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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Filipe Paúnde: a Frelimização das instituições públicas vai acelerar

Filipe Paúnde anunciou numa conferência de imprensa em Nampula, leia aqui, a continuação e o aceleramento da frelimização das instituições no país. Nessa conferência de imprensa, Paúnde, na foto, esclareceu sobre os períodos de frelimização e desfrelimização da função pública, o que coincide com o que tenho explicado, embora sem eu precisar dos congressos da Frelimo. Neste Reflectindo e noutros blogs tenho procurado esclarecer sobre o processo aos que acham que a partidarização (frelimização) das instituições públicas não tenha nascido hoje, mas que vem de há muito e que nunca tenha cessado. É que na verdade, embora Filipe Paúnde fale de a frelimização das instituições públicas se ter anulado no VI congresso da Frelimo, ela começara a desaparecer ainda nos princípios da segunda-metade da década 80.
De que dependeu naquela altura a desfrelimização das instituições públicas? Teria sido a queda do muro de Berlim? A Nova Constituição da República? A guerra civil movida pela Renamo? Ou um outro factor?
Filipe Paúnde diz que a frelimização das instituições públicas foi reintroduzida no IX Congresso realizado de 10 a 14 de Novembro de 2006. Mas será realmente a partir dessa data que as células da Frelimo reapareceram nas instituições públicas? Só quem se guia pelas patranhas da Frelimo poderá dizer que sim. Paúnde conhece bem a história da Frelimo embora se esforce para desencaminhar os incautos. A frelimização das instituições públicas já vinha decorrendo muito antes do congresso e a preocupação entre os funcionários públicos era maior. Na adição de 22 de Junho de 2006, antes do IX congresso da Frelimo, Edson Macuácua confirmara ao Canal de Moçambique em ter células da Frelimo em instituições do Estado, confira aqui.
Não é coisa difícil de provar e voltarei ao tema para desmentir Paúnde, segundo às suas afirmações, a frelimização e desfrelimização das instituições do Estado dependa dos congressos da Frelimo. Esta afirmação em si, leva aos mais atenciosos a questionarem sobre o verdadeiro regime político de Moçambique. Um regime democrático disfarçado? O que “ressuscitou” a frelimização destas instituições? A fragilidade da Renamo? A fragilidade da oposição em geral? A ascensão de Armando Guebuza ao poder da Frelimo? A um outro factor?

No encontro com Armando Guebuza, chefe de Estado e presidente da Frelimo, Daviz Simango, presidente do MDM apresentou como uma das maiores preocupações a partidarização das instituições públicas. Será que a resposta já vem de Filipe Paúnde, secretário-geral da Frelimo?

Adenda: há reacções sobre este tema (os pronunciamentos de Filipe Paúnde) aqui no Diário de um sociólogo e aqui no Moçambique para todos.

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