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quarta-feira, novembro 04, 2009

ELEIÇÕES COM SABOR A POUCO, VITÓRIA TAMBÉM COM IGUAL SABOR


Por Noé Nhanthumbo

FINALMENTE A MORTE DE ALGUNS POLÍTICOS DE PACOTILHA?

O que se queria era manter o poder e isto virtualmente foi conseguido. Num jogo de desiguais em que uns claramente estavam logo a partida beneficiados, os resultados que vão sendo anunciados não fogem do que se podia esperar numa situação dessas, ou numa situação como a que as forças políticas do país foram produzindo ao longo dos últimos meses.
Infelizmente a maioria dos partidos políticos moçambicanos ainda não se deu conta de que política feita sem o povo na agenda resulta em tudo menos a realização dos ditos objectivos programáticos anunciados ao público.
A morte anunciada de alguns políticos como Raúl Domingos, Sibindy, Mabote e Massingas, suas faunas acompanhantes, cujo percurso histórico parece já delineado e percorrido, vão ditar a clarificação do panorama político nacional.
Muitos dos que se diziam políticos e que até chegaram a criar partidos polítidos nada mais fizeram do entrar num projecto de curta duração com vista a angariar fundos governamentais disponibilizados aos partidos políticos concorrentes às eleições. E ao nível local foram mobilizando gente de igual natureza, de poucos escrúpulos, para montar uma máquina de ludibriar os moçambicanos. Gente que no mundo dos negócios é conhecida como vigarista como pode ser política com credibilidade? Gente que foi expulsa do emprego por roubo como pode parecer mobilizando pessoas? Gente de moral baixa, relações humanas duvidosas aparecendo como membro de topo de um partido político não ajudam a credibilidade desse partido.
Quando logo que são eliminados ou excluídos do processo de candidatura pela CNE, voltam-se para o partido no poder e começam a discursar que nem padres da mesma congregação, só se pode dizer que estamos perante tudo menos partidos políticos. É tudo um processo muitas vezes longo dependente do grau de cultura política, educação formal e situação económicafinanceira dos políticos em presença. Sabemos que definitivamente muitos dos políticos que temos pensam pela boca. Toda a falta de dignidade mínima que se verifica por parte de gente como Sibindy e outros líderes políticos que só aparecem em momento de eleições, mostrando claramente uma tendência tribal de orientação política, caracterizaram o voto em quase todo o sul de Moçambique. A estratégia de beneficiar alguns naturais do centro-norte com cargos e benesses comprou uma obedinêcia a prova de qualquer terramoto político.
Engana-se quem pensa que o factor tribal não tem sido determinante em todos estes anos de muiltipartidarismo.
Engana-se quem pensa que os dinheiros que mudaram de mãos, o acesso ilimitado aos cofres do estado não influiram directamente na maneira como muitas pessoas votaram.
Quantos milhões de meticais se gastaram dos cofres do estado em combustível para viaturas do estado e privadas utilizadas na campanha da Frelimo?
Quanto se pagou em hospedagem, alimentação, bebidas, aluguer tudo e mais alguma coisa durante a campanha eleitoral para as centenas de funcionários superiores que se deslocaram as diferentes províncias em nome da campanha eleitoral? Quanto dinheiro foi utilizado pelo aparato de segurança do PR, esposa, ministros, governadores, directores nacionais em nome da campanha?
Os que se diziam opositores afinal logo que lhes “meteram a xuxa na boca” calaram-se. Em paga do “saborosa xuxa” (dinheiro, não tenham dúvidas) começaram logo a elaborar discursos favoráveis ao candidato do regime no poder e a pintar os outros opositores de inexperientes e incapazes. Este cenário que se vive nestas primeiras horas após a votação tem a virtude mostrar quem é quem em Moçambique.
É preciso lutar-se com todas as forças para eliminar definitivamente do panorama político nacional toda a corja de políticos que mostraram aos moçambicanos uma triste figura de mercenários e oportunistas. Ladrões de consciência, comerciantes de vontades, cobardes de escritório ambulante, vão ser forçados a abandonar a cena política porque não merecem o nome de políticos.
As eleições passaram, os resultados vão ser contestados por uns e aceites por outros. A comunidade internacional como é do seu interesse vai se calar e dizer que tudo está normal. Os moçambicanos aprenderam mais uma vez alguma coisa.
Democracia vai acontecer algum dia... desta ganhou o músculo financeiro militar segurança.
Mas jamais será aquele Moçambique a que estavamos habituados...

DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 03.11.2009, retirado do Moçambique para todos

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