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terça-feira, novembro 03, 2009

A propósito dos pirómanos de ocasião


Por Ricardo Santos*

Maputo (Canalmoz) - Trocando por miúdos... e para que todos entendamos de uma vez o porquê dos resultados eleitorais tão desnivelados, nos quais a abstenção se destaca novamente como o partido mais votado e que estamos a receber a conta-gotas.
Estas eleições de 2009 assemelharam-se a um torneio de futebol todos contra todos com três equipas: uma juvenil, uma sénior e uma de veteranos. Para agravar, os árbitros de todas as partidas, eram também os treinadores da equipa sénior. Além disso, os patrocinadores nacionais e internacionais apoiaram exclusivamente uma equipa: A Sénior. Excusado será dizer que os melhores executantes eram também da equipa sénior. Obviamente.
Naquilo que é um insulto à inteligência do espectador, até a FIFA enviou observadores para "avalizar" os jogos de um campeonato interno e, como as regras da bola nunca estiveram em causa, então o importante foi registar que o espírito e a letra dos ideais da FIFA, quiçá Olimpicos, jamais foram postos em dúvida. Isso é o que interessa. The show must go on, see you on 2014, Mac!
Pois claro, os que foram ver os jogos, já sabiam quem iria vencer o torneio. E só lá foram por crença genuína (ou postiça), não se importando de – uma vez mais - dar o seu tempo e dinheiro mal empregues. Impossível seria vermos os juvenis a conquistarem o caneco. Numa partida de 90 minutos, perante séniores, a condição física revelou-se no factor mais importante, logo após os primeiros 15 minutos da partida. Por muito talentosos que mostraram ser os jovens contendores.
Quanto aos veteranos, esses ficaram sempre confinados na sua grande área, num salve-se quem puder desajeitado...com pontapés para o charuto (ou seria cachimbo?!), num longo chuto esclerosado para alvos imaginários, afinando a pontaria nos holofotes do estádio, um feito notável, sem dúvidas, porém inútil. Pois é, a idade não perdoa... mais vale agora pensar em escrever suas memórias e perpetuar os louros dum passado cada vez mais remoto. Isto é, se forem capazes de tal feito... Porque ainda se arriscam a ter o mesmo destino de um certo Jonas, o tal, que foi engolido. Mas não por uma baleia.
Imaginemos agora se o nosso MOÇAMBOLA começasse a ser jogado nos mesmos moldes, valeria a pena continuar a ir ao futebol?!, diga-me, caro Leitor.

*Analista de Sistemas

Fonte:  CANALMOZ (2009-11-03)

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