Por: JOÃO BAPTISTA ANDRÉ CASTANDE
“(...) Defendemos que a promoção do espírito patriótico passa pelo domínio da Constituição e pelo conhecimento dos símbolos da nossa soberania. Dos titulares de cargos governativos exigimos humildade, modéstia, amor e respeito para com o nosso povo e uma crescente capacidade de lhe prestar serviços de cada vez melhor qualidade. (…) Queremos que cada um de vós se responsabilize pela criação de um ambiente de trabalho são, desencorajando a intriga e o boato, práticas que nos impedem de fazer uso das capacidades dos quadros existentes no sector”- Armando Emílio Guebuza, 4-2-2005.
É deveras estranho e quiçá até deselegante que o nome duma pessoa sirva de título de artigo de opinião, como no caso vertente. Mas achei ser esta a melhor opção, tendo em vista despertar a atenção de todos os compatriotas interessados na boa governação do país, acção esta de que o concidadão Paulo Ivo Garrido, recentemente exonerado do cargo de Ministro da Saúde, parece ter constituído exemplo e símbolo incontestável na opinião da maioria dos moçambicanos, durante o período decorrido de 14 de Fevereiro de 2005 a 11 de Outubro de 2010, em que foi titular do supracitado pelouro.
Sim, Paulo Ivo Garrido parece ser o Homem que com coragem, frontalidade e determinação, soube enfrentar o comodismo instalado de forma geral em todo o aparelho do Estado. Digo parece, na medida em que os resultados do bom trabalho por ele realizado e que tive a oportunidade de ver, talvez sejam equiparados a uma gota de água no oceano, quando comparados com as acções ou omissões malévolas influenciadas pelo seu mau feitio, conforme descrições de certa Imprensa.
A título de exemplo, apraz-me citar a gravidade dos males cuja prática lhe é imputada nas colunas 1, 2 e 3 da página 2 do semanário “Zambeze” de 14-10-2010, que além de poderem consubstanciar matéria-base para a exoneração do cargo – e nada indica, em termos claros, que foi esse o motivo da acção do Chefe do Estado- é igualmente e sobretudo matéria de foro criminal.
Mas se por um lado sinto-me insignificante e como tal absolutamente impossibilitado de tecer juízos de valor sobre assunto de tamanha gravidade, por outro e espero bem que o tempo, que é o maior mestre, encarregar-se-á de trazer ao público a verdade em volta do caso!
Entretanto, tratando-se de acções ou omissões não provadas em foros próprios, continuo a ver na pessoa de Ivo Garrido o governante e trabalhador clássico ímpar, que se bateu de peito aberto e dedicou todas as suas energias ao serviço do povo moçambicano, em escrupuloso cumprimento do juramento que solene e publicamente fizera aquando da sua tomada de posse.
Aliás, sei por experiência própria que no aparelho do Estado, infelizmente, existem forças com o mau hábito de promover combate cerrado através de boatos, calúnia, sabotagem e imputações inimagináveis a todo funcionário (dirigente ou não) que no desempenho das suas funções demonstre atitudes de competência, integridade moral, honestidade e decoro, aversão à corrupção, entre outras qualidades. É assim que muitos dirigentes, traindo flagrantemente a causa do povo que juraram servir, preferem promover nos sectores sob sua direcção aparente harmonia baseada na falsa modéstia e ambições pessoais que debaixo escondem bombas, criminosos, cobras, crocodilos e quejandos, prontos a entrar em acção ferrenha logo que sintam ameaçado o seu “conforto”.
Ivo Garrido promoveu os chamados “ministérios abertos” e, de forma clara e intransigente, combateu a inércia, a desonestidade, a rotina, acções estas muito recomendadas pelo Chefe do Estado. Pudera metade dos nossos governantes a todos os níveis tivessem a coragem como a sua!
Ressalvo que com a presente apreciação positiva que faço, não pretendo de forma nenhuma ignorar os funcionários e agentes do Estado que porventura foram vítimas dos alegados errados métodos de direcção adoptados pela pessoa de quem falo. Defendo a justiça mesmo para o meu maior inimigo.
Todavia, creio que além de mais, Garrido foi vítima da intriga, boato e sabotagem.
Está de parabéns o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, pela sabedoria de ter escolhido para substituto de Garrido o concidadão Alexandre Manguele, igualmente médico de carreira, mas que alegadamente foi um dos oponentes acérrimos dos métodos de direcção imprimidos por aquele. Por isso, espero que tenha chegado a vez para o compatriota Manguele mostrar o que vale, perante o momento particularmente complexo em que toma as rédeas da instituição.
Mas constitui imperativo nacional que todo o patriota saiba que aquilo que aconteceu ao Ivo Garrido pode acontecer amanhã a qualquer Governo que queira imprimir no país a verdadeira auto-estima e cultura de trabalho, que levem o povo moçambicano a livrar-se da tão humilhante como inquietante condição de mão estendida. Acima de tudo, devemos estar cientes e conscientes de que nenhuma sociedade está disposta a tolerar a resolução dos seus problemas por tempo indeterminado.
Então, considero o boato, o crime, a calúnia, a sabotagem, a falsa modéstia, a ambição, males estes que campeiam no nosso aparelho do Estado, como sendo setas venenosas viradas contra o povo moçambicano e prontas a serem atiradas a qualquer momento. Só que nem por isso peço a realização de uma espécie de congresso do povo, destinado a estudar o actual momento da vida nacional e delinear mecanismos para atingir um futuro de plena harmonia social e de paz real para todos. Temos a Agenda 20/25.
Tenho dito!
PS -Na tarde do dia 13-10-2010, tive o feliz ensejo de travar uma conversa bastante amena com a cúpula do pelouro da função pública.Entre os vários assuntos tratados na ocasião, a ministra abordou-me sobre o PS inserido na parte final do meu artigo de opinião publicado na edição nº 27.994 deste Jornal, no qual dava a entender que existe na Assembleia da República uma proposta de revisão do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), sugerida pelo Ministério da Função Pública. Entretanto a ministra deu-me a conhecer que tal não corresponde à verdade.Apresentei as minhas sinceras e imensas desculpas ao Ministério da Função Pública em geral e em especial à sua direcção máxima, pelo lapso cometido.Mais uma vez registo aqui o apreço pelo ambiente prenhe de humildade, franqueza e de respeito em que decorreu o meu contacto com a cúpula do Ministério da Função Pública. Bem hajam e muito obrigado!
Fonte: Jornal Notícias - 28.10.2010
Concordo e assino por baixo.
ResponderEliminarSe fosse no tempo de S. Machel (do qual nao tenho saudade alguma), o Dr. Ivo Garrido receberia a Emulacao Socialista(?).
Maria Helena
Pelo menos ele Garrido receberia emulação socialista.
ResponderEliminarMas significa que os quadros honestos precisam de procurar o lado certo e daí juntarem-se para lutar contra a corrupção.
É triste que tenham destruido em 5 meses o q foi feito em 5 anos. O Dr Ivo é um patriota raro. Bem haja estimado Doutor.
ResponderEliminarpara om o Dr. Garrifo eh um excelente meduco, mas como ministro apesar dasua integrudade pecou olo populismo.
ResponderEliminarna saude nao precisam de um capataz com chicote. eh necessaria tabem uma maior consciencia e civismo dos utentes-p-populacao sobre o que eh uma unidade SANITARIA.UM HOSPITAL.