Por Salvador Raimundo
ALICE é de uma impressionante coragem. Esta mulher da Liga dos Direitos Humanos (LDH) diz mesmo que ter apenas cinco alices em Moçambique não significa absolutamente nada para as aspirações dos moçambicanos mais sofridos, injustiçados e espezinhados.
Alice Mabota diz ser necessário que no País todos sejam as alices, para que o poder político seja finalmente destituído, por já não fazerem sentido as vãs promessas periodicamente feitas em campanhas eleitorais.
Sem papas na língua, Mabota diz mesmo que o eleitorado moçambicano tem sido traido no momento da tomada de decisões, à custa de uma simples capulana ou de uma camisete.
Depois da votação, este mesmo eleitorado é atirado à miséria, acabando por se arrepender.
Sugere que o levantamento popular do 5 de Fevereiro de 2008 foi uma lição bem dada ao poder político, e parece alguma saudade estar a invadir esta líder humanista em Moçambique, quando a dado momento se refere à necessidade (?) de se reeditar um acontecimento semelhante à escala nacional, um acto que poderia aparecer em uníssono no Sul, Centro e Norte do País.
Garante que os processos judiciais que têm sido reclamados como tendo sido atendidos pelos tribunais, nomeadamente pelo Tribunal Supremo, não passam de uma falsidade, pois uma boa investigação acabaria por mostrar que a esmagadora maioria de tais processos envolve figuras de nomeada, escolhidas a dedo para serem atendidos, em detrimento dos do Zé Povão... do pé descalço.
Esta mulher, Alice Mabota, continua igual a sí, contrariando algumas teses que davam como certo o recuo dela em
atacar alguns dos assuntos candentes em Moçambique.
Sobre isso, a Presidente da LDH deu a entender não ter receio nenhum, pois está consciente de que o seu destino pode se assemelhar ao que se passou com o economista Siba Siba Macuácua, cujo assassinato ocorreu há pouco mais de nove anos, no edifício do Banco Austral, para onde havia sido enviado pelo Banco de Moçambique.
Estes, e se calhar outros tantos desabafos da líder, foram produzidos durante um debate televisivo ocorrido semana
passada, em Maputo, a-propósito da passagem dos nove anos após o assassinato de Siba Siba Macuácua.
A maioria dos telespectadores que telefonou ao Programa deixou no ar o apoio incondicional a esta mulher, lamentando que não haja mais gente como ela. Ela foi ripostando mais ou menos ao tom de que não se deve ser cobarde quando se pretende atingir um determinado fim. Em todas as lutas se deve avançar com a certeza de triunfar, apesar de se reconhecer um fracasso pelo caminho. Cá está Alice Mabota, sempre interventiva e de uma veia guerrilheira. Caraça!
Fonte: Expresso in Diário de um sociólogo - 16.08.2010
Mulher com M maiúsculo - esta nossa Alice...
ResponderEliminarAplaudido!!!
O povo moçambicano contenta-se com as camisetes e capulanas, depois volta o disco e toca o mesmo, para infelicidade de todos.
Por isto, continuo afirmando que a melhor aposta que um governo pode fazer é na educação do seu povo e num sistema de saúde nacional, que o resto, meus irmãos, vem mesmo por acréscimo. Acredito que este governo não tem interesse nisso, pois os 'analfabetos' podem abrir os olhos e votar com mais sabedoria e reflexão.
Maria Helena
Cara Maria Helena
ResponderEliminarConconcordo consigo quanto ao povo educado, mas alguma coisa me chocou/a. Afinal, a proliferacão do pseudo-ensino superior em detrimento de um ensino básico para todos, isto é, erradicacão do analfabetismo em Mocambique é um dos meios para se atingir um certo fim...
A escola por onde Alice Mabota passou precisa-se para que muitas Alice se formem...
Reflectindo, ditto
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