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segunda-feira, setembro 27, 2010

“Primeiro de Setembro de 2010: passe a mensagem, p.f.”

SACO AZUL

Por Luis Guevane

No dia anterior havia recebido uma série de mensagens que no final diziam “passe a mensagem para os outros”. O ponto fundamental era o anúncio de uma greve motivada pela subida de preços dos produtos julgados básicos.
Logo às primeiras horas da manhã vi-me envolvido na minha rotina diária. Esta porém, foi de imediato quebrada quando alguém ligou a alertar-me que, de facto, as manifestações populares já estavam em curso.
Percebi rapidamente qual o poder do telemóvel. Praticamente uma arma ou tecnologia ao serviço da democracia. Será que havia ligação alguma entre o telemóvel, as idades dos envolvidos (entre cerca de dezoito e os trinta a trinta e cinco anos) e o exercício da democracia? E onde andavam os mais velhos? Onde estavam os quarentões, os cinquentões, etc? Este padrão não fugiu praticamente aos anteriores acontecimentos – os do “cinco de Fevereiro”. Por que razão voltou a repetir-se? E, para completar o mesmo quadro, a “táctica” não mudou: barricadas pelas ruas e avenidas, pneus queimados, um “foge” e “volta” dos manifestantes, a polícia preocupada em reactivar a ordem pública de um lado para o outro com os seus “bang”-“bang”, etc. Mas, a isto tudo juntou-se algo mais interessante: o(s) rosto(s) do(s) protagonista(s).
Pelos canais radiofónicos e televisivos os convidados esgrimiram as suas opiniões. Muitos deles preocupados, por um lado, em penalizar a “OTM” (organização “cesta básica”) e, por outro, pelo facto de não existir(em) “o(s) rosto(s)”. Este ou estes seriam o interlocutor válido para poder-se passar à fase de negociação. Mas, a resposta estava permanentemente no próprio movimento de manifestações. O “rosto” eram aqueles rostos, minuto a minuto, chamados de vândalos para acomodar os excessos que cometiam.
Arruaceiros. Manifestantes. Até grevistas! Tentava-se procurar o nome mais feio possível como se isso retirasse legitimidade àquele acontecimento. O “rosto” eram todos aqueles que directa e/ou indirectamente tomavam parte no movimento. Aqueles que, provavelmente, como no “cinco de Fevereiro”, perceberam como negociar com um governo que conhecem. O ponto de negociação estava lançado e o governo percebeu. A quem cabe negociar, atrair cada vez mais investimento interno e externo, insistir com políticas válidas e que promovam, de facto, o desenvolvimento? Nisto tudo, quem espera por quem para que os preços da água, luz e energia, entre outros, não subam? Sim, o governo percebeu!
Os ditos arruaceiros ou vândalos, isto é, os manifestantes (maioritariamente seiva da Nação) conseguiram negociar, à sua maneira. Saimos todos beliscados. Era evitável a avaliar pelos passos que o governo tem dado ultimamente.
O que acontecerá quando os preços dos produtos básicos começarem a “descongelar”? O futuro dirá, ainda que seja previsível.
Ou melhor, far-se-ão mais contenções nos custos de energia, água, alimentação, transportes, etc. Será? Ou os níveis de produção e produtividade resolverão o problema? A ver vamos!
Morreram moçambicanos! Oxalá, os demais saibam valorizar a contribuição destes na luta pelo desenvolvimento do País, saibam agir de modo a que “Cahora Bassa”, em termos de significado real, seja efectivamente nossa! É “Cahora-Bassa”, é o gás, são as areias pesadas, é o enorme espaço agricultável, provavelmente o petróleo, etc. Basta ter “cabeça” e “olhos”!
Cá entre nós: a participação de Moçambique na Cimeira da ONU poderá trazer uma nova abordagem de desenvolvimento ao País, isto é, poderão vir a ser criadas novas estratégias de redução da pobreza, da fome, da mortalidade materna e infantil, da doença, da resolução do problema da habitação, da problemática do género e da degradação ambiental. Passe a mensagem, por favor.

Fonte: SAVANA - 24.09.2010 in Diário de um sociólogo

3 comentários:

  1. Cá entre nós: a participação de Moçambique na Cimeira da ONU poderá trazer uma nova abordagem de desenvolvimento ao País, isto é, poderão vir a ser criadas novas estratégias de redução da pobreza, da fome, da mortalidade materna e infantil, da doença, da resolução do problema da habitação, da problemática do género e da degradação ambiental.
    Era so isso que esperavamos a O N U e nao do nosso governo. e seus governates corruptos.

    marvin

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  2. E o Presidente, que o povo o elegeu para zelar pelos seus direitos e representar os moçambicanos neste tipo de encontros, decidiu repousar em casa, acompanhado do seu habitual wisky. Por isso que não vamos para frente.

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  3. Novas estratégias uma ova! Faz uma eternidade que oiço falar de estratégias que infelizmente não resultam em nada até que já não sei oque isso significa.

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