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segunda-feira, junho 07, 2010

Governo moçambicano e Embaixada dos EUA contradizem-se sobre o “caso MBS”

“O Governo moçambicano não tem e nunca teve conhecimento sobre o narcotráfico praticado pelo empresário Mohamed Bachir Sulemane.” – vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Henrique Banze “O Governo dos EUA está em comunicação regular com o Governo moçambicano sobre este caso, e encoraja todos os países a tomarem a sério as designações dos barões da droga e a realizarem as investigações ou outras acções que considerarem adequadas.” – comunicado da embaixada dos EUA

O Governo moçambicano abordou, pela primeira vez, o caso da designação do empresário moçambicano Mohamed Bachir Sulemane, como “barão da droga”, pelo Departamento do Tesouro dos EUA. Embora a ocasião não fosse para isso, o ministro do Interior, José Pacheco, e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Henrique Banze, aceitaram responder às questões de jornalistas sobre o caso. Henrique Banze disse que o Governo nunca foi abordado pela sua congénere norte-americana sobre o assunto, e que tudo quanto sabe foi através da imprensa. Esta informação é contraditória com a que foi divulgada pela embaixada dos EUA em Maputo, segundo a qual, “o Governo dos EUA está em comunicação regular com o Governo moçambicano sobre este caso”.
Foi à margem da assinatura de um acordo de cooperação entre o Governo e representantes dos EUA que o assunto foi abordado pelos governantes. Henrique Banze considerou que a designação de Bachir como “barão da droga” é uma “acusação preocupante e grave” para Moçambique, alegando que “está em jogo a boa reputação do país no sistema internacional, dado que Moçambique assinou algumas convenções internacionais sobre combate ao tráfico de droga”.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação disse que, neste momento, “Moçambique poderá ser mal visto pela comunidade internacional”, por isso há necessidade de investigar o caso com a maior urgência.

Já foi indicada uma equipa para investigação

Segundo um comunicado da Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público já designou uma equipa da Polícia de Investigação Criminal (PIC) para iniciar a investigação do suposto envolvimento de Bachir no tráfico de droga e em lavagem de dinheiro. Esta é a hipótese que já tinha sido adiantada ao Canalmoz por uma fonte governamental, no mesmo dia em que o comunicado da Casa Branca começou a circular na imprensa nacional e estrangeira.

Pacheco diz que Bachir tem cadastro limpo

Por sua vez, o ministro do Interior, José Pacheco, disse, na mesma ocasião, que “não há incidências que indiquem envolvimentos do Bachir no mundo do crime”. Pacheco revelou que decorrem investigações internas para apurar a veracidade da informação posta a circular pela presidência norte-americana, sem precisar se a investigação em causa é feita em colaboração com o Governo dos EUA.

Embaixada dos EUA diz que o Governo está a par de tudo

Por sua vez, a Embaixada dos EUA emitiu um comunicado na mesma sexta-feira em que o Governo abordou o caso, informando sobre a recepção da carta de Bachir a requerer audiência com a embaixadora norte-americana em Moçambique, Leslie Rowe. “Após a recepção de informações dos representantes do Departamento do Tesouro, a Embaixada respondeu ao Sr. Sulemane, incentivando-o ao mesmo tempo a estar em contacto directo com o Departamento do Tesouro para prestar qualquer informação que julgar pertinente, e para obter detalhes completos sobre o processo de recurso previsto pela lei”, lê-se no comunicado, que, entretanto, diz que o Governo moçambicano está a par de tudo.
“O Governo dos EUA está em comunicação regular com o Governo moçambicano sobre este caso e encoraja todos os países a tomarem a sério as designações dos barões da droga e a realizarem as investigações ou outras acções que considerarem adequadas”.
Por outro lado, a Embaixada norte-americana em Maputo diz que “está a organizar uma oportunidade para os membros dos meios de comunicação poderem falar directamente com um representante do Departamento do Tesouro para mais esclarecimentos, que será anunciada oficialmente quando os detalhes forem finalizados”. (Borges Nhamirre e António Frades)

Fonte: CanalMoz - 07.06.2010

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