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sábado, dezembro 25, 2010

Ex-Presidente ganense Jerry Rawlings pede "maior moderação" sobre crise ivoiriense

Accra, Gana (PANA) – O antigo Presidente do Gana, Jerry John Rawlings, apelou para "a maior moderação" na gestão da crise política na Côte d'Ivoire suscitada por uma eleição controversa ganha por dois candidatos.
No seu segundo comunicado, em três dias em Accra, sexta-feira, ele advertiu de que a situação na Côte d'Ivoire não é "uma simples querela eleitoral".
Segundo ele, é um "conjunto de complexidades políticas e étnicas" que deverão ser tratadas com " moderação e diplomacia antes de se recorrer a evocações abertas duma intervenção enérgica".
A Côte d'Ivoire, primeiro produtor mundial de cacau, que atravessou uma guerra civil sangrenta em 2002, arrisca-se a mergulhar-se uma vez no caos depois do seu Presidente cessante, Laurent Gbagbo., e o veterano da oposição, Alassane Ouattara, terem reivindicaram individualmente a vitória na segunda volta das eleições de 28 de Novembro.
A Comissão Eleitoral Independente (CEI) declarou Ouattara vencedor, mas estes resultados foram imediatamente anulados pelo Conselho Constitucional que deu a vitória a Gbagbo depois de ter invalidado centenas de milhares de voto obtidos por Ouattara no seu feudo do norte.
Esta decisão suscitou um apelo internacional e as Nações Unidas associaram-se a organizações regionais e sub-regionais ao reconhecer Ouattara e ao impor sanções a este país da África Ocidental.
Os chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciaram o envio duma outra delegação para convencer Gbagbo a deixar o poder sob pena de ser obrigado a fazê-lo.
Rawlinsg advertiu contudo que os resultados controversos indicam nitidamente que "a Côte d'Ivoire está profundamente dividida no plano étnico e que é uma questão que deve chamar a atenção dos principais atores como a CEDEAO, a União Africana (UA) e as Nações Unidas quando encaram opções para resolver esta crise" .
"Os dois homens no centro desta querela indicaram estarem de acordo que seja feita uma nova contagem dos votos ou uma verificação mais aprofundada dos resultados por observadores neutros. Há uma motivação escondida quando se recusa a encarar estas opções propostas pelas duas partes", interrogou-se Rawlings.
« As tentativas de obter o apoio para uma intervenção militar não se justificam de maneira nenhuma e expõem mais a ONU, a CEDEAO e a UA a ser consideradas como hipócritas", considerou o ex-estadista ganense.
'Rawlings declarou que resultados eleitorais mais escandalosos passaram sem que uma intervenção fosse reclamada. " Como poderemos justificar uma intervenção neste caso preciso, enquanto os resultados são tão próximos e que refletem divisões étnicas profundas?", interrogou-se.
Ele preconizou o exame de todas as opções pacíficas disponíveis, em vez de uma intervenção militar que não pode instaurar uma transição política pacífica neste país.
Rawlings declarou que a situação estava complementa incómoda para África e igualmente preocupante que vários fatos tenham o passado no silêncio pela imprensa internacional.
Os relatórios de alguns observadores eleitorais maiores, que condenam o desenrolamento das eleições em vários lugares do país, foram totalmente ignorados pela imprensa nacional, segundo ele.
Rawlings considerou que há várias questões cruciais sem respostas, acrescentando que os pormenores do relatório do emissário da UA, o ex-Presidente sul-africano Thabo Mbeki, deviam ser publicados para ajudar a resolver a situação.
Ele instou a CEDEAO a convocar uma reunião de emergência para convidar as duas partes antagonistas, bem como os representantes de todas as missões de observação que cobriram as eleições, a apresentarem os seus argumentos.
"Devemos avançar com prudência no interesse do povo da Côte d'Ivoire, que é a verdadeira vítima desta tragédia", concluiu Rawlings.

Fonte: panapress - 25.12.,2010

Reflectindo: estou totalmente sem fólego, mas Rawlings tem claramente o que defender. Como não podia este problema ser de uma complexidade política e étnica? Em que parte do muito, o caso da Costa do Marfim não seria político e étnico? Não será que a complixidade política e étnica, mesmo que grossa, é tolerada em muitos países? Questiono os resultados de 2000 que deram vitória a Gbagbo.
Por acaso, tenho divulgado a crise da Côte d'Ivoire para reflectirmos sobre Mocambique embora muitos se percam.

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