Por Amosse Macamo
(Retirado do Ideias Subersivas)
Enquanto cidadãos, sempre que colocados fora dos limites geográficos do nosso pais, tornamo-nos voluntária ou involuntariamente embaixadores do nosso país. Aliás, ser embaixador do nosso país quando no estrangeiro deveria ser um acto consciente de cidadãos responsáveis e comprometidos com o seu país.
A ideia da aldeia global rompeu com as fronteiras e aquilo que ontem era exclusivo das elites políticas e/ou de uma minoria com posses, está quase que ao alcance de todos, refiro-me por exemplo as viagens para o exterior. Hoje há um crescente número de pessoas que viajam para os diferentes cantos do mundo, ora estudando, ora trabalhando, ora em passeios e sem descurar as viagens virtuais, onde sentados num pequeno ecrã mágico podemos estar e em tempo real em conexão com pessoas de diferentes partes do mundo. Ora, ao entrarmos nestas viagens, nestes contactos, acabamos transportando voluntária ou involuntariamente, a imagem do nosso pais, ao que, uma pergunta urge fazer:
Como um moçambicano deve tratar assuntos sensíveis do seu país fora deste? E mais, como transmitir alguns factos (negativos) que internamente sabemos que são reais a quem é determinante para nós? (refiro-me a título de exemplo à informação que um moçambicano possa dar a um ente que contribui para o orçamento do nosso Estado).
Hoje, e a mercê das aberturas que acima anunciava, emerge uma nova classe intelectual moçambicana que viaja para fora e, se não viaja, consegue ter contactos com o exterior, com pessoas que querem saber mais sobre o nosso país. Alguns integrantes desta nova classe tem sido seleccionada dentre aqueles que não simpatizam com o governo de dia, sendo que são os mesmos que servem de fonte primária àqueles que de uma ou doutra forma, pretendem saber de nós.
São os que confirmam os dados contidos em estudos de campo feitos entre quatro paredes, são estes que quando razões internas de algumas nações obrigam que se achem culpados sobre qualquer assunto ajudam a encontrar, são estes que usando seus próprios e limitados critérios analíticos indicam os corruptos, os barões de drogas, os maus governantes, são, na verdade o olho pouco vigilante e o ouvido do outro, são, o que chamo de Embaixadores da Desgraça; pessoas a quem interessa somente mostrar a imagem negra do nosso pais lá fora.
Não me oponho que a informação saia para fora, aliás, com as tecnologias de informação pensarmos que podemos esconder alguma informação ou impedir algumas pessoas de reportar seja lá o que for não passa de um exercício inútil, contudo, ao sairmos lá fora, devemos informar e como bem dizia um amigo de ideias, com responsabilidade. Mas talvez seja importante recuperar a resposta deste meu amigo, quando coloquei a mesma pergunta de partida deste texto no meu mural do facebook.
Dizia o meu amigo e passo a transcrever: “Isso depende da consciência cidadã de cada um. O recomendável seria colocar os desafios alcançáveis em vez de expor os problemas, muitas vezes ideológicos.” E acrescenta este meu amigo, mesmo para explicar o porquê de informar com responsabilidade e o risco que incorremos ao relatar somente os problemas: “Porque, podemos pensar que ao falarmos tudo de mal aos brancos estamos a nos distanciar do comportamento dos nossos líderes. Porém, o reverso da moeda é que você passa a não ter palavra em tudo que acaba de dizer”- fim da citação.
O meu amigo tinha resumido o espírito da pergunta de retórica que fizera, é que, é incrível como as pessoas pensam que ficam mais confiáveis lá fora quando apontam somente os erros. Se ainda vivêssemos no tempo em que a liberdade de expressão era coarctada, diria que tal procedimento serve de protesto, mas muitas vezes, trata-se de pessoas que internamente conhecem e dominam os mecanismos pelos quais podem expor os seus problemas e não o fazem, a espera de uma oportunidade para serem chamados por uma ONG e/ou organizações político económicas, para falarem das suas frustrações como se de verdades se tratassem. E, mesmo que considerando que falam verdade, quando falta o elemento responsabilidade na sua locução, acabam fazendo o papel inverso do que se pretende.
Olhando para esta questão do ponto de vista da nossa sociedade, diríamos que não há famílias que não tem problemas, contudo, é preciso saber lidar com os problemas de forma responsável, porque, ao membro da família que for questionado fora como vai a sua família e desatar a falar mal da sua própria família, não sabemos se este merece ou não consideração como membro da família. Aliás, no âmbito da responsabilidade aludida, mais do que conhecer e enumerar todos os problemas do país, torna-se essencial avançar propostas de soluções ou, não as tendo, ao menos, enunciar as soluções que outros experimentam para os problemas identificados.
Ao acaso, alguma vez esses Embaixadores da Desgraça já ouviram as pessoas a quem eles dão relatórios de mal dizer, a falar mal das suas próprias nações? Certamente que não, aliás, o norte-americano combate internamente de forma obstinada a pena de morte, e nem por isso, o autoriza a falar dela com a mesma liberdade com que fala internamente no seu país. Aliás, sempre que é questionado fora, corre logo para os aspectos que considera humanitários na pena, como a questão conceder uma última missa e refeição a quem será executado, fala do aspecto “humanizante” da injecção letal, dando a ideia de que aquela torna a morte menos dolorosa, como se quem morre pudesse acordar para confirmar a informação.
São os Embaixadores da Desgraça que não hesitam em convidar aos países que nos apoiam a cortarem a ajuda porque segundo eles em Moçambique há corruptos. São estes, que não medem (e nem sentem necessidade de o fazer) esforços ao pedir ao outro cortes que se sabe castigam o moçambicano comum só para serem vistos como diferentes, pensantes, iluminados, os únicos que detectam e denunciam erros de governação, a quem se deve ouvir porque tradutores da verdade.
O que sucede muitas vezes, é que quem nos ajuda já tem referências destes males como a corrupção em relatórios e ou estudos encomendados e não poucas vezes conduzidos com ligeireza, ao que, quando a aqueles se acresce uma voz de um nacional desse mesmo pais, e sendo alguém que se presume diligente, os rumores passam a constituir verdades e pior quando a tonalidade da pele de quem diz se aproxima mais e/ou se iguala ao do ocidental.
O que não desconfiam é que a informação que aquele traz muitas vezes é suportada por uma carga ideológica, que pode reflectir frustrações e até ignorância sobre o assunto que se pensa conhecer, mas, porque é nacional, e até formado na área em causa, não há outra presunção senão a de que fala a verdade mesmo quando em prejuízo de todos nós como costuma ser.
São estes Embaixadores da Desgraça que correm para as redes sociais e outros espaços divulgando excertos mesmo antes da divulgação formal os dados de um certo relatório, como se tivessem acesso as fontes, quando no fundo as fontes são eles mesmos porque impacientes em verem retornar os relatórios que eles mesmo enviaram e divulgam.
O meu apelo aos Embaixadores da Desgraça, se é que vale a pena apelar, é o de que podem sim mandar a informação, mas que olhem para esta com alguma responsabilidade porque atitudes como esta enfraquecem os Estados e consequentemente a sua própria liberdade no lugar de os fortificar, que saibam que na resposta as ambições particulares, pode-se comprometer o projecto de um povo, sim, uma nação vale antes pelo seu povo e não pelos governantes e devia ser sob prisma do povo que se deveria repensar as sugestões ao ocidente de cortar e/ou diminuir a ajuda por exemplo, ou outras formas de intromissão degradantes e humilhantes para o nosso Estado. A continuarem no caminho em que seguem saibam que um dia nem um, nem outro, vos vai querer ouvir, porque, acreditem, que quem vos pede informações sensíveis sobre o vosso país e vocês dão sem contemplações, sabe de antemão que vocês não são confiáveis, pelo que vos usarão até o dia em que não forem mais úteis.
Mas seria injusto terminar este artigo sem congratular-me, por todos aqueles moçambicanos que mesmo reconhecendo os problemas que enfrentamos no dia-a-dia, projectam o nosso pais com uma mensagem de esperança, de confiança, responsabilidade, estabilidade social, e que olham para os problemas como desafios. Para este, um abraço de quem sabe que temos problemas, mas que podem ser solucionados e ainda o meu abraço, a quem se bate e discute todos os dias os problemas reais deste pais com frontalidade, sem apelo a emoções, pessoas que lhes interessa somente um Moçambique próspero.
Amosse Macamo
Fonte: Ideias Subversivas - 16.11.2010
O que comentei no Mutisse:
ResponderEliminar"Embaixadores da desgraça" é a versão recauchutada daquela outra balela dos "Apóstolos da desgraça", nada de novo aqui, apenas ideias velhas e desacreditadas com roupagem nova.
A treta dos "Embaixadores da desgraça" tem uma nuance bizarra e ridícula, afinal alguns ainda acreditam que os doadores são influenciados por choramingas.
Esta crítica aos críticos torna-se suspeita quando vem de cidadãos que geralmente ficam silenciosos perante actos que deviam envergonhar todos os moçambicanos. Os que tanto se preocupam com os que se encontram no estrangeiro, deviam preocupar-se mais com aqueles que internamente mancham a imagem do País.
Devemos ser bem claros, as críticas ao Governo e/ou à Frelimo de modo algum podem ser confundidas com críticas ao País e ao Povo moçambicano, são coisas bem diferentes e os doadores e estrangeiros sabem bem distinguir entre País/Povo e as atitudes do Governo.
Finalmente, acho de muito mau gosto a referencia a "brancos", trata-se de uma imprudencia ou laivos de racismo?
Jose,
ResponderEliminarEngracado, eu fiz um meu 3 "artgo" relativo aos "embaixadores", conincidencia ...tambem tento justificar isso na prespectiva de Imagem e Identidade de Mocambique,
Amosse tem razao em relacao ao papel ou a influencia dos "embaixadores" na imagem do pais,
Mas talvez por ignorancia dele na materia de "imagem", ele "determina" mal os "embaixadores".
Os "embaixadores" nao sao quaiquer pessoas que tem so o passaporte Mocambicano, e ou vivem no estrangeiro, pois a ser assim, o anibalzinho tambem foi "embaixador",
Mas 'e compreensivel o que o Amosse pretende dizer, com alguma razao, mas falha de forma grosseira na explicacao e essencialmente na "determinacao" de quem 'e "embaixador" e quem nao,
Tambem 'e compreensivel e legitima a preocupacao dele na Imagem e Identidade de Mocambique, eu tambem estou preocupado, e acredito que todos estao, pois afecta-nos a todos, sem excepcao.
Agora, tambem condidero que foi bem consegido o termo "embaixadores da desgraca", pra queles "embaixadores" que transmitem mal a imagem do pais, ele foi criativo, mas falha em defenir os "proprios".
Espero que o Reflectindo possa publicar o 3 artigo, pelo qual fico-lhe agradecido.
Ou leio mal ou o Karim percebeu mal.
ResponderEliminarAqui os canos estão indicados contra aqueles que, como eu, dizem mal do Governo e que, o Amosse, entende que não se deve fazer porque, sefundo ele, mancha a imagem do País. Ora, o José foi categorico na sua análise, e ponto FINAL.
Zicomo
Viriato,
ResponderEliminarEu nao li mal, apenas quiz dizer que os canos estao mal apontados,
Ou seja, estao apondados para quem nada tem haver com o problema de ma imagem continuada,
Devem ser apontados os canos SIM, mas para os que realmente influenciam a ma imagem, e nao para os que reclamam por se sentirem tambem lesados com a ma imagem continuada de mocambique.
Karim, eu não me referia a pessoas como Mutola, que mesmo no silêncio, os seus feitos já justificam a boa imagem do pais, refiro-me a acções e omissões destes indivíduos (fala de cada indivíduo colocado fora das suas fronteiras e na sua esfera de acção diária) em relação a determinados assuntos sensíveis do pais e, por ai acho ter dito tudo que tinha a dizer.
ResponderEliminarNo entanto percebo e respeito o seu ponto, mesmo quando não concorde com o seu argumento.
O que Amosse esqueceu é de que, o Governo anda "atrelado" aos "apóstolos da desgraça", porque aproveitam-se desse tipo de "crítica", para melhorarem o seu sistema caduco de combater a fome, e encher os próprios bolsos , baseados num sistema capitalista "à" Frelimo.
ResponderEliminarO José foca o busílis, mas esqueceu-se do "guebusílis", novo modelo a ser implantado no 22º século, pelos trisnetos dos senhores da guerra.
Quem é moçambicano, e não quer um Moçambique próspero?
Acham agradável, após 35 anos de independência, a imagem as vezes passada NA tv é de um menino com a barriga inchada, ramela nos olhos e nariz lampião?
Qual a razão de demorar 4 anos para que a exploração de carvão arranque EM TETE?Até CNN transmitiu ontem, excertos de Tete.
Qual a razão da RITES e Vale Rio Doce, de não se sentarem a mesma mesa sob auspício do Governo, e definirem DEFINITIVAMENTE o preço de transporte para os próximos dez anos?
Quando, quando, quando?
Estão à espera doutra sublevação, para se pirarem, porque ejá têm os bolsos "governados"?
Quando conseguem fazer um orçamento de Estado baseado em investimento (não sómente social/transportes, mas também mineiro e indústria pesada), três vezes superior a aquilo que é feito hoje?
Quando um governo com coragem, para GOVERNAR, sabendo os prejuízos que possa criar a uma minoria, em benefício de combate a miséria?
QUANDO É QUE SERÃO "DESMAMADOS"!
Quando, quando, quando?
Fungulamasso
Amose,
ResponderEliminarpercebi o teu ponto de vista, mas como qualquer area, a "imagem e identidade" dum pais tambem tem os seus proprios "presupostos",
O que estou a dizer 'e que nao podes parar as pessoas de reclamrem por algo que veem que esta mal, tens que parar o mal, de forma que este nao tenha razoes de ser falado.
'e compreensivel a tua preocupacao, e 'e a de todos nos tambem, a ma imagem de mocambique afecta todos, sem excepcao,
acredito que nem a Lurdes esta satisfeita, nem tu, nem Jose, nem o Viriato, e nem eu.
Quem tem algo a criticar ou a reclamar faça-o aqui no blog de Reflectindo, no blog de Mutisse, no notícias, no CanaMoz, ca Comissão Política da FRELIMO, na Assembleia Municipal da Beira. Reclame em Moçambique e em espaços moçambicanos. Fazendo desse modo não será considerado Embaixador da Desgraça.
ResponderEliminarMas quando, perante qualquer crise, a primeira reacção é correr para a Europa, para USA, para o Canadá, para as embaixadas desses países, para a Amnistia Internacional, para a IT, para a USAID, para DFID, como alguns políticos fazem, como alguns intelectuais fazem, como alguns jornalistas fazem, isso já é ser lambebotas, e da pior espécie.
Penso que o Amosse não está a sugerir silêncio aos que vivem ou vão ao estrangeiro. Está a sugerir que os assuntos de Moçambique não se discutem nas chancelarias e nas ONG internacionais, Discutem-se em foruns moçambicanos.
Viriato Tembe
O que digo la no meu canto: Concordo com o Elisio quando diz "O único que se devia esperar de todos nós é falar com responsabilidade dentro e fora do país. Falar com responsabilidade não é dizer o que não prejudica o país (porque isso seria difícil de determinar), mas sim o que é passível de ser discutido de forma construtiva na esfera pública" Temos conseguido? Me parece que nao. Mais do que isso, me parece que a nossa preocupacao eh colocar-se em bicos dos pes para, em pouco tempo, passarmos de meros cidadaos para EXEMPLOS, expoentes maximos de vozes criticas e/ou virar ACADEMICOS e comentarmos descontextualizadamente na espetaculosa e noutros canais afins. Em Mozie, ser usuario da liberdade de expressao passou a ser confundido com destilar veneno contra o pais, seus governantes e a FRELIMO. Ok. Eh o pais que temos.
ResponderEliminarSomos responsaveis? Nao tomaremos conviccoes pessoais (muitas vezes infundadas) como verdade absoluta e servimos, qual bife indigesto, contra qualquer um por ai?
"Está a sugerir que os assuntos de Moçambique não se discutem nas chancelarias e nas ONG internacionais, Discutem-se em foruns moçambicanos."
ResponderEliminarPiorou. Quem encomenda a orquestra é quem escolhe a música.
Zicomo
Caro Viriato Tembe
ResponderEliminarTenho pouquíssimo tempo por enquanto, mas deixe-me perguntar-te o seguinte:
a) Porquê te achas com o direito de determinar onde e com que as pessoas devem discutir os seus problemas? Não estás a ser escudo da Frelimo? Não achas que é por motivos partidários e não de cidadania.
b) Tens certeza que se a Frelimo não estivesse no poder com toda a máquina opressora e com a CULPA da DESGRACA de Mocambique, não estaria a reclamar e criticar fora do país?
c) Porquê a Frelimo (a Frente de libertacão) discutia os problemas de Mocambique fora do território mocambicano? Porque discutia-os na União Soviética, em Tanzania, Alemanha, China, etc?
d) Porquê a Frelimo marxista-leninista andava a fazer barulho lá fora ainda por uma guerra entre irmãos em Mocambique?
e) Porquê a Frelimo actual vai apresentar imagens de criancas famintas na Italia, na Alemanha, na Espanha ao invés de discutir com todos os mocambicanos para a producão de comida em Niassa, em Chokwé?
Meu caro Tembe, reflicta sobre as razões que te levam a querer determinar o espaco. MEDO?
Também te lembres que o que me parece estarem (vocês) a reconhecer é o que já haviamos E TEMOS avisado sobre as falcatruas e a producão da DESGRACA. E vocês discutem e como descutem sobre isso??? Pelo que sei, não vcs som andam em defesa.
Então, quem são os PRODUTORES DA DESGRACA???
Cá para mim, em Mocambique, os embaixadores da desgraca, os apóstolos da desgraca, os vândalos, marginais, os bandidos, são os mais úteis, porque obrigam o governo da Frelimo a mudar do curso. Concordo definitivamente com o Fungulamasso.
Caro amigo Reflectindo, é sempre estimulante debater contigo. Vou tentar responder a algumas das tuas perguntas que julgo relevantes para este debate. Não pretendo voltar para o contencioso eleitoral porque, diferentemente de ti, não tenho o hábito de guardar dossiers que não estão directamente ligados às minhas actividades. Por isso, há detalhes que não me recordo desses empolgantes dias.
ResponderEliminar1. Reflectindo acusa-me de estar a determinar o espaço de debate. Implicitamente, ele sugere que estou a limitar esse espaço em defesa da FRELIMO. Primeiro, dizer que não estou a determinar nenhum espaço. Nem tenho poderes para tal. O que estou a sugerir é que os problemas dos moçambicanos sejam resolvidos por moçambicanos. Reflectindo já viu algum político norueguês, Dinamarquês, Finlandês a convocar embaixadores africanos para se queixar de um Partido rival? Reflectindo tem assistido políticos, académicos ou jornalistas desses países a procurarem ONG's internacionais para se queixarem das instituições dos seus países? Porque acha Reflectindo que isso não acontece? Será porque não há democracia a liberdade de expressão nesses países? Será porque eles não têm problemas graves nos seus países? Ou será porque o sentido de auto-estima está neles bastante desenvolvidos? Eu comparo as pessoas desses países aos cidadãos que se recusam a falar mal da sua mãe, do seu pai, dos seus irmãos com estranhos.
2. Os Nazis não eram irmãos dos franceses. Por isso, quando a França foi ocupada pelos fascistas, De Gaulle animou a Resistência Francesa a partir da Inglaterra. Ele usou aquele país como plataforma para denunciar a barbaridade do nazizmo para o mundo. No entanto, quando o mesmo De Gaulle teve crises na política francesa após o seu regresso à França, ele não voltou a pedir a BBC para denunciar os seus compatritas. Ele não voltou a utilizar a Inglaterra como plataforma de luta e de denúncia. Ele passou a usar instituições francesas para fazer valer seus interesses e suas ideias.
Continua
Viriato Tembe
Continuação
ResponderEliminar3. Semelhantemente, os portugueses não eram nossos irmãos. Eram ocupantes que impediam os moçambicanos de se formar. Eram ocupantes que promoviam o xibalo e outras formas de humilhação. Eram ocupantes que não permitiam que um negro fosse maquinista de comboio, iniciasse uma empresa ou crescesse como agricultor comercial. Como De Gaulle, o Presidente Mondlane e seus seguidores usaram a Tanzania para animar a guerra interna contra o ocupante. Usaram a Tanzania, a Zambia, a Argelia e outros aerópagos internacionais para denunciar a brutalidade da colonização portuguesa. Na verdade, todas as lutas contra o ocupante costumam contar com o justo apoio de países amigos.
4. A guerra de desestabilização foi concebida, armada, estruturada e financiada pelos regimes racistas da região. Mesmo Dlhakama nunca negou isso. Mesmo a Renamo nunca negou isso. É factual e há testemunhos escritos dos oficiais rodesianos e sul-africanos que protagonizaram isso. Nos seus primórdios a guerra que se iniciou na Província de Manica em 1976 tinha o objectivo tactico de conter o avanço da ZANU para o interior do Zimbabwe. Era uma guerra de agressão contra o povo, a economia e a soberania de Moçambique. O Governo de Moçambique tinha razão de denunciar esta agressão como tal no concerto das nações.
5. Isto não significa que essa guerra de agressão não tenha evoluido e, até, se nacionalizado. A partir dos meados da década de 90, quando o MNR passa a ser Renamo, a guerra de desestabilização foi ganhando uma dimensão nacional. É justamente por isso que o Governo da FRELIMO negociou com a Renamo. É justamente por isso que o Governo da FRELIMO não anda a queixar a Renamo no tribunal de Haia, na Amnistia Internacional ou na USAID. A Renamo é hoje tão moçambicana como qualquer indivíduo da Matutuine, minha zona de origem.
6. A FRELIMO fica muito ofendida com as imagens das criancinhas famintas (que, como Reflectindo sabe, são promovidas por órgãos de comunicação ocidentais). A FRELIMO gostaria que os seus avanços no desenvolvimento do país pudessem sr todos eles capturados pelos relatórios nacionais e intetnacionais. Quem fica contente e entusismado com as criancinhas famintas é o SAVANA, é o blog "oficinadesociologia", é JOseph Hanlon com a sua tese de que quando passamos a dispor de rádios, de bicicletas e, até, de motorizadas, isso não significa desenvolvimento. Segundo ele, isso é atraso. Quem gosta de apresentar MOçambique como um país desgraçado são os embaixadorees da desgraça.
6. Espero, caro amigo Reflectindo, ter respondido com honestidade às suas preocupações. Espero que me diga onde não concorda.
um abraço
Viriato Tembe
Continuação
ResponderEliminar3. Semelhantemente, os portugueses não eram nossos irmãos. Eram ocupantes que impediam os moçambicanos de se formar. Eram ocupantes que promoviam o xibalo e outras formas de humilhação. Eram ocupantes que não permitiam que um negro fosse maquinista de comboio, iniciasse uma empresa ou crescesse como agricultor comercial. Como De Gaulle, o Presidente Mondlane e seus seguidores usaram a Tanzania para animar a guerra interna contra o ocupante. Usaram a Tanzania, a Zambia, a Argelia e outros aerópagos internacionais para denunciar a brutalidade da colonização portuguesa. Na verdade, todas as lutas contra o ocupante costumam contar com o justo apoio de países amigos.
4. A guerra de desestabilização foi concebida, armada, estruturada e financiada pelos regimes racistas da região. Mesmo Dlhakama nunca negou isso. Mesmo a Renamo nunca negou isso. É factual e há testemunhos escritos dos oficiais rodesianos e sul-africanos que protagonizaram isso. Nos seus primórdios a guerra que se iniciou na Província de Manica em 1976 tinha o objectivo tactico de conter o avanço da ZANU para o interior do Zimbabwe. Era uma guerra de agressão contra o povo, a economia e a soberania de Moçambique. O Governo de Moçambique tinha razão de denunciar esta agressão como tal no concerto das nações.
5. Isto não significa que essa guerra de agressão não tenha evoluido e, até, se nacionalizado. A partir dos meados da década de 90, quando o MNR passa a ser Renamo, a guerra de desestabilização foi ganhando uma dimensão nacional. É justamente por isso que o Governo da FRELIMO negociou com a Renamo. É justamente por isso que o Governo da FRELIMO não anda a queixar a Renamo no tribunal de Haia, na Amnistia Internacional ou na USAID. A Renamo é hoje tão moçambicana como qualquer indivíduo da Matutuine, minha zona de origem.
6. A FRELIMO fica muito ofendida com as imagens das criancinhas famintas (que, como Reflectindo sabe, são promovidas por órgãos de comunicação ocidentais). A FRELIMO gostaria que os seus avanços no desenvolvimento do país pudessem sr todos eles capturados pelos relatórios nacionais e intetnacionais. Quem fica contente e entusismado com as criancinhas famintas é o SAVANA, é o blog "oficinadesociologia", é JOseph Hanlon com a sua tese de que quando passamos a dispor de rádios, de bicicletas e, até, de motorizadas, isso não significa desenvolvimento. Segundo ele, isso é atraso. Quem gosta de apresentar MOçambique como um país desgraçado são os embaixadorees da desgraça.
6. Espero, caro amigo Reflectindo, ter respondido com honestidade às suas preocupações. Espero que me diga onde não concorda.
um abraço
Viriato Tembe
Rectifico: meados da década de 80
ResponderEliminarViriato Tembe