a missão de bons ofícios que o presidente da Comissão da União Africana (UA), Jean Ping, ontem (17) realizou na Costa do Marfim, para levar o Presidente Laurent Gbagbo a demitir-se.
A resposta a uma carta que ele levou do Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, em nome da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi apenas: “Eu sou o único Presidente eleito”.
O gabonês Ping acabou por se ir embora ao princípio da noite de ontem, deixando em Abidjan o presidente da Comissão da CEDEAO, Victor Gbeho, que o acompanhava.
O presidente da Comissão da UA dirigiu-se depois disso a Argel, a fim de debater com o Presidente Abdelaziz Bouteflika a constituição de uma eventual força da UA que intervenha na Costa do Marfim, onde Gbagbo não quer aceitar que perdeu as eleições e que o novo Presidente é agora Allassane Ouattara.
A África encontra-se dividida perante esta situação. Países como a Nigéria desejariam uma operação militar para derrubar Gbagbo, mas outros, como a Argélia, continuam a preferir que se tente uma solução diplomática.
Em Washington, o subsecretário de Estado adjunto William Fitzgerald recordou a Gbagbo, há 10 anos no poder, que qualquer novo derramemento de sangue será da sua responsabilidade.
As Nações Unidas, a União Europeia e UA têm vindo a conjugar esforços para forçar a transferência do poder para o Presidente eleito Ouattara e evitar uma guerra civil.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, insistiram ontem em que Laurent Gbagbo deverá abandonar quanto antes a chefia da Costa do Marfim, sob pena de ficar sujeito a sanções, financeiras e outras.
Gbagbo deve entregar o poder ao seu adversário Alassane Ouattara, que ganhou a segunda volta das presidenciais, em 28 de Novembro, afirmou Ban Ki-moon à imprensa. E Sarkozy foi ainda mais preciso, ao exigir que a passagem do testemunho se verifique “antes do fim da semana”.
Um alto funcionário-norte-americano citado pela BBC recordou que Gbagbo e a família têm casas em diversos países, mas que poderão perdê-las se as sanções vierem a ser aplicadas.
“Existem jurisdições internacionais, como o Tribunal Penal Internacional, onde o próprio procurador (Luis Moreno-Ocampo) afirma que está a acompanhar muito atentamente a situação e que os que ordenaram já que se disparasse sobre civis serão chamados a prestar contas”, declarou Sarkozy, numa linguagem particularmente dura.
“É preciso manter a pressão, ou até mesmo aumentá-la. A única assinatura bancária válida para o Estado marfinense é agora a de Ouattara”, afirmara já a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Michèle Alliot-Marie.

Pedidas novas investigações

Charles Blé Goudé, líder dos jovens partidários de Laurent Gbagbo, pediu hoje à população que se “prepare para combater” o campo de Ouattara: “Vamos defender a dignidade e a soberania do nosso país até à última gota de suor”.
Blé Goudé, ministro da Juventude no Governo indigitado pelo Presidente cessante, manifestou a intenção de “libertar totalmente o país. A brincadeira acabou”.
Uma concentração dos “jovens patriotas” encabeçados por aquele caudilho está prevista para hoje à tarde no bairro de Yopougon, em Abidjan, a fim de se “colocarem em ordem de batalha em todo o país”.
Segundo ele, “Gbagbo não é o subprefeito de Sarkozy”, para se retirar quando o Presidente francês decidir.
Blé Goudé, o chamado “general da rua”, foi em 2003 e 2004 o ponta de lança de violentas manifestações contra a França na cidade de Abidjan, que é a maior da Costa do Marfim. Desde 2006 está sujeito a sanções das Nações Unidas, com congelamento de bens e proibição de viajar, devido à sua virulência.


Fonte: Rádio Mocambique - 18.12.2010

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