Moçambique dispõe de reservas internacionais líquidas de 1,3 mil milhões de euros, capazes de pôr o país a funcionar durante 5,5 meses, mesmo perante o atraso dos doadores no desembolso dos apoios, informa o Banco de Moçambique.
Contrariamente ao que tem sido habitual, os doadores ainda não disponibilizaram os apoios ao Orçamento Geral do Estado, prometendo fazê-lo a partir de Abril.
A comunicacão social moçambicana tem referido nos últimos dias que os doadores condicionam os seus desembolsos a um compromisso do Governo em matérias como reforma da legislação eleitoral, aprovação de uma lei sobre conflito de interesses e despartidarização do Estado (o sublinhado é meu).
Confrontado pelos jornalistas sobre a capacidade do Governo de sobreviver sem o apoio da comunidade internacional, o governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, afirmou que "o país está a funcionar normalmente através de duodécimos e de recursos internos.
Os investimentos e despesas que era suposto realizar a esta altura do ano estão a ser feitos". Gove enfatizou no entanto que os recursos internos precisam de "ser suplementados" com as ajudas externas, para que se alcancem os principais objectivos, principalmente o combate à pobreza.
Nessa perspectiva o Governador do Banco de Moçambique considerou o diferendo com os doadores "perfeitamente ultrapassável", antevendo "um entendimento".
Fonte: Rádio Mocambique (10.03.2010)
Reflectindo:
1. Para alguns se o país tem dinheiro para 5,5 meses para sobreviver sem apoio da comunidade internacional é muito, mas para mim (ainda bem que não sou economista) isto é grave para um país independente e soberano há já mais de 34 anos. É ainda grave para um país que nos últimos 17 anos se beneficiou muito da ajuda externa e há cinco anos se beneficiou de alívio da dívida externa. Por tudo isto, não acho ter havido alguma prestacão de contas ao povo moçambicano e agora sabemos que só podemos sobreviver em 5,5 meses. Não estamos perante uma prova da tese de James Shikwati e Dambasa Moyo? Penso que nós mocambicanos precisamos de saber em que coisas fúteis que expende o dinheiro, tanto as receitas nacionais como as ajudas externas. E será que não sabemos?
2. Um outro aspecto, é sobre a despartidarizacão do Estado, afinal o que a Frelimo tem medo ao não largar o osso, isto é o Estado? No seu documento ao G19, assinado por Aiuba Cureneia, o governo da Frelimo não toca esta problemática que está a criar um mal estar entre os moçambicanos e que ultimanente foi atiçado pelos discursos de Filipe Paúnde e Itai Meque.
3. Mais um aspecto que julgo não ter nada a ver com a lei eleitoral é o facto do silêncio quanto aos crimes eleitorais por um lado. Por outro, as trafulhices da CNE e mesmo do Conselho Constitucional que foram sem dúvidas engendradas pelo partido no poder não foi por lacunas na lei eleitoral. Nós que não somos juristas sabíamos interpretar a actual lei que os juristas ligados ao poder. Porquê? E porquê será que o Conselho Constitucional veio a dar-nos (nós leigos a lei) razão, veio dar razão ao Observatório Eleitoral só depois de consumado as pretensões? Será desta vez (quando reformada) que se respeitarão os princípios democráticos.
De facto, uma pergunta que alguem ja colocou num dos blogues e que o Reflectindo tambem coloca:
ResponderEliminarO que e que a Frelimo teme em atender as intencoes dos doadores?
Eu pessoalmente nao vejo nada de anormal nas suas exigencias. Tudo o que eles exigem e legitimo e oportuno.
O que a Frelimo teme?
Nao esta aqui a confirmacao da tese segundo a qual a Frelimo nao sobrevive sem o Estado? Sem os recursos do Estado?
Se nivelarem o campo de jogo, a Frelimo vai ser goleada.
Goleada como o FCP , ontem em Londres!
ResponderEliminarA classe média e alta moçambicana está so interessada no seu nariz.
desde que a Frelimo lhe "mantenha" o cheiro, eles pagam as quotas!
Se mudar para o MDM ou Renamo..é a mesma coisa...desde que se CHEIRE!!!
Avizinham-se tempos difíceis.
ResponderEliminarRuína e descalabro social-económico-financeiro em Moçambique.
Acredito que não haja alguém com interesse de criar desestabilização em Moçambique, que pode custar em 10 dias de problemmas sociais internos, o triplo do valor de OGE.
PR AEG será o responsável...porque soluções não faltam...uma delas simplíssima...simplíssima...como 4 e 4 são 8...
nomear três ou quatros altos cargos, para elementos da Oposição..i.e.um vice-m, 2governadores, sec premanente,ou outros altos cargos da função pública, bem como em algumas empresas top 20.
Teimosia não leva a lado nemhum...
já houve provas no passado, em ter o Chissano mantido mais seis anos de guerra civil após a morte de Samora Machel ...
questão de bom senso, naõ questão de soberania ou política...respeitar a miséria do povo, é importante...aumentá-la será caótico...já se vê, polícia em Tete, não se pode deslocar...
Quem irá manter a ordem publica, se começar a haver desacatos?
É um grande enigma porque o Governo não mostra que tem empenho em aceder às exigencias do G-19. Como a posição do Governo não faz sentido, pois as exigencias são razoáveis, só podemos especular. Não tenho dúvidas que a maioria dos moçambicanos quer a revisão da legislação eleitoral, quer eleições justas, livres e credíveis, e quer o fim da partidarização da sociedade e dos conflitos de interesses. O Povo também quer mais transparencia, reformas no sistema judicial e empenho no combate à corrupção. Este braço de ferro pode significar que o Governo não está interessado na resolução dos problemas que afligem a sociedade e que a Frelimo tem medo de perder previlégios.
ResponderEliminarEste eh o inicio do fim do partido frelimo. O pais esta comecar entrar em crise financeira. O combustivel vai tornar-se caro, o metical a desvalorizar-se face ao dolar e ao rand, os precos dos produtos basicos subirem. Todas condicoes para o pais comecar a arder. E os doadores tem toda a razao em exigir tais condicoes.
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