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terça-feira, outubro 19, 2010

Custo de vida no país marca abertura da segunda sessão do Parlamento

Os discursos dos chefes das três bancadas parlamentares e da própria presidente da Assembleia da República, na abertura da II sessão da Assembleia da República, convergiram no mesmo assunto: a carestia da vida no país, que originou as sangrentas manifestações populares no início de Setembro último. Entretanto, houve divergência quanto às causas do elevado custo de vida que a esmagadora maioria dos cidadãos já não conseguem suportar. A presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, e a chefe da bancada da Frelimo, Margarida Talapa, encontram na crise económica internacional a causa do elevado custo de vida em Moçambique, enquanto a oposição, Renamo e MDM, diz que tudo é devido à incompetente governação.
Verónica Macamo e Margarida Talapa saíram a solidarizarem-se com o Governo, e culpando a crise internacional pelo estado caótico em que se encontra a economia moçambicana. A líder parlamentar da Frelimo assim como a presidente da AR falam da crise financeira mundial que afectou o “nosso mercado desregulado”.
Estas deputadas da Frelimo apelaram entretanto aos moçambicanos a não enveredarem por manifestações, caso queiram algo do Governo. Defenderam o diálogo e espírito de tolerância. Argumentaram que o momento crítico pelo qual o país atravessa afecta todos os moçambicanos, “incluindo” os do Governo da Frelimo.

Manifestações são o preço da mentira

Já a oposição alinha ao lado da população. Saudou a coragem dos manifestante. Diz que as manifestações entre 01 e 03 de Setembro último, são o corolário das sucessivas mentiras que por longo tempo o Governo tem vindo a contar aos moçambicanos. Para oposição, que lamenta as perdas humanas e de bens de cidadãos, o Governo tinha de pagar o preço por andar a faltar à verdade.
Lutero Simango, chefe da bancada do MDM, considera que as medidas tomadas pelo Governo para fazer face à crise, e, em particular, tendentes a tentar atenuar os ânimos das populações, têm encargos financeiros não previstos no orçamento do Estado. Simango instou ao primeiro-ministro, Aires Ali, a explicar aos moçambicanos como é que o Governo executará as medidas de austeridade sem alterar o quadro do Orçamento do Estado.
Por seu turno, a chefe da bancada da Renamo, Maria Angelina Enoque, lembrou que as manifestações mostraram a distância que separa a chamada “elite” do Povo, e disse que as manifestações mostraram a perigosidade da inverdade em relação às consequências da crise que sempre foi propalada pelo Governo. Por outras palavras, Angelina Enoque entende que a Frelimo e o Governo esconderam a verdade aos cidadãos e deixaram as coisas chegar a tal ponto que o povo se viu obrigado a ir para a rua manifestar-se.
Para a Renamo, as manifestações de 01 a 03 de Setembro revelaram o quão os moçambicanos já não suportam conviver com a pobreza, resultante do fracasso das políticas de combate à pobreza, pregadas pelo executivo de Armando Guebuza, que na sua qualidade de chefe de Estado é constitucionalmente o chefe do Governo. (Matias Guente)

Fonte: CanalMoz (2010-10-19)

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