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sexta-feira, junho 11, 2010

Departamento do Tesouro promete trabalhar com as autoridades moçambicanas

Para o esclarecimento do “Caso MBS”

- os americanos negam que, nalgum momento, tenha sido retirado nome de um traficante na lista de nível 1, onde consta actualmente Momad Bachir e mais 4 outros supostos traficantes mundiais - ao que parece, o governo moçambicano continua a fazer jogo de cintura em relação ao caso, o que sugere, para alguma opinião pública, a existência de guerra de opinião em relação ao posicionamento a tomar.

O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou quarta-feira que está disponível a ajudar as autoridades moçambicanas a esclarecer o processo administrativo que envolve Momad Bachir Sulemane na lista dos cinco “barões de droga” ao nível mundial, referente ao ano 2010.
Reiterando que o Departamento do Tesouro estava na posse de “evidências suficientes” em relação a acusação que sobre Momad Bachir pesa, Adam Szubin, Chefe do Gabinete de Controle de Bens Estrangeiros dos Estados Unidos da América, garantiu que qualquer apresentação de prova sobre o envolvimento do “empresário de sucesso” moçambicano no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, só poderá ser feito em fóruns apropriados. No caso concreto, tais provas poderão ser partilhadas junto das autoridades moçambicanas, caso haja uma solicitação para o efeito, ou então, poderão ser apresentadas nas instituições de justiça, caso Momad Bachir assim o exija.
Sem referir exactamente a que níveis, o responsável americano, no âmbito da boa relação que tem com o governo moçambicano, avançou que contactos já foram feitos no sentido de melhor esclarecimento em relação em relação a este caso, como forma de ajudar o país a combater eficazmente o tráfico internacional de drogas.
“Iniciamos contactos com o governo moçambicano, com o qual vamos trabalhar nos próximos dias, pois é do nosso interesse ajudar no que for necessário neste caso”, disse Szubin, em vídeo-conferência, directamente de Washington, para a imprensa moçambicana.
Contrariamente ao que vinha sendo reiterado por alguns membros do governo moçambicano, Szubin assegurou que as autoridades de Maputo estavam a par sobre o processo, escusando-se, contudo de “comentar o nível de informações entre a diplomacia” dos dois países.
De acordo com a fonte, os bancos norte-americanas estão fechados para o grupo MBS (e representantes) e todos os seus bens ou valores que entrem nos EUA, seja por via directa ou de parceiros, tal como determinam as sanções aplicáveis para casos do género.
Ao que se sabe, maior parte das transacções internacionais de avultados valores em moeda americana passam (via Nova Iorque) facto que, segundo se diz, facilita a investigação do departamento americano de combate ao tráfico de drogas.

Fórum civil e administrativo

O Departamento de Tesouro salientou que o processo envolvendo MBS é apenas de fórum civil e administrativo e o indiciado pode, caso assim o deseje, recorrer a uma instância judicial americana para contestar e “nós vamos apresentar as provas e evidências que temos”, disse Szubin, respondendo às dúvidas levantadas, sobre as razões de aplicação de sanções sem processo jurídico.
De referir que segundo as acusações de Washington, MBS está envolvido há alguns anos no tráfico de drogas, nomeadamente, heroína, cocaína e marijuana, daí que “já foi mencionado por muitas pessoas de vários países”.
O posicionamento do Departamento de Tesouro continua a ser “mal” interpretado ao nível de alguns círculos de opinião pública nacional, sobretudo pela não apresentação pública de provas ou indícios.
Para ver o seu nome limpo e retirado da lista de “barões da droga”, Momad Bachir deve enviar uma petição ao departamento exigindo provas do seu envolvimento e rebatendo estas mesmas provas. Ou então, deve renunciar a sua participação do tráfico internacional da droga e lavagem de dinheiro.

Nenhum nome caiu

Entretanto, o Departamento do Tesouro dos EUA nega, por outro lado, que nalgum momento, tenha sido retirado um nome da lista de barões da droga da categoria 1 (nível1). A explicação, segundo os americanos, é que é impossível que um barão de nível 1 consiga contraprovar as provas que o Departamento tem.
Por outro lado, estes traficantes estão enraizados no negócio daí que é, praticamente, impossível renunciarem a sua participação.

Momad Bachir chora

O acusado continua a declara-se, como fez, desde a primeira hora, inocente em todo este processo e acusa os americanos de terem como única intenção, sujar o seu nome e destrui-lo do mundo empresarial.
Logo depois da conferência de imprensa, que decorreu na tarde desta quarta-feira, Bachir verteu lágrimas diante das câmaras da televisão pública nacional (TVM), jurando que, por ser inocente, os americanos nunca conseguiriam apresentar provas contra ele.
Acompanhado pela família, Bachir, reiteradamente e em choros dizia: “Queriam destruir-me, mas sempre pensei em Deus. Eu sempre disse a minha família que a verdade virá ao de cima. Queriam tirar o meu filho da escola americana”- referiu para depois dar a conhecer o comportamento dos lojistas que alugam espaços no Maputo Shiopping Centre, mega centro comercial (o maior do país) de sua propriedade, recentemente inaugurado.
“Os lojistas que estão no Shopping já estavam a informar que queriam abandonar e fechar os seus estabelecimentos, inclusive os bancos estavam a dizer me para retirar dinheiro” - disse.
A construção do hipermercado custou, segundo se anunciou na altura, cerca de 34 milhões de dólares americanos. Momad Bachir, juntamente com a família, é proprietário de outras várias lojas espalhas pela cidade de Maputo.
Na lista das acções sancionatórias do governo americano estão todos os empreendimentos pertença e geridos por Momad Bachir, família, parceiros e representantes.

Governo moçambicano

Embora tenha já, publicamente, e de forma isolada aparecido alguns dirigentes do governo moçambicano a pronunciar-se em relação ao caso (a maioria a duvidar na veracidade das conclusões americanas), em termos oficiais, o Governo moçambicano ainda não se pronunciou em relação ao caso. Para alguma opinião, esta situação resulta de dispersão de opiniões no seio do próprio governo, onde uns defendem a necessidade de avançar com investigações sérias e outra ala prefere levantar questionamentos sobre a legitimidade americana de “sujar o nome do país”. Algo tipo patriotismo e auto estima.
Sobre sujar ou não o nome da República de Moçambique e sua gente, os americanos entendem que o objectivo da sua decisão não é no sentido Estado-Estado, mas sim Estado-cidadão. Assim, justificam eles (americanos), a decisão tomada visa proteger o país e o mundo em relação as acções de tráfico de drogas e a influência das suas operações na instabilidade dos países. (Redacção)

Fonte: MediaFax in Diário de um sociólogo - 11.06.2010

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